30.12.07

pra colorir sua retina... pra preparar a alma...

eu estou tão cismada em fotografia que ando não pensando em mais nada... LITERALMENTE! encontrei um fotógrafo que tira foto do jeito que eu gosto, Michael Muller. as fotos dele são tão deliciosas e cheias de texturas que você consegue imaginar estar perto do objeto a ser fotografado... pra terminar o ano de 2007 com algo que - pelo menos - encha os olhos, vou deixar vocês com algumas imagens, que preparam a alma...

***


Ladies and gentlemen! Mr. Michal Muller com Patricia Arquette, Leonardo DiCaprio, Red Hot Chili Peppers, Drew Barrymore, Ethan Hawke e Joaquim Phoenix...











***


18.12.07

começo a carta com "oi, tudo bem?"

tá frio, tá cinza.
.
e esses pensamenteos vem assimtudojuntonaminhacabeça.
.
é quase natal, tenho duas meias penduradas na nossa meia janela, uma que ele comprou pra mim, outra que eu comprei pra ele.
.
mutantes tem tocado com muita frequência nos meus novos speakers com uma caixa específica pro baixo e os casacos pesados tem me feito leve...
.
a neve?
.
aqui não tem!
.
mas os sonhos já estão cobertos daquela camada fina de flocos que caem assim que os olhos começam a investigar... "onde foram parar as minhas luvas?".
.
as luvas tem lugar cativo no bolso direito, a chave no canto com zíper dentro da bolsa, a bolsa pendurada no gancho de penduricalhos na porta, a porta no prédio verde musgo nojento da wilcox, a rua no meio de um mundo de coisas inexplicáveis acontecendo...
.
eu vivo num mundo de coisas inexplicáveis acontecendo e eu sei, é natal e está cinza mas meu querer é tanto que chove com cheiro de chá de rosas e me deito, com olhos de mar sem fim...



***

12.12.07

"o colin farrell !!!!"

duas garotas vão ao cinema...
elas choram quando o amor da vida dela morre, elas choram quando o amor da vida do morto, morre...
elas tiram fotos de borboletas nas calçadas.
sentam nos degraus da onde não devem estar e bebem café como se fosse água...
elas passeam pelas ruas a procura do jantar perfeito...
duas garotas conversam sobre atores,
seus pares de braços perfeitos,
seus olhos ferozes,
indomáveis,
seus lábios inteiros,
costas largas e sorrisos arredios,
sobre suas mulheres...
duas garotas tiram o dia pra deixar o dia tirar uma com a cara delas.
enquanto isso, de uma banca de jornal sai um daqueles caras de quem elas tanto falaram...
uma olha pra outra
-gargantas secas-
e as duas de repente sabem o que fazer!
correm pra frente do carro dele e fazem com que ele olhe para os casacos coloridos, sorrisos delicados e cabelos ao vento, nenhuma loira pra ele admirar, apenas duas morenas com pele de porcelana e lábios de boneca...


o barulho do motor contrasta com a respiração afobada.


o sinal fecha.

o berro iminente atravessa a avenida...


...

7.12.07

vai...


vai ver minhas fotos, vai!

4.12.07

a pergunta, continua...

o quieto, o menos, o ciclista e o emburrado, o colorido, o intenso, o bruto e o inconveniente... o desligado... todos tocam o tempo inquieto na sala. a música e as vozes risonhas procurando, jogando no vazio iscas, buscando alguém que as morda... eu que não... eu que não quero morder nada, ouvir, pensar em nada. a televisão, o jogo, quem quer e quem não quer, o que coça a barba, coçando a barba e ele não para, o trem desendo a escada, a cor amarela da cozinha, a cozinha que eu não consigo manter arrumada... a gola da minha camisa tão linda, a única coisa de que eu estou orgulhosa - agora. a minha foto na tela dele. as mãos enormes, dele. uma das únicas coisas de que me orgulho - sempre. o bêbado, a cor ver...melha.a abelha... a janela que está sempre aberta, a cor vermelha. buddy ritchie tocando horror na tela dele. campanhas vazias, sem som a televisão não dá trégua, a trégua não vinga, a guerra... continua, na rua todo mundo... continua... enquanto eu também, continuo... pra onde? vou pro meu quarto, ligo o computador, o edredon me chama, mas a cabeça deitada no travesseiro pensa, mais do que devia.


o mundo, ainda gira?

***

1.12.07

diante dela

o quarto estava meio escuro,
as mãos escondidas nos bolsos da jaqueta.
o pano fino das calças não aqueciam,
o cheiro era de livro velho,
largado em cadeira vazia...
ele vinha com o tempo de
quem não teve tempo de trocar de paletó
e sua barba não era aparada há alguns bons anos
- mas que beleza! -
ela dizia,
o dia escurecia rápido,
lá fora chuva
como ninguém via
fazia mais de uns trinta dias...
os pés param, diante dela, a barba parou, diante dela,
a voz enfureceu, diante dela,
as mãos dialogaram, diante dela,
entre suspiros ele contou causos
diante dela,
e ela entendeu ali,
diante dela mesma,
o sol surge entreatos, diante dela.


25.11.07

i believe in jolie



20.11.07

wild horses, will we ride them someday?

é bem assim, é.. como vou dizer? assim pra mim...
é, eu sei que nunca realmente tentei
e eu não tenho muita idéia do bem que eu poderia fazer...
como eu posso dizer?
é assim especial pra mim, assim pra mim do jeito
que é pra você o que te faz feliz de tanto
que te fez sofrer,
como eu posso dizer?
é bem assim, que quando você sente falta dessa coisa,
faz arder os olhos e as feridas - as visíveis
e as escondidas - e te toma o fôlego como bala
que toma o hálito, como fogo que toma a casa,
as roupas e as fotografias... é um tipo de dor
que seca a mordida, que molha as palmas das mãos,
o meio das costas, que põe a prova toda a vida
que borbulha nas suas veias, é sim uma delícia,
uma sensação tão única que desaprova qualquer regra
e contribui pra que visão seja mesmo só opinião,
faz com que tudo vire filme... filme que no fim
te faz esquecer de enteder...
afinal o que é importante é o que é pra ser...
.

é assim pra mim, tudo isso inexplicável e faz tanto tempo
que não a sinto, essa dor que de tão minha
se locomoveu com o vento
quando eu parti da minha terra,

quando cada grão de areia do meu quintal
se misturou com cada lágrima perdida desse arsenal...
cade? o que sinto se perdeu e eu assim, tento explicar
o que isso faz de mim,
o que essa vontade e essa dor é apesar de não ser
e não querer nunca ser
descoberta ou tratada como dom...

.
é nada e é tudo e é tão tudo que não sei manter...

14.11.07

we will dream together...

a world of peace, no blood.



*essa parede foi toda pintada no dia depois que eu tirei a foto...
n. cahuenga, entre sunset blvd e selma. Los Angeles, 13 de novembro de 2007...

vinte e três... say it again!



sentei aqui - não literalmente 'aqui', porque o 'aqui' nada mais é do que um 'espaço' na 'internet' que funciona como uma rede de éter, portanto não há um 'aqui' ou 'ali' dentro desse emaranhado de 'fios' que interconectam pessoas por todo o mundo -, na frente do computador e escrevi por alguns poucos vinte minutos - poucos porque eu acho triste quando demoro muito pra escrever qualquer coisa, então preciso acreditar que foi rápido - e escrevi detalhadamente como foi o meu dia 13 de novembro de 2007 nessa nova cidade e com essa nova vida que estou levando. mas é claro (leia cla-a-a-aro), apaguei tudo assim que reli pela primeira vez. 'o que é isso alice? diáriozinho? autoafirmação? preguiça de ser quem é e escrever com todas aquelas viagens de textos alucinados e perturbados em que está acostumada a se expressar? qualé!?'... decidi simplesmente explicar que agora, no... - leia com voz de narrador de filme - alto dos meus vinte-e-três anos - sai a voz de narrador de filme - nada em mim mudou, a não ser o espaço geográfico, as preocupações e a língua que preciso usar pra me expressar diáriamente e que às vezes me faz relembrar o quanto eu achava que sabia! o meu treze de novembro foi assim, repleto de canções jazzísticas de queen latifah e nina simone, mini barras de hershey's pra todo mundo que trabalha comigo, ligações inesperadas e fofas que me fizeram chorar, batatas fritas com queijo, amigos recém-descobertos querendo me fazer feliz, recadinhos no orkut e no msn que também me fizeram chorar e café! café, café, café , café... encerrando com uma baita dor de cabeça e um amorzinho de esquilo me carregando pra cama...




8.11.07

isso existe?

A luz está baixa...
O tempo lá fora está pra estar aqui dentro,
O som também toca daquele jeito que faz a gente querer ficar...
O cheiro de madeira está fresco, os corpos estão frescos, tudo tão novo e tão nosso.
Enquanto o mundo se persegue em círculos,
Enquanto eu espero o ritmo mudar, o vento soprar, a água clarear...
Enquanto nada mais do que o agora importa
Eu quero estar com a luz baixa,
O vento soprando lá fora,
A música tocando feito veludo contra a pele
E você me contando baixinho que não faria nada
E que não seria nada enfim
Sem mim...



(e é por isso que eu fecho os olhos e durmo tão bem com você aqui...)

6.11.07

e ela cantou de um jeito que fez o céu desabar

ela soltou no céu um balão cheio de sonho e cor

ela deu o tom do azul do céu

ela tirou o cinza do céu

2.11.07

aviso


Todos estão gritando.

Está em todos os cantos, o quanto tem sido difícil se agarrar a quem se ama.

Identificar, no meio de todo esse mundo de gente, quem é importante o suficiente pra se querer próximo já uma tarefa quase impossível. Ser da família, ou melhor amigo de infância ou amor da sua vida já não é mais motivo pra se amar ninguém - é isso mesmo, você não leu errado, o amor da sua vida não é importante o suficiente pra ter o seu amor, não mais.

Não sei se é uma crise mundial ou regional, se é uma coisa dos ocidentais ou simplesmente uma doença que a gente adquiriu depois de passar por tantas guerras e perdas inúteis, se simplesmente paramos de nos importar já que tanto foi tirado de nós por nenhuma razão lógica, só sei que está na cara de todos e em tudo que é humano. Em todos os filmes, livros e revistas, em todas as músicas, peças de teatro e artes plásticas... todos estão gritando. Se segure firme a quem quer que faça você feliz.

Não é a toa que nascemos da união de duas pessoas, do encontro de peles de texturas diferentes, de cheiros distintos...


Não é a toa que quando o sol encontra a chuva se desprendendo do céu, um arco-íris coroa as suas diferenças com um sorriso largo e único...


Não é por qualquer razão besta que procuramos olhares, abraços e palavras que se encaixem tão bem com a gente que faça de alguns poucos minutos motivos para sermos mais a gente e menos superficiais...


Não é a toa que viver é uma troca de experiências e momentos. Nada mais do que isso e todos gritam porque estão perdendo esse objetivo de vista, ele está afundando lá onde o sol toca o mar, onde nossos braços não alcançam, todos gritam e lembram aqueles que ficam, se segure firme a quem quer que faça você feliz.

***


Hoje eu respirei fundo e senti no ar o medo, a doença se espalhando, o vazio aumentando e decidi causar um certo pânico em mim mesma e em todos que tiverem a paciência de ouvir. A gente não foi feito pra aprender a lidar com a vida sozinhos, a gente foi feito sim pra aprender a lidar um com o outro e encontrar nesse convívio inspiração, beleza e um suspiro intenso e profundo de alívio... sim, a gente vive por ele por isso lembre-se e seja piegas mesmo que é assim que é bom, cuide bem do seu amor seja ele quem for, mas cuide, cuide muito, muito bem...



*foto por mim mesmíssima

31.10.07

patrino, mi amas vin

ela tinha os pezinhos curtos, mal tocavam o chão. algo a ver com sua pouca idade ou talvez pouco tempo exposta aos olhares curiosos de todos que vivam naquela terra colorida e estranha, como era estranho ouvir os dedinhos tocando o gelo encrostado nas rachaduras entre um quadrado rosado e outro esverdeado, como era estranho a ver abrindo os olhinhos no meio daquela gente.

a primavera havia chegado no lugar estranho, os sinos tocavam durante todo o dia, anunciando cada botão de flor novo dando mais cores vibrantes a essa terra já tão vibrante, mas o céu, esse era sempre cinza e era assim que essa gente o conhecia.

quando ela abriu bem os olhos e entendeu que enxergava, todo o povo boquiaberto esperavam por ela, como se estivessem assistindo alguma deusa chegando à terra, e realmente era o que se queria ver. o som dos pés aquecendo o gelo e o derretendo, o som da barra do seu vestido lentamente sendo carregada enquanto ela caminhava. cada passo era uma nova lágrima no rosto de uma mãe, um sorriso no rosto de cada filho... o céu porém continuava cinza.

seus cabelos negros azulados se movimentaram com uma leve brisa que tomou sua atenção, com ela veio o sorriso, a gargalhada doce como de uma criança que ficou mais intensa com cada novo movimento no vestido até que finalmente o laço que envolvia sua cintura se foi junto com o vento, o laço que era azul claro do vestido branco se foi e os olhos da menina alcançaram o céu em busca da sua fita colorida...


o céu era cinza.




o vento perdia força, as pessoas observavam a garota que gradualmente perdia o sorriso...

seu rosto e seus olhos procuraram as cores em volta, debaixo dos seus pés e em suas pequenas mãos, ninguém entendia o que acontecera.

ela voltava sua face para o céu cinza e gritava, "não!" era o som que saia de sua pequena boca, de seus lábios que estavam mais vermelhos do que nunca. seus punhos cerraram e seu pequeno corpo se jogou contra o chão colorido. tijolos amarelados, azuis, verdes, rosados, alaranjados e afins carregando o peso daquele pequeno corpo, de toda aquela tristeza.

aquelas pessoas nunca haviam visto a pequena menina tão aguardada, a grande mãe e filha de todos tão perto e não esperavam tal reação vindo de alguém tão brilhante. o céu afinal, sempre foi cinza! era o que pensavam...

de repente, o rosto da menina se voltou para o céu novamente e entre gritos e suspiros e lágrimas nos olhos, os sinos deram lugar aos violinos que aguardavam por esse momento... o violão celo também acordou e as harpas finalmente se voltaram para o grande palco. as vozes todas entraram em harmonia e toda aquela nuvem cinza foi abrindo espaço, as teclas do piano estremeceram, chovia de dentro dela e seus pequenos olhos pretos se esvaziavam, de seus lábios vermelhos os sons carregavam notas de comando e todos agora se ajoelhavam observando a cena mais linda jamais vista...


ela, tão pequena e tão jovem, havia espantado o cinza e dado ao céu o tom de azul mais bonito. era tão lindo que ninguém saia mais de casa sem antes olhar para o céu e suspirar, pensando onde será que aquela criatura agora estava depois de tamanho feito...

27.10.07

i thought i should ask...

21.10.07

eu experimento o futuro e você só lamenta não ser o que era...

"eu me ofereço inteiro e você se satisfaz com metade... "
senhor paulo moska


Ai!
Eu descobri que não sei falar sobre coisas normais.

As pessoas aparecem pra pedir algo e começam a conversar sobre a onda de ventania na cidade, sobre como é bonito em parque tal, sobre como devemos ser pessoas ativas no mundo, sobre carros, bairros, neve, sol, Brasil, sobre café e qual café é o melhor... sobre TPM, sobre homens e como eles são problemáticos, sobre como na verdade nós "mujeres" somos o problema, sobre milhões de outras coisas que me dão um nó no peito cada vez que preciso abrir a boca pra responder algo, qualquer coisa...

Não sei falar sobre qualquer coisa que seja cotidiana. Não sei ser cotidiana, não sei simplesmente ser sem olhar em volta e me sentir assim tão eu que até dói! Ver certas coisas em certos lugares com os olhos que eu tenho, sentir as pessoas com as mãos que eu tenho, entender jeitos e manias assim, da forma como eu entendo. Não sei o que fazer, não sei como abrir a boca pra falar dessas coisas, entende? Pra responder com uma frase básica "tudo bem" quando alguém pergunta "como você está?". Não sei! Não dá pra eu ler revistinha de mulher que fala de roupa tal, de como a Britney tá gorda, de como o mundo tá podre. Não sei ouvir notícia de deputado, vereador, governador, presidente e o escambal assim de graça, não sei, eu sei demais de pessoas e do que elas qurer pra falar sobre tudo isso, é tudo tão óbvio pra mim...

Cheguei a acreditar que eu tinha uma doença, uma sequela de alguma queda de quando eu era muito pequena ou do susto que eu levei do cachorro velho e doente do meu pai quando eu tinha uns cinco anos, mas não é nada disso. Eu sei fingir ser normal e até consigo conversar "normalmente" com as pessoas, mas aqui dentro o negócio é outro, o negócio não é negócio, dói demais quando é negócio, dói demais quando é por ser e o desespero é imenso quando penso a respeito porque não encontro muitas pessoas olhando pra mim do jeito que eu olho pra elas. Quando eu respiro fundo e percebo isso eu perco não só o fio da meada, mas toda a vontade de correr atrás da história perdida e do tempo... do que chamam de tempo. Eu sentei na frente dessa tela querendo falar do que é normal, contar como foi um dia, como me sinto a respeito dos "punks espancando adolescente no centro de São Paulo", prestes a ser alguém quase básica.

Não deu.

A impressão que tenho é que é mais fácil eu aceitar esse fato e seguir em frente, assim como se estivesse em uma manhã qualquer vendo alguém chorar por leite derramado enquanto eu seco a sujeira com um paninho dando o meu melhor sorriso, explicando pra criança que isso acontece mesmo...

15.10.07

...

13.10.07

verdades, mentiras e impressões de Hollywood


gente!
  • as calças americanas são realmente ridículas. quase todas terminam bem embaixo do umbigo, mas por uma força do meu sangue brasileiro minha bunda fica bem em todas! o negócio é cortar a parte de cima fora!
  • o ar daqui, por incrível que pareça, é a coisa mais nojenta que já respirei, e olha que eu sou de são paulo, nascida, criada e "mal"-criada por são paulo...
  • mr. bungle rocks!
  • tô com uma tosse que tá arrancando minha garganta fora! culpa dos oitenta milhões de fumantes dessa cidade sujinha.
  • adoro o quanto tudo é precário por aqui... a comida, as lojinhas, as conclusões.
  • sean penn é o rei de hollywood.
  • fiz um vanila latte pra eva longoria e ela adorou! não sabia nem o nome dela, mas posso falar? ela é feiiinha....
  • aqui não chove nunca e quando chove acontece o esperado (por mim) caos! aquele caos que acontece quando gente muito muito muito desprovida de senso crítico se encontra em uma situação diferente... pelo visto, aqui tem muita gente assim!
  • bed bugs são insetos necessariamente norte americanos.
  • carpete é a pior coisa já inventada pelo homem.
  • eles acham brasileiros suuuper cool só que mal-educados!
  • ninguém faz café como o Donny faz (ele trabalha comigo).
  • músicos são uma praga, atores são um vírus e tarados são uma realidade.
  • enquanto o halloween não chega, podemos nos deliciar com a visão da calçada da fama num sábado logo após o almoço, onde todos os tipos de malucos passeam para cima e para baixo tirando fotografias de mãos e pés impressos no cimento...
  • o teatro chinês é mesmo um teatro chinês, mas só passa filme daqui.
  • melrose é feia pra burro.
  • ainda me sento na calçada de vez em quando e olho em volta esperando encontrar o eddie andando por aqui.
  • sinto uma falta de pão de queijo que dói na alma!
  • o maior imbecil que conheci nessa cidade é brasileiro e dono de um dos restaurantes - brasileiros- mais badalados de LA.... que ridículo!
  • um dos caras mais gente fina que conheci aqui é argentino! viva maradona!
***

9.10.07

depois de tanto querer, o ser.

eu tenho tentado escrever sobre coisas que aprendi e ver se com isso faço alguém se sentir melhor, mas não consigo. o texto começou e recomeçou de todas as formas diferentes, com foto, com letra de música, triste, alegre, esquecido, lembrado, remexido, revirado... mas nada nesse mundo me fez conseguir terminar de escrever essa única peça que me remoeu por tantas semanas. resumindo, depois que eu mudei de cidade, de país e de ritmo, o meu corpo assim como minha cabeça e tudo que os envolve, foram engolidos por uma severa necessidade de... observar! e passando tanto tempo observando de longe e de perto, acabei esquecendo de falar! acabei esquecendo de ser observada, mesmo que por mim mesma. ontem, pensei sobre mim mesma. voltei no tempo e me observei há alguns meses atrás, fui passando capítulo por capítulo, cada detalhe que fez de tudo isso que está acontecendo tão especial e pensei em mim. olhei pra cada detalhe do meu rosto, me filmei com a minha camera, li cada linha da minha mão, tirei os pelinhos da sobrancelha que eu não fazia há décadas, escovei meus dentes por meia hora e cortei meu cabelo... coloquei minha calça nova, minha blusa favorita enquanto ouvia algumas músicas que só eu poderia ouvir, em um momento assim tão meu. no meu computador, na lista de reprodução do windows media player, uma das canções que começou a tocar estava quase esquecida em algum canto do lado direito do cérebro. enquanto ouvia me olhava no espelho, aquela frase ecoava no banheiro, as paredes brancas absorviam cada som e os arremessavam de volta pra mim, cada minuto que passava eu estava mais consciente disso...
.
i don't mind stealing bread from the mouths of decadence
...
.
e devagarinho as palavras ficaram pesadas. o peso era quase o equivalente a uma tonelada de algodão, não importava no momento a tonelada, o peso, o importante era o que se assentava no meu peito, algodão...
.
but i can't feed on the powerless when my cup's already overfilled...
.
era aquele peso... o peso de se estar no mundo e não saber se você tem o que o mundo precisa receber de você...
.
but's it's on the table, the fire's cooking... and they're farming babies, the slaves are all working...
.
enquanto eu percebia que esse peso era eu e não era o mundo, tudo começou a desabar. era uma chuva que não parava mais.
.
blood's on the table, the mouths are choking...
.
eu quase não aguentei mais me ouvir repetindo essas palavras na minha cabeça e foi quando eu percebi um clique, um estalo que me gritava bem alto, mandando eu prestar atenção, mandando eu acordar. me contando um segredo, um segredo de quem vive em mim pra quem vive por mim:
.
and I'm growing hungry...
.
.
.
.
desliguei as luzes e o som, enxuguei o rosto e só passei base e rímel, calcei os tênis com furinhos onde os dedos menores fazem atrito contra o tecido barato do calçado e fui me encontrar. tinha uma brisa suave lá fora, foi bom.

5.10.07

está ando...

minhas mãos estão descascando e tem gente cantando
e tem música dançando, tem baixo e violão entregando,
minha cabeça, girando
tem um mundo todo me espantando
e tem um outro todo me abraçando.
tem um sentido me levando e tem o vento me empurrando,
um traço me tracejando,
um raio me atravessando,
tem uma voz me falando que tudo está me indicando pra tudo isso que estou amando...
minha vontade não está alcançando, mas é porque ela está se expondo,
se aninhando
pra que alvance vôo...

ele cantou assim baixinho, pra que só eu ouvisse...


"On bended knee is no way to be free, lifting up an empty cup I ask silently that all my destinations will accept the one that's me, so I can breath... Circles, they grow and they swallow people whole, half their lives they say goodnight to wive's they'll never know, got a mind full of questions and a teacher in my soul. So it goes... Don't come closer or I'll have to go. Holding me like gravity are places that pull. If ever there was someone to keep me at home, It would be you... Everyone I come across in cages they bought, they think of me and my wandering but I'm never what they thought. Got my indignation but I'm pure in all my thoughts. I'm alive... Wind in my hair, I feel part of everywhere, underneath my being is a road that disappeared. Late at night I hear the trees, they're singing with the dead, overhead... Leave it to me as I find a way to be, consider me a satelite for ever orbiting, I knew all the rules but the rules did not know me. Guaranteed..."

3.10.07

o que me deixa assim?

acho que é porque não fico com o computador me chamando o dia inteiro, como costumava ficar...

***

acho que é o sol constante me chamando pra rua, acho que é a rua que tem uma textura toda dela. acho que são os passos nela...

***

acho que é o tudo novo que tem gosto de velho, de coisa que vivia em mim sem eu saber como ou porque...

***

acho que é a falta de vontade de achar, acho que é o tempo que passa diferente, acho que é a gente, acho que é a inocência que eu encontrei onde menos esperava encontrar.


***

29.9.07

wish, wish on


-Supostamente você tem que deixa-lo ali, grudado na janela...
-E porque isso?
-Porque assim os seus sonhos se realizam...

Apertando os olhos ela pensou por alguns segundos no que queria... O sol brilhava forte e fazia suas pálpebras se apertarem ainda mais. Ouviram barulhos na porta e era ele chegando, o amuleto realmente havia cumprido o seu papel!

pra se ler com os dentes cerrados...

eram como de aço, como de laço a fita e o prego
o martelo, o viúvo
o troço que se carregava no pescoço
era o osso
osso pintado, de branco amarelado
como amarelado era o dente
o pente
que penteava o tubo, o cabelo do ruivo
que parava...

de repente!

de presente acertava
como o gato acerta quem passa
com seus olhos estridentes
entre ameaças e cantadas
as folhas que acabam com a graça
daquele dia sem massa
e que morre com a gente...


eu não vou perder tempo em meu tempo, eu sei o que sou. quantas vezes negando a gente se fez de vítima e se veste de santa, de freira, de puta e de doutor? eu não vou apertar o calçado no pé, arrastar a bolsa até a lua e deixar o que ninguém acredita me alcançar com um anzol e fazer dessa pouca vida muita coisa pra se perder. eu caminho. o vento agora sopra mais forte e eu caminho. o tempero tem o gosto mais forte e eu caminho. eu agora me sinto mais forte e caminho... e é bom parar e olhar, às vezes com os olhos fechados, às vezes com a pele toda aberta pra ver além das cores que moram sim, lá no fundo do cantil, no que está longe de abril, no inverno acelerado dessa terra de poucos abrigos, do choro gentil...

20.9.07

thoughtfully mindless...

sorvete de baunilha, raspas de limão por cima, cookies integrais por baixo... música com o baixo bem alto e o samba esquentando no colo, no quarto quente, nos lábios mais vermelhos, nas frases de efeito, na eterna desconfiança que morreu junto com quem não conta nos dedos quando tem que chegar a alguma conclusão. eu gosto do meu café prensado, com gostinho de banana no fundo, leite integral com muita espuma... gosto da baguete quente, com algum queijo, algum tomate e alguma erva. gosto da bebida quente junto com o lanche, gosto de lanchinhos... mas quando estou com alguém especial gosto de refeições... o tempo virou ontem e o vento soprou pro meu lado que não tem ninguém, mas talvez atrás de mim venha algum desavisado então está tudo bem. o sorvete esquentou, a garganta secou, os lábios ficaram e a língua recolheu o resto do gostinho... o sono chegou. dá dó e dor no umbigo ter tanta vida assim pra se dar, acho que vou dormir... ele acabou de tocar a música que eu secretamente pedi pra ele tocar. o sono tá matando e cortando os dedos das mãos, esquecendo de acalmar as pupilas. gosto da cor que meus olhos ficam quando olham nos dele e da marcha ré. mas amo mais ainda acelerar pra quinta em auto estrada rumo a qualquer lugar...


18.9.07

lessons from the road...


pra quem quer conhecer o mundo,
precisa conhecer bem as cores dos seus sonhos...

14.9.07

manda seu corpo desmembrar...

parece tarde em são paulo.


toca maria rita no som do café, não sei como, eu canto junto - no mesmo tom porque eu sei cantar ainda mais em português... em brasileiro.
parece tarde em são paulo e dói igual como doía lá.
como dói aqui, quando eu pegava um ônibus qualquer na paulista.
como quando eu pegava meu carro e colocava a frente do som e de repente ouvia a voz de alguém que me amava de longe.
deus! parece de tarde, fim de tarde em são paulo.
na rua, os carros, são iguais.
aqui dentro as dúvidas, também.
no gosto na língua tem algo de diferente
e nos olhos algo de igual, a lágrima pesada.
igual em são paulo.
uma ciranda que não para de rodar e eu sei, de algum jeito eu sei bem que não vai parar tão cedo e eu em uma tarde assim, em são paulo - algum dia perdido - pedi pra não me sentir mais assim.
essa paz não tem voz então é medo, eu sei disso desde quando a música tocou pela primeira vez, eu tinha uns catorze anos... ah, eu sei... parece uma tarde dos meus catorze anos em são paulo. parece... o que eu disse? uma tarde cinza, quente, dura, vazia, musical e triste de são paulo. uma tarde quieta cheia de barulho, áspera e sentida que não está em são paulo. que não está e não tem vida, está morta e canta...

"pelo amor de deus, não vê que isso é pecado desprezar quem lhe quer bem? não vê que deus até fica zangando vendo alguém abandonado? pelo amor de deus..."


boa noite, ela disse

manoel disse que ser de qualquer um não faz mais o jogo de ninguém, e que ninguém mais quer o pé sujo na porta de casa, porque a casa já tá desfigurada de tanta roupa mal lavada! o mar vai virar sertão e o sertão vai virar mar enquanto eu tento pensar em mil coisas novas pra me entreter e tirar de mim essa dor do saber... se sei ou não, realmente não é problema do mundo.



boa noite,
senhoras, senhores
e idosas
crianças do meu brasil.


vaidade ao pé da câmera...

ela cançou de coçar, cansou de esperar a hora passar
a terra que se movia debaixo dos seus pés
não estava embaixo, ou em cima ou do lado, estava dentro do estômago, dos olhos e do cabelo embaraçado, molhado e relutante... estava pensante.
ela tinha quatro jogos
de quatro planos, de quatro enganos diferentes....
ela tinha dentes, pra quem dentes resistentes não insistentes, ela tinha sementes.
era disso que ela precisava
quando menos esperava, lá estava. ela estava.
e quando o tempo a tinha
a guardava com manias,
com mordidas no pescoço
com mais do que carícias porque ela merecia
mais do que queria,
ela era tudo isso que parecia ser e era mais...
mais e mais
menos do que jamais seria,
aceitaria tudo do jeito que viria...

13.9.07

era uma vez num lugar qualquer... PARTE II

o sino tocou. .

era mais um prato pra ser levado a mais uma mesa. ao dar alguns passos fora da cozinha ela se lembrou que aquele era o número da mesa dele. o prato foi co
locado com cuidado sobre a mesa, antes de sair ela perguntou se ele precisava de mais alguma coisa, e a resposta veio depois de alguns instantes de profunda meditação sobre comida que estava a sua frente... "-não, está tudo ótimo! obrigado". ela sorriu e partiu... não haveria nada que a fizesse ficar mais tempo ali ao lado dele, é claro... o dia passou rápido e logo era hora dela ir embora. pegou sua bolsa no escritório, guardou seu avental e saiu dando tchau para os seus colegas. quando ia passar pela porta percebeu que ele ainda estava sentado, fumando quieto, olhando para o nada perdido em algum pensamento distante. a garota parou por alguns instantes segurando a porta tentando inventar alguma desculpa pra falar com ele! foi inútil, nada aparecia... era como um enigma, um quebra-cabeça. porque justamente ele, aquele que a fez cantarolar suas músicas desde os seus tenros oito aninhos até os dias de hoje, estava a sua frente e ela não conseguia pensar em nada interessante para fazer com que ele a notasse? com um forte suspiro e os olhos levemente marejados, ela abriu completamente a porta, esperando uma idosa senhora entrar e saiu, não olhando na direção da mesa onde ele estava sentado. ao dar às costas ao café ela ouviu aquela voz familiar... "-ei, garota!", parou assustada na calçada e virou dando de cara com ele de pé a sua frente, um pouco mais alto que ela, um pouco mais próximo dela...
"-eu?"
"-sim... você pode me ajudar com uma coisa?"
"-depende! mas se eu puder..."
"-acho que pode, você parece ter um bom gosto!"
"-haha, bom gosto? acho que tenho, eu gosto da sua música!"
"-viu?"
"-é..."
"-então, pra onde você está indo?"
"-vou descer a franklin, preciso ir até o mercado lá embaixo."

"-posso andar com você? é muito estranho?"

"-não é estranho! pode sim..."
.

eles caminharam e ele contou a ela para que precisava de sua ajuda.
. . .


... CONTINUA...

12.9.07

era uma vez num lugar qualquer...

e então ele entrou quieto, sem causar nenhum alvoroço entre os habituais visitantes daquele café bem conhecido do bairro. fazia um bom tempo que ele não passava por aqui, teria sido naquele posto da esquina que ele trabalhou há alguns bons anos atrás? ele não se lembrava. por um minuto parou pra apertar bem os olhos antes de esquecer do que estava pensando e continuar sua busca por uma caixa registradora. ele precisava comer algo. o calor estava infernal aquela tarde, por volta dos trinta e dois graus centígrados mas sua camisa com estampas de xadrez teimavam em não deixá-lo por nenhum minuto se quer. continuou caminhando e parou quietinho atrás da última pessoa na fila. não demorou muito até chegar sua vez. olhou um pouco confuso pro rapaz que o perguntou o que poderia fazer por ele e ironica, porém educadamente respondeu "-nada!" . deram algumas risadas e a garota que trazia os pratos sujos das mesas que ficavam na parte de trás do café reconheceu o som... eram invitáveis os olhos arregalados buscando a figura dele. assim que terminou o seu pedido, pagou com algumas notas amassadas que estavam no bolso da sua calça, pegou o número que ficaria na mesa pra ser mais fácil o garçom o encontrar com o seu prato e seguiu a buscar uma mesa lá foram onde pudesse fumar. o rapaz da caixa registradora puxou o braço da menina que havia notado a presença dele ali e falou baixinho no seu ouvido: "você viu quem está aqui né? pacto com quem que você fez pra acontecer isso, hein?". ela prontamente pegou um cinzeiro nas prateleiras do fundo e levou até a mesa que ele havia escolhido pra se sentar. ao chegar com o cinzeiro a sua frente ele havia acabado de acender o cigarro, sorriu, tirou o cigarro da boca e disse em um tom quase inaudível de tão suave: "na hora certa!". enquanto ia e vinha ela o observava esperando pela hora em que teria que trazer seu prato até a mesa onde se sentava, ele continuava calmamente fumando quieto enquanto esperava, sussurrando algo entre um trago e outro, as pernas cruzadas, o olhar distante...


...CONTINUA...

Hold on, take a deep breath, it's a long road...

é bola que vejo.
no céu atrás do prédio que esconde as árvores ali de trás.
é o palco agora que vejo.
mesmo que travestido de ponte, rabiscada e quebrada, mais suja que limpa com o cheiro forte do córrego lá de baixo.
é bola que vejo.
no freio do tio que passa azulado, debaixo do fio que é de cá do lado, o trem que não vem...
é bola que vejo.
nos olhos arregaçados
olhando pra mim.
nos olhos de medo
que temem por quem
tem medo de mim.
nos terremotos rendidos alguém contou uma história e nela eu só via a bola.
a bola, é ela a única que vejo.
e na bola eu via a única vontade que tinha...

7.9.07

reflexo do bode


baixei um cd dos mutantes, mas esqueci que o programa que tenho pra ler o arquivo expirou. os dedos estão grudentos depois do café que eu tomei e que sujou a mesa onde está o computador. o cheiro de fritura me enjoa e a rua está quase vazia, mais vazia do que deveria - it's friday, friday night, hon... eu sinto coisas que talvez não existem e vejo coisas que talvez não deveria, eu sei... mais do que o céu escuro eu tenho todo o tempo do mundo e cansei de saber mais do que abraçar aquilo tudo que sei... acho bermudão e camiseta preta lindos de morrer ainda mais nele, os cabelos compridos e os olhos verdes magníficos. acho que a música é ótima e que o abraço foi feito pra mim... acho as mãos tão perfeitas que envolvem as minhas como jamais foram envolvidas. acho tudo isso e mais um pouco, acho tudo isso um pouco pra não ter que achar nada, no fim.

***

6.9.07

a minha cidade


a minha cidade tem ruas tortas, línguas presas e dentes faltando
em cada esquina tem um poste

em cada poste tem uma lâmpada quebrada
e atrás vem correndo um gato, um cachorro e uma cadela desvairada.

na minha cidade tem uma dor
que dói em mim com mais força

quando penso nela a distância.

na minha cidade tem um cheiro
que é forte e que não é tempero
nos olhos dos outros nem nos meus...

na minha cidade tem um tempo
que é duro pra quem é mole

tem jeito de gente grande
mas é criança e tem corte no dedo pé,
que vem enfaixado há semanas...

na minha cidade tem um choro que só ouvi lá
e que é meu também

que corta os ouvidos
os olhos e os sentidos
que me entrelaça em canto,
de canto e no canto,
na pele mais calejada e nos ossos a mostra,
no vento que levanta uma poeira que nunca mais vi
e que ainda está em alguns pedaços de mim,

respirando comigo,
vivendo comigo

essa espera sem fim.




*fotografia por Leonardo Wen

notícias da terra do nunca


roupa que cheira a cheiro de quem tem boca que gosta da boca que mora em mim e que se alimenta de quem não tem mais o que querer... é simples. as luzes estão ainda a toda, as perucas e os moicanos ainda dançam pelas ruas e os carros ainda tem hora pra sair da onde estacionaram. o tema é sempre um só porque é sempre uma coisa só quando se está com quem se é só por ser. o café é diferente, mas também quem teve a infeliz idéia de vir até aqui? é só pra estar, mais um pouquinho, com quem quer estar... eu olho tudo e tudo me faz assim sorridente. me pergunto se eles também me vêem como me vejo agora, e percebo nos olhos deles o sorriso rasgado que está nos meus, enquanto ainda agradeço por não ter que passar minhas noites tristes em algum lugar perdido em qualquer canto contido desse lugar colorido, desse sol mais amarelado que em qualquer outro lugar. da gargalhada veio o abrigo e do nada o beijo que aquietou tudo.
.
e o tudo virou roda gigante e entendi o que estava acontecendo...
.
do beijo quieto veio o suspiro e de surpresa veio o encanto de quem tanto parecia estranho e no entanto tão querido e familiar... foram quatro, cinco, seis dias de palavras e de sonhos e de mais um pouco de indecisão, mas quando a gente menos espera o gostoso vira prato cheio pra quem tava com a barriga vazia e a pele transbordando de cheiros e conchas, de suspiros feitos de nuvens prontos pra virar sabão... . . .
.
a sirene toca e todos tapam os ouvidos.

.

.

.

aqui é assim, emoções ensurdecem os ouvidos mais atentos...
.
..

29.8.07

***

ela tinha uma pressa danada, o sol não tinha hora pra se por... o resto do mundo sim.

estava parada, quieta num canto ouvindo a sua respiração. tinha pequenos pontos nos ombros que doíam, o cansaço não existia, o peito pesava estranho... ela conhecia esse peso. era aquela dor do passado não aproveitado, sabe? um gosto que ela não conhecia mais reconhecia...

um cheio meio vazio que ela notou no copo manchado na mão dele.

no rádio do café começou a tocar a música que a fazia lembrar dele, sim! era verdade...

porque essas coisas acontecem assim? - ela pensou.

porque acontecem - ela mesma respondeu.

os fios de cabelo escuros faziam ondas com o brilho do sol, só que era noite. as memórias estavam vivas na cabeça dela. ela riu sozinha, memória viva? viva o que? vida... do que? caiu em si de que cair em si não é uma coisa tão difícil, ela se cansou de fazer isso toda hora.

o ar em volta tinha cheiro de óleo e suor de cavalo...

que cheiro enjoativo - ela pensava.



que tempo enjoativo - ela esperava.


***


28.8.07

tá querendo acabar comigo?


it sucks, man!


estava eu sentadinha descansando do meu dia de trabalho, enquanto uma revista chamava a minha atenção na vitrine... era um dorso. um corpo, um desenho de um tronco e tinha algo por trás da capa principal, claro! só podia ser aquela resvista maledeta, a FLAUNT que tem um jeito cool de ser pra tudo... até demais por sinal! as melhores fotos estão sempre lá e eu queria ser a fotógrafa de todas! resolvi sair da cadeirinha e andar até a dita pra espiar e não é que dei de cara com o Josh Hartnett atrás da capa estranha/louca/linda do novo número da revista? deus! pra que isso, hein!?
me deu uma vontade de rever aquela minha "histórinha" com ele... ai ai ai...

perfeito!

agora só falta a corda pra amarrar no meu pescoço - pra eu deixar de ser besta!


27.8.07

again


eu li em algum lugar que a gente tem que aprender a viver tudo de novo, cada dia que passa...

não! eu não li em algum lugar, eu li no blog da JT LeRoy!

no dia em que isso não for verdade talvez seja uma tristeza ter que acordar, sentir o cheiro da manhã e fazer tudo que a gente faz pra continuar por aqui... certas batalhas são diárias e certas coisas acontecem só porque a gente no fundo pensou que seria assim... o balão que se forma sobre a nossa cabeça com essas coisas chamadas desejos, às vezes são tão densas que se encharcam de delírio, fazendo com que o mundo pareça uma terra quente demais pra certas verdades.

quando eu li aquilo, que a gente precisa aprender a viver tudo de novo cada dia que passa, eu fiz que sim com a cabeça, apoiei as costas contra a parede e olhei pro teto pra não ter que deixar os olhos molhados continuarem com o seu lamento, porque no fundo eu estava feliz em ouvir aquilo. cada dia é uma chance a mais...

uma chance a mais pra uma dor de menos.


24.8.07

"do you feel the breeze?"


ela tinha um desejo desgraçado. passava os dias desejando e todas as ruas falavam alto pra ela ficar quieta! o som era nítido... "quieta... quieta", era o que ela ouvia. "quieta" era tudo o que ela precisava ser... junto do sol amarelado vieram os encontros distantes, deles os mais chegados até se criar um mundo de flores e pedras, de riachos doces... em um dia era tudo certo, em dois era tudo irreal e em uma semana eram duas mãos cheias de cortes e eles não eram discretos... como ela os esconderia? o mundo não podia ficar na espera de algo que não cabia em sua mala de mão, ela não poderia esperar mais do que o máximo que conseguia. e os dias passavam enquanto ela se perguntava até quando ia ficar esperando, a resposta não veio. o conseguia ficou lá no passado mesmo e as ruas ainda gritavam "quieta... quieta" sem parar...


22.8.07

cultura do "quem odeia mais quem"


WHAAAAACK MEEEEE! HAH!
Reconheceu quem é o imbecil da foto?


olhe de perto... killer.

paciência que sempre me falhou...


em volta, dos lados, mais ali na frente e no canto... todo mundo querendo algo. tentando tirar do que existe de mais íntimo o que pode existir de mais familiar pra mais um monte de gentes. é um lugar estranho, com um tom árido à luz do dia, com uma brisa seca e dura. é um lugar de loucuras onde os pensamentos caminham por labirintos estreitos e nem sempre chegam a algum lugar. você encontra pedaços de sonhos nos arbustos amarelados nas calçadas. no céu sempre azul, balões vazios... são os corações de quem não cansa de esperar... quem não cansa de esperar vira pó ou vira estrela, de qualquer maneira pode vir a se queimar e largar de lado o que é genuíno... o que é real. nem tudo que se vê é assim mesmo mas o que parece nunca é e o que é tá escondido e se você olhar com calma, consegue distinguir... como tenho aprendido a ter calma...



ah... isso! isso não tem preço.




*foto tirada por minzinha, na Vine com a Sunset em Los Angeles


19.8.07

flamingo

ela tinha dez unhas afiadas, cantavam agudo na terra do nunca...

os sapatos, dizia o que gostava do baixo, faziam sons interessantes - algo que ele talvez quisesse usar em alguma nova música. enquanto davam os exatos quatro dólares e cinquenta e sete centavos ao coreano que não vendia fiado, o que gostava das teclas brancas e pretas e do peso de suas mãos no piano, observava quieto e de lado - pra não dar na cara - os olhos dela que sorriam pra ele.

ela era diferente e por isso o que gostava do baixo perguntou denovo da onde ela vinha...

-nossa! você conseguiu ser o melhor de todas as culturas!

ela nunca tinha ouvido isso e aceitou como um elogio. o que gostava das teclas pesadas continuava olhando e pensando quieto... o tempo que havia passado era longo, mas a sensação era a mesma dos dois minutos que de tão bons tinham que ser eternos, mas nunca eram o suficiente.

ela andou de volta pro lugar que não lhe fazia feliz mas que era temporário e esperou que aquele que gostava das teclas brancas e pretas, gostasse dela também.

(mas quietinha, porque até as corujas da terra do nunca observavam a moça das unhas afiadas descendo as ruas, serena e querendo só um pouquinho mais...)

13.8.07

toyon days... or is it California Poppy?


a noite demorou pra chegar, mas finalmente abraçou essa terra quente e seca. a trégua, mesmo assim, não veio como em um piscar de olhos...

você esperava o tempo passar enquanto eu também esperava, desejando ver no visor colorido do celular o seu nome piscando... esses tempos modernos são assim como uma coisa inexplicável, um arranhão no teto que foi parar ali, não sei nem como.
quando você chegou as sobrancelhas estavam pesadas, os ombros curvados e a voz rouca... quando você chegou o abafado já não me parecia tão ruim enquanto as calçadas e as pessoas viravam sombras e nuances, entre uma gargalhada e outra, entre uma gafe e outra, entre um leve exibicionismo e uma inocente vontade de ficar perto demais...

naquela esquina onde o poste de luz parece de filme, gene kelly ficaria orgulhoso. você fazia o mesmo que ele só que sobre quatro rodinhas e uma prancha... enquanto ouvíamos o poeta senil vender seu anúncio no jornal do vagabundo, eu senti o peso dos seus olhos sobre o meu rosto, prestando atenção nos meus lábios que repetiam o que nosso jornaleiro declamava... os seus olhos me olhavam como se eu não soubesse que estavam ali, como se eu simplesmente existisse pra você olhar assim, quando está cansado demais de ser do mundo... e eu não me importo.

estar aqui com você é afinal, como ser alguém que nunca fui e ao mesmo tempo sempre tive de ser... agora sim é fácil.

fácil, fácil como se fosse natural...


12.8.07

poeminha pra flor...

eu tenho que te contar do cheiro
do gosto do beijo
do sol que cega o sorriso, da coruja quieta observando
os dois conversando em tom de alívio...
preciso te contar do barulho do skate
das rodinhas no cimento,
da música de fundo, do bilhete do cinema....

do mundo!


preciso te contar das tendas

dos óculos e das marcas,
da água,
da mensagem atrasada...

das cantadas engraçadas...


preciso te contar do susto

do soluço
do tempo
que passou faz tempo

e faz só alguns segundos...

9.8.07

as grandes pessoas da história tiveram a sua história confundida com a do tempo... o mundo afinal é um lugar muito, muito escuro, mas quando é claro, é todo e é todo da gente. alguém me disse que tudo que é meu, seria meu com um esforço de quem não pensa em si, mas no incomum. sou feliz se faço alguém feliz e quanto mais ouço que preciso fazer algo por mim, mais dói aqui dentro... uma caverna ácida, escura e com as paredes porosas, um verde musgo irritante... é assim que é aqui dentro se for só pra mim...



mas não sei porque, por onde passo encontro olhos cheios de vontade de olhar nos meus.



7.8.07

agora tem sentido, todos os sentidos.

estou na cidade dos anjos...


entendo agora o que ele quis dizer com a música. começou com um poema, muito íntimo, muito dele... quando ele abriu a boca e deixou as palavras saírem os olhos se encheram rapidinho, como se não soubesse o que o atingiu. todos a sua volta o observaram e quietos fizeram uma melodia que explicasse com som o que ele explicou com caneta e papel... ai, anthony, thanks for that.


***




(parte de Under the Bridge dos Peppers)
Sometimes I feel like I don't have a partner
Sometimes I feel like my only friend
Is the city I live in, the city of angels
Lonely as I am, together we cry...

I drive on her streets 'cause she's my companion
I walk through her hills 'cause she knows who I am
She sees my good deeds and she kisses me windy
I never worry, now that is a lie.

Well, I don't ever want to feel like I did that day
Take me to the place I love, take me all the way
I don't ever want to feel like I did that day
Take me to the place I love, take me all the way...

It's hard to believe that there's nobody out there
It's hard to believe that I'm all alone
At least I have her love, the city she loves me
Lonely as I am, together we cry.

but here I stay...