13.8.07

toyon days... or is it California Poppy?


a noite demorou pra chegar, mas finalmente abraçou essa terra quente e seca. a trégua, mesmo assim, não veio como em um piscar de olhos...

você esperava o tempo passar enquanto eu também esperava, desejando ver no visor colorido do celular o seu nome piscando... esses tempos modernos são assim como uma coisa inexplicável, um arranhão no teto que foi parar ali, não sei nem como.
quando você chegou as sobrancelhas estavam pesadas, os ombros curvados e a voz rouca... quando você chegou o abafado já não me parecia tão ruim enquanto as calçadas e as pessoas viravam sombras e nuances, entre uma gargalhada e outra, entre uma gafe e outra, entre um leve exibicionismo e uma inocente vontade de ficar perto demais...

naquela esquina onde o poste de luz parece de filme, gene kelly ficaria orgulhoso. você fazia o mesmo que ele só que sobre quatro rodinhas e uma prancha... enquanto ouvíamos o poeta senil vender seu anúncio no jornal do vagabundo, eu senti o peso dos seus olhos sobre o meu rosto, prestando atenção nos meus lábios que repetiam o que nosso jornaleiro declamava... os seus olhos me olhavam como se eu não soubesse que estavam ali, como se eu simplesmente existisse pra você olhar assim, quando está cansado demais de ser do mundo... e eu não me importo.

estar aqui com você é afinal, como ser alguém que nunca fui e ao mesmo tempo sempre tive de ser... agora sim é fácil.

fácil, fácil como se fosse natural...