20.11.10

amor só é amor quando...



'love ain't love until you give it up'
eddie vedder





Ah... Eu conheço bem o cheiro, a mistura de cigarro queimando e um leve odor de algum tipo de bebida alcoólica (geralmente vinho tinto chileno), o peso da lã fina usada na confecção da flanela que deve ser a de estimação, afinal ele sempre é visto com ela... o pisar firme das botas sujas de lama, remendadas, reutilizadas, reabilitadas over and over and over again... sim, eu conheço bem. O cabelo emaranhado, tão parecido com o meu. Eu conheço bem.

Quantas vezes repeti que o que me bastava na vida era um Eddie Vedder e uma janela pra chamar de minha? Milhões. Quantas vezes conquistei toda essa simplicidade que preciso? Nenhuma. Quantas vezes decorei alguma música que de cara se enfiava na minha intimidade de tal maneira que a dor não passava de lembrança esquecível? Quantas vezes a melodia, a letra e tudo aquilo que vive e respira nas entrelinhas, revirava com um mundo que ainda não conhecia, pronto para me engolir?

Muitas. Milhares. Tantas que não sei se existe número que conte.

Paro e penso se devo dizer o que vou dizer... mas digo mesmo assim, sempre estive pronta. Todas as vezes, por todo esse tempo, do começo ao fim e do fim até o próximo começo... 

Não que eu espere que de fato esse cara vá caminhar até minha porta, dar um hello e me chamar pra dançar na chuva, mas que o tempo que a música dura, os instantes logo após os primeiros acordes, os segundos entre uma palavra e outra - o tempo de uma inspiração ofegante ou não - são no fim tudo o que preciso. Os segundos necessários para que um sonho qualquer ou uma visão, revitalizem todo um corpo e mente de uma menina pouco sã, feliz demais por amar desse jeito único dela.


Até a próxima canção.




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16.11.10

vinte e seis, dezoito, dezesseis anos... é tudo a mesma coisa.


Eu? Eu gosto de livros na estante, de cores infinitamente mais delicadas do que as minhas cores naturais por todos os cantos, da música alta chorando baixo entre quatro paredes e prefiro os perfumes úteis. Sim, é o que você ouviu. 

Pois no dia treze de novembro de dois mil e dez fiz vinte e seis anos, se isso ainda importa? Não sei. Desde quando completei dezoito anos parei de perceber... aliás, tudo mudou quando fiz dezesseis e por ali parou. Acabei sempre sendo uma continuação das mudanças que propus para mim mesma naquele ano e a partir dali, a vida surgiu de maneiras (quase) óbvias e ao mesmo tempo tomou rumos indistintos. O centro, o miolo, a raiz continuam as mesmas... por sinal: a mesma. Uma cumplicidade do mesmo inteira, cheia de ramos que unidos engrossam, encontram força e buscam pela superfície... do que? De mim mesma.

O desejo, o intuito, a razão sempre foram um. O resultado, o fim do túnel, o pote de ouro no final do arco-íris sempre teve um nome e o nome sempre foi o mesmo, nunca mudou a cor, o jeito, o cheiro como o tempo insiste em querer que eu acredite... o tempo não mudou desde os meus dezesseis anos, os olhos observando num canto da minha janela, as mãos prontas para me apoiarem assim que a queda fosse iminente... ah, dez anos se passaram e por mais que tenham passado, os meus dezesseis anos vivem confortáveis dentro das minhas veias...

Meus dias nunca mudaram apesar de terem mudado radicalmente. Meus prazeres, minhas vontades, minha beleza que toma formas diferentes, sempre, continuam as mesmas e a geografia por mais que grite 'alice doesn't live here anymore!' está brutalmente enganada. Sempre vivi onde vivo, desde os meus dezesseis anos...

Pois, vinte e seis. Vinte e seis em um treze de novembro de dois mil e dez é algo para ser marcado, não porque qualquer coisa tenha mudado.... mas precisamente porque nada, nada realmente mudou - e isso é bom.



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