30.4.09

exercício



"eu escrevo com uma urgência que me força a colocar minha própria essência contra a parede, e quando noto que estou chegando na última linha ainda em pleno exercício de todos os meus sentidos vitais, entro em profundo desespero. isso acontece porque quero escrever aquilo que vem e o que vem é sempre assustadoramente íntimo, presencio a irregularidade tão minha vir à tona como água suja transbordando pelas ruas. assisto enquanto essa inundação toma conta de casas, transeundes desavisados e carros velhos que por descuido de donos tão instáveis quanto eu deixaram os pobres amontoados pelas avenidas. quando percebo que estou ciente do que fiz entro em pânico, e isso porque sempre acho que na última letra digitada ou rabiscada, todo meu eu será largado ao terrível destino daqueles que entregam seus corações ainda cheios de sangue ao mensageiro. assusto minha própria falência e meus olhos ainda ávidos toda vez que percebo que derramei minha saliva e sangue sobre aquilo que antes era branco e vazio feito o nada e mesmo assim, mesmo assim ainda me encontro aqui - de alguma maneira, estou aqui. "



27.4.09

momentos inesquecíveis (alice sendo melancólica) parte 16





"I could object your technical approach"
"I could object your tie."

***


Em negrito, fala hilária do personagem Arthur Rimbaud intepretado por Leonardo DiCaprio no filme Total Eclipse. Simplesmente (mais uma vez) o filme que fez toda a diferença em ma vie.

a little hurricano and a seven nation army - músicas



"Little Hurricano" A.K.A Last Day of Magic - The Kills



"Seven Nation Army" - The White Stripes


CLIQUE NO PLAY PARA OUVIR! ;-)

a little hurricano and a seven nation army






Era uma vez, uma época que se reinventa. 

Qualquer coisa que ainda vive e respira 
nos cantos sujos do mundo, 
e que sem dar sinal nem pedir licença, 
retorna pra nos assombrar, 

é... 
É qualquer coisa que ainda não tem nome, 
mesmo existindo há tanto tempo... 
e que sem ser menos
nem pedir mais
ainda grita por alguma revolução, sendo a mesma 

sempre a diferente 


e quando ouvida


(e digerida)


é reformulada e novamente reinventada...



Porque a verdade não dura mais do que 
o tempo de uma canção.







Meu querido Jack White com os doidos da dupla 
The Kills. 
(aqueles que assisti ao vivo no outro dia).


***

momentos inesquecíveis (alice sendo melancólica) parte 15



Catherine: You said, "I love you," I said, "Wait." I was going to say, "Take me," you said, "Go away." 


***


Personagem interpretado por Jeanne Moreau no filme Jules et Jim do mais que imperfeito François Truffaut... preciso dizer mais alguma coisa?


23.4.09

The Kills, The Thrills (video)



***

Aqui está a Alison cantando na minha cara quase me jogando pra trás! Não liguem pro som, não dá pra entender nada...




***

The Kills, The Thrills - Pictures (algumas)


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the kills, the thrills...



So...


Por volta das dez e vinte, Alison Mosshart (VV) e Jamie Hince (Hotel) entraram no palco. Eu que estava - sem exageros- de frente para o mesmo, mais para o lado direito (onde Alison geralmente fica) e com as caixas de retorno literalmente embaixo do meu queixo, tive algumas oportunidades inéditas como por exemplo fazer um vídeo em que ela, VV, Alison ou simplesmente 'ela' canta NA MINHA CARA, quase me matando de susto e me fazendo cair para trás. Sem contar das cento e pouco fotos que tirei, todas - em minha opinião - bem decentes em se tratando da camera que eu levei (a minha canon velhinha, só 6 megapixels). Enfim. Logo no começo comentei com meu marido que estava ao meu lado, disse: "a Alison não me parece inteira..."


Depois de todas aquelas músicas mais conhecidas e que alguns cantaram em coro (nunca vi plateia mais chata) Alison pede um minuto para o seu parceiro de estripulias e vai para um canto enquanto tosse, tosse, tosse... ela se ajoelha e continua. Parece não conseguir falar, Jamie caminha até ela - lembrem que eu estava de FRENTE para eles - e pergunta: o que foi? você está bem? Ela faz um sinal que não com a mão enquanto um rapaz da organização vai até ela e a ajuda a levantar.... Jamie vai ate o microfone e diz:


-We seem to have a situation...


Ele respira fundo, começa a dedilhar qualquer coisa em sua guitarra e canta uma música de improviso que é levada dolorosamente até o fim com palmas da platéia. Ele agradece timidamente e sai, cabisbaixo. As luzes se acendem e os gritos tomam conta. "I want my money back!", "If you don't fucking come back you fucking suck!" "Alison get your ass down here!" e outras delicadezas do mesmo porte. Eu que ali estava, diante daquilo tudo fiquei perplexa e tive uma ideia qualquer. Alguém havia jogado um ursinho no palco, ainda no show de abertura - é... um ursinho! Eu o encontrei e escrevi um recado num pedacinho de papel e grudei no bicho, fui então ao técnico que ajudou a VV a se levantar e que agora estava tirando as guitarras do palco e o olhei com cara de cachorro perdido:


-Is Alison going to be ok?


-Yeah, yeah I'm sure she's gonna be fine! Thanks for asking.


-Could you give this to her? It's nothing really, just so she'll feel better.


Ele olhou pro ursinho e abriu um sorriso lindo, lindo mesmo e soltou um:


-This is really nice of you, she'll love it.


E então eu e meu marido agradecemos e fomos embora...


Ao mesmo tempo que sim, eu sei, ela durante o show não para de fumar e não deve lá ter o melhor estilo de vida, ainda sinto que não merecia aqueles berros horríveis quando tudo aconteceu, senti que precisava fazer alguma coisa... Sem contar que são uns ingratos, essa banda é a que cobra mais barato pra fazer show e ninguém nunca reclamou! Tinham que reclamar bem no show que eu estava! Enfim...


Querem saber o que estava escrito no bilhete? Aqui vai:


"Alison, please get better, ok? We do care. Alice"


No caminho para o carro no meio dos meus suspiros, Andrew (meu marido, musico profissional) solta um desabafo:



-Mas ele tava com a guitarra desafinada!

HA!

Pelo menos a gente se diverte...


***


as fotos estão por vir!


firula




 - eu que sofro de querer o que é realinhado, reafirmo o que é convicto e assino embaixo do que não permito, me condeno aos tempos idos daquilo que não sinto e reanimo em posta cena tudo aquilo que mais lutei contra. sou no fim a selva de mim mesma.


***

22.4.09

iumine dentro do ilumine...



"entre um ás e um mas... nada mais do que um a."


***

21.4.09

contra tudo, todos e ninguém






"High above I'll break the law:


... If it's illegal to be in love
Leave the hatred on the cross..."


***

momento metido com Tom Waits


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"...And the tears on my face
And the skates on the pond they spell Alice
I'll disappear in your name
But you must wait for me
Somewhere across the sea
There's the wreck of a ship
Your hair is like meadow grass
On the tide
And the raindrops on my window
And the ice in my drink
Baby, all that
I can think of is Alice

Arithmetic...

But I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice

I fell trough the ice
Of Alice

There's only Alice."



***

17.4.09

josé no cronicamente...


***

Conto novo AQUI.

É levemente... triste.

***

16.4.09

porque me sinto assim



***Não tive muita certeza se era por pouco ou muito tempo, mas a chuva caía quase insignificante lá fora e a coberta chamava meu nome como grita um demônio qualquer soterrando meu corpo com sensações miseráveis - Tamanho da fonteé a chuva que cobria o tempo com essa imensa revolta relutante que sem mais nem menos quis aparecer para me resgatar de qualquer coisa que havia esquecido que tinha nome. Hoje não é um dia de glória, pois não. É um dia de chuva. Enquanto o chão ainda cheira a qualquer coisa úmida o corpo vai se sentir assim: encharcado. Os sonhos que pareciam estranhos vão continuar a empregar resistência contra o comum uso do esquecimento e os lábios continuaram secos enquanto a cabeça pesará mais do que num dia comum de sol - porque o sol é comum.***


 

14.4.09

pygmy my motha f*cking grizzly!





Pygmy Grizzly é o projeto de música eletronica do meu maridinho, Andrew "Squirrel" Roberts. Para ouvir clique AQUI. Imagem por mim mesma. DIREITOS RESERVADOS!


***

12.4.09

truth about existencialism


"Existentialism is often discussed as if it’s a philosophy of despair. But I think the truth is just the opposite. Sartre once interviewed said he never really felt a day of despair in his life. But one thing that comes out from reading these guys is not a sense of anguish about life so much as a real kind of exuberance of feeling on top of it. It’s like your life is yours to create."


***

Philosophy professor Robert Solomon, at the University of Texas at Austin - tirado do filme Waking Life.

7.4.09

capítulo novo!


AQUI!


variação, resquício, paisagem



Como dizer exatamente o que se vive no instante catalisador em que uma música se transforma num tempo e em que alguns segundos - se o ouvinte for sortudo, talvez minutos - a magia rola entre nossos dedos e escorre pela palma de nossas mãos que por sua vez assimila toda a força e real magnitude de um mundo de sensações, porque quando brota, reassume a forma perdida do que o primeiro humano algum dia chamou de beleza e assim aceitamos nossa inferioridade perante o real significado do que é amar, que por sua vez é viver em um segundo de uma música que só toca a nós daquela determinada maneira e quando é, é. Nada mais que respira - inclusive o meio físico onde aquela canção em questão foi concebida - pode contestar a intimidade real entre assimilador e o tudo. O tudo se entrelaça às veias, se instala nas artérias, resplandece em um vértice de miragens e finalmente repousa no cume daquela montanha mais alta só para que o ar não o alcance e a humanidade não tenha que viver a procurar por ele. 

Amigo, eu te digo: encontre sua música ou morra por esperar muito tempo nesse eco de solidão auto imposta.


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momentos inesquecíveis (alice sendo melancólica) parte 14


" What is more obscene: Sex or war? "


***


Larry Flynt (Woody Harrelson)  mostrando como tudo que vive e respira na "América" é hipócrita. Grande filme! Ele inteiro é um tapa na cara.



4.4.09

a devoção segundo consta... - por aqui, manú



"Expresso a mim e a ti os meus desejos mais ocultos e consigo com as palavras uma orgíaca beleza profunda" - Clarice Lispector







uí abria calmamente a porta como se dentro de sua inaptidão para realmente aceitar o fato de que talvez não soubesse o que estava fazendo, também existisse a certeza de que tudo ficaria bem. "Afinal, a porta já estava aberta..." Nós entramos. Era uma casa certamente bem cuidada e com algum receio temia pisar em solo alheio de forma que acabasse assustando os moradores, mas Luí simplesmente entrou batendo os pés contra o batente da porta, "pra sacudir a areia fora", com uma segurança de estremecer meus pobres ossos. Luí, mas como que entramos assim em casa alheia? "Fique tranquila!". As grandes janelas laterais deixavam uma vista encantadora desaguar pelo grande antro que aquela imensa casa parecia ser. Apenas um cômodo, é o que achamos. Em um canto uma cozinha improvisada, aos fundos um banheiro quase inteiro aberto que possuía apenas uma pequena cortina envolta da banheira que deveria ser de cobre e muitas janelas, por todos os lados... Luí parecia conhecer o lugar, seus olhos percebiam tudo com naturalidade como sempre foi. Nossas escapadas anteriores eram sempre curtas, nossas conversas, sempre contidas, meus olhares sempre aflitos mas essa era mais do mesmo, era uma continuação do que nunca tínhamos coragem de fazer. Dessa vez algo tinha sido deixado de lado e nada mais poderia ser visto como um filme bom, éramos um que vivia em um fio e esse tal cordão nos servia de extensão. Enquanto vivíamos nesse fio, viveríamos por nós dois sendo um e naquela imensa sala, que era mesmo como um imenso e -curiosamente ao mesmo tempo- aconchegante quarto, seríamos a evolução dessa espécie. 


Luí arrumava as cortinas que teimavam em esconder os cantos das janelas emolduradas, eu tentava encontrar qualquer coisa que me provasse que aquilo não era um truque de Luí,  alguma armação para me fazer acreditar que estávamos simplesmente embarcando nesse ato criminoso ao invadir a casa de alguém. "Já olhou a geladeira?", a geladeira? Para que? "Veja o que tem lá". Desconfiada fui até o canto na cozinha improvisada e notei que por toda a porta fotos presas por imãs ali permaneciam, imagens colecionadas por qualquer um que fosse aquele que ali morasse. Bem no centro Luí sorria com um copo qualquer na mão, ao seu lado uma garota, a mesma presente em todas as outras imagens. Eles pareciam felizes, logo ouvi seus passos chegando perto. "Pois o que achou por aí?", Luí, quem é essa mulher? "Qual mulher?" essa, a que está contigo nessa foto? Ignorando a pergunta, Luí foi direto à parte interna da porta onde algumas garrafas de vinho estavam a fácil alcance, ele já sabia bem onde encontrar o que. "Essa...mulher é minha irmãzinha menor. Marie." Marie? Você tem uma irmã que se chama Marie? "Tenho! Porque a surpresa?"... Eu achava que você não existia. Quem não existe não tem irmã.


Um gole e ele finalmente sorria. "Pois eu não existo, Manú". Fazia tempo que não me chamava pelo meu nome e quando o ouvia assim meu, mesmo que por pouco tempo - mesmo porque o tempo era razoavelmente intolerante, ele teria dito em algum momento - algo era devastado novamente por dentro de minhas artérias e essa sangue contaminado era levado ao meu peito. Mais rápido do que qualquer nutriente que faltasse e com mais certeza do que qualquer vírus ou bactéria, meu coração era tomado por essa moléstia. Meu corpo se contraia por si e se revirava por ele. Seus lábios chegaram bem próximos dos meus enquanto sentia o cheiro forte do vinho que estava em sua mão... Que tipo de francês é você, que bebe o vinho direto do gargalo desse jeito? "Um dos melhores que há, mademoiselle Manú..." Naquela noite estaríamos bem servidos na casa da irmã de Luí - pelo que me parecia ser. Marie deveria ser feliz, não saberia dizer, mas nada arrancaria dele hoje a não ser a roupa, os sapatos e o relógio. Ah, havia esquecido de contar do relógio de Luí, ele estava sempre parado: a hora de escolha? 22h22.


***


3.4.09



***


quando a alice gostava do cheiro do asfalto

ela ouvia lou reed.

escrevia em folhas diversas, pedaços de sacos de pão, 

cadernos,orelhas e folhas quaisquer de livros

enquanto o asfalto queimava bruto


lá fora.


enquanto ela era um outro alguém

nada podia alcançá-la

ela acreditava nessa distância

e que o mundo se tornaria dela assim que as coisas se esclarecessem

mas


a luz veio


e o céu não se abriu em seu


umbigo.


é.


querer é para poucos.



***