30.4.07

Agora é a minha lista!

todo mundo tá fazendo então vou fazer também! vou dividir com vocês minhas preferências...



number one eternally:

não. não é o Johnny Depp, aliás nem vou colocá-lo na lista porque ele é um artigo muito, muito, muito cobiçado e está bem servido com a linda Mer e com a Carol... o meu número, o meu par eterno, meu lindo e maravilhoso feio arrumado, meu escorpiãzinho em conserva com os dentes tortos mais charmosos que já vi é o Ethan Hawke. ele atua, ele dança, ele canta, ele escreve, ele dirige e ele me faz feliz.

number two eternally:

esse ninguém irá concordar! mr. John Anthony Mothafuckin' Frusciante é um ex "drug abuser", magricela, com todos os dentes postiços e com biquinho de brigitte bardot. enfim, ele é um ser! mas como diria Flea, ele é o cara mais humano desse planeta então eu o amo eternamente.
number three eternally:


Josh Hartnett me ensinou que homens choram sim! e ele chora pra valer, em todos os filmes! é magricela também mas agora que a idade está chegando deu pra malhar. é sensível, é bobão e tem um quê romântico e triste que só encontro nele. enfim, ele é o meu amor de verão. o meu canceriano favorito.

number four eternally:


não dá pra não por o cara na lista porque ele tá em todas as listas que eu poderia faze
r, top ten filósofos, top ten cantores, top ten rock 'n' rollers, top ten gostosões, top ten gente igual vinho etc... Eddie Vedder sempre fez crescer em mim vontades que estão fora de qualquer padrão de vontade de qualquer ser humano na terra e eu o amo demais!

number five eternally
:


Clive Owen tem a cara mais torta que eu já vi e mesmo assim é perfeito! tudo o que ele faz da gosto de assistir só porque é com ele, talvez por causa dessa energia que ele me passa de cara bem vivido... é isso, ele é um cara bem vivido... ah, e é de libra!

number six eternally:


Gerard Butler não estaria aqui há um mês atrás mas agora esse posto é todo dele. Eita escorpiãozinho mais delicioso! Tem a boca torta, é escocês e tem uns olhões que não cabem na cara! E as mãos dele são de me matar do coração... sem contar que ele é uma simpatia de moço! (não que eu tenha conhecido mas dá pra ver... ha!)


number seven eternally:


ele é demente, não é possível entender o que se passa na cabeça de uma pessoa que faz tantos papéis esquisitos, perturbados ou perturbadores da paz alheia! Christian Bale merece qualquer prêmio em qualquer top ten só por essa demência tão peculiar! ah... eu amo quando ele está mais "cheiinho"...
number eight eternally:

Heath Ledger é um tôtôso australiano com cara de cachorro perdido e péssimo gosto que eu amo! já ouve uma época que achava que ele era a minha alma gêmea... hahaha. infelizmente a michelle williams chegou mais rápido (sim, sim, a pentelha adolescente de dawson's creek!).

number nine eternally:

ladies and gentlemen, please welcome from the dead world, Mr. Jim Morrison! ele me inspirou sempre. ele foi minha razão de ser expulsa da igreja mormon no texas! ele me fez querer escrever pela primeira vez e foi o cara que me fez pirar em um disco inteiro também pela primeira vez. ele era tudo de bom...
number ten eternally:


ele nem é bonito mas eu amo caras meio toscos! tem o queixo terrivelmente enorme e parece que tá sempre mascando algo. tem um sotaque ridículo, o dente separado e é meio doido. ele é despirocado e sempre faz algo chocante. desde pedir emprego em troca de paz na rua até escalar a ponte pedindo pelo fim da guerra... ele é o Woody Harrelson.

uma praça, um sorvete e uma corridinha rápida

pare.
contente.
isso, fique assim mais um tempo porque está frio.
sorria, você brotou nesse jardim e não é só jeito de falar, o jardim estava cheio de erva daninha.
deu o tempo? respirou? percebeu a olhadinha de lado? o vento batendo tirando a franja do rosto, trazendo o cheiro pra perto de mim?
isso, agora calma.
tem dois lados de tudo mas os dois estão de frente pra mim.
tem dois lados dessa terra, duas vontades, duas canções tocando alto e eu reconheço as duas sem poder acompanhar nenhuma...
tem raios de cores
flores de todos os sabores
castelos de luz e lagos pretos.
tem até budha sentado te olhando com cara de sossego
e eu odeio esse sossego.
quero o relevo pra andar até ele e ver o que tem depois.
viu?
deu tempo?
então pare.
contente.
fique assim mais um tempo porque está frio.

26.4.07

di.rectly.di.rexit



ele estava preso na cadeira e a cadeira era muito confortável. era perfeita a vista de onde conseguia ver mas queria mais e não se continha porque seu coração batia em um ritmo acelerado e perplexo, esperando o tempo correr. um impulso elétrico estremeceu seus dedos, os olhos se fixaram na tela e de repente a energia gerada virou ação. os dedos teclaram freneticamente, a testa suada não importava e as pessoas em volta não prestavam atenção. ele tinha que deixar aquilo vir, do jeito que não viria se estivesse deitado ao leito de um rio observando as folhas caindo na superfície da água... ele tinha um propósito. zumbia em seus ouvidos algumas palavras, jogadas e soltas que quando viravam letra faziam questão de ter juízo.
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"não diga o que sente mas sinta. se a pressa é grande deixe-a passar, ela tem urgência e não é a toa. se o dia é curto pra cantar vitória, cante ao amanhecer... o sol sempre quer ouvir coisas novas, pulmões cheios de ar dourado, cheios de amor quente pronto pra ceder. dê uns passos em volta de si e saia de si. porque fluir é termo, viver é o meio."
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aquilo era uma voz distante.
era um aquilo ou aquela? era de onde ele vinha ou de onde acabaria indo...
ele tinha certeza daquilo mas não saberia explicar se precisasse. talvez porque não precisasse realmente e tinha gente que entendia por
ele, tinha gente que andava com a mesma pressa que ele, tinha gente com o mesmo pensamento longe que o dele e tão perto... tocou o telefone e tocou o copo. do copo a mão foi para a mão, foi para a cintura. da cintura o próximo e longe se mesclaram em cores de um céu preto e com poucas estrelas... não tinha nada não, ele pintava o céu com ela do lado... ele se parte em dois e esses dois tem vida própria, o humor é fruto de coisas do mundo que ele não precisa digerir, os dois são um afinal. correndo atrás dessa pressa... correndo atrás e deixando com que ela o persiga... irremediável meu bem.
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"é seu tempo de viver na pressa por dias de cores inventadas por você"



a voz era firme, precisa e era dele.
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-primeira foto tirada por mim, Alice Salles,
segunda foto tirada por Felipe Belão Iubel
Modelo: Diogo Gameiro.

21.4.07

"Uma lembrança para Josh" - mais partes, mais partes...

Você se lembra do caminho? Se lembra do taxi? Eu não conseguia parar nenhum então agarrou minha mão e se colocou na frente de um deles enquanto o vento frio e a noite começavam a me lembrar de quem eu era, de onde eu estava e porque estava ali, segurando a sua mão. Foram alguns minutos dentro do carro, olhando pela janela tentando me entender. Sempre tive aquela sensação de quando chegasse o momento eu saberia, mas eu não sabia de nada! Respirava aquele ar gelado e me doía o peito, olhava pra você e você não olhava pra mim, era uma aflição, um receio que cresceu, que me tomou, que me enjôou e eu cheguei mais perto da porta, pra longe de você que percebeu o que tinha acontecido. Não tentou me puxar pra perto e nem tentou falar comigo, durante aqueles longos e poucos minutos que pesaram em meus ombros. Ao chegar no hotel você pagou o motorista e me seguiu entrando pelo saguão, foi próximo de mim como uma sombra, um vulto sereno, todos olhavam para você e logo em seguida para mim, com aquele ar de incompreensão. Esse hotel era bem diferente do anterior. Era todo de vidro, panorâmico isso, panorâmico aquilo... tinha muitos andares e muitas pessoas passando, indo e vindo, subindo e descendo e eu não tinha paciência, não hoje, não depois daquela sensação ruim do carro. Ao chegar no meu andar você continuou me seguindo, na frente da porta do quarto eu coloquei a chave no seu lugar e parei, fechei os olhos e senti você atrás de mim, senti seu calor. Você puxou o meu cabelo passando os dedos no couro cabeludo me arrepiando completamente, você tem idéia do que aquilo fez comigo? Você pousou - digo pousou porque foi quase um toque, quase uma brisa passando por mim - os lábios na minha nuca e então a porta se abriu. E dentro daquele quarto ficamos até o dia seguinte.
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***
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Era cedo e a janela do quarto era imensa, o vidro era espesso e você estava sentado nos pés da cama olhando o sol nascer e estava lindo do seu jeito, esperando eu acordar. Enquanto o sol nascia, enquanto o calor o acompanhava e seus olhos se irritavam com a luminosidade, enquanto eu observava seu tronco imóvel, sua respiração curta e seus lábios levemente entreabertos... enquanto tudo parecia um sonho eu senti que a miragem era nítida mas só óbvia para mim. Se existia qualquer coisa entre essas duas pessoas que não se conheciam essa coisa era um vazio inexplicável e uma vontade maior do que o vazio. Você continuou ali, imóvel.
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Eu me sentei enrolada no lençol e fiquei ali olhando o céu enquanto você olhava para mim. Continuamos ali um bom tempo até a primeira palavra que eu quase sussurrei, quase porque estava tão silencioso que qualquer ruido parecia um rufar de tambores.
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"Não parece o dia em que nos conhecemos..."
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Naquele momento sim, você se lembrou do dia que nos vimos pela primeira vez. Havia sido há alguns anos atrás, numa tarde ensolarada como todas as tardes do sul da Califórnia, onde todos so sonhos se realizam e se entrelaçam como um corredor de luz, um espetáculo de nuances de azul. Onde todos são blue. Eu estava há alguns metros do mar e não estava sozinha. Você caminhava com os pés na água sem ligar muito pra tudo em volta, seu pensamento estava longe e eu o reconheci mas não quis admitir a ninguém. Você estava tão quieto e triste que doeu em mim e o alcancei mais a frente depois de te ver caminhar por alguns minutos. Você sentiu alguém chegando e parou. Eu congelei com o acontecido e você se virou de frente para mim. Deu um sorriso lindo, meio sem graça com os olhos molhados e voltou pro seu caminho. Aquilo marcou minha memória e eu me mantive quieta pra não me perder em você. Para não querer gritar seu nome, que sabia, que havia decorado com prazer depois de te ver tantas outras vezes...

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Você havia aparecido e sumido, tudo num período de dez minutos que agora voltavam à sua memória. Você olhava para mim e não acreditava que havia me abandonado ali na praia sem nem saber quem eu era. Respirando fundo e ainda com o olhar fixo em mim ou em qualquer pessoa que eu havia me tornado para você, sua voz saiu com um peso de recomeço, com um ar de reticências...
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"Não parece... mas também não parece qualquer coisa que já vivi antes..."
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Foi quando tirei meus olhos da paisagem e os pousei sobre você. Puxei você pra perto de mim e você se deitou sobre meu corpo, se encaixou embaixo do lençol, entre minhas pernas com o rosto descansado sobre meu peito me abraçando forte como se nada mais importasse. E eu queria te dar naquele momento tudo o que eu tinha, toda a minha vida mas o sol estava tão forte, já não dava mais tempo.

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***
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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À ALICE SALLES
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20.4.07

Maria sem história...

Maria,a Louca ajoelhou de frente para a sua cama de papelão no beco sem saída naquela noite fria de agosto e rezou.
Pensou duas, três e quatro vezes antes de fazer o que estava prestes a fazer.
Beijou o chão que "viveu" por tanto tempo.
Maria costumava rezar e pedir por uma vida mais digna para seus filhos, que estavam em algum lugar muito longe dali. Mas no fundo, Maria não se importava.
Ela queria um pedaço de coberta, pra morrer quentinha.
Ela queria uma mão grande de homem bonito e forte pra fechar os olhos dela, mas não tinha.
Ela queria um teto bem largo e forte pra amparar a chuva mas tudo que a cobria era um papelão molhado que já pingava sem parar desde o fim da tarde.
Maria queria lutar mas já tinha desistido e a fuga foi mais forte do que ela, foi quase um doce que ela sonhava em comer... uma torta de limão da padaria da esquina.
Maria pensava alto enquanto rezava, ela costumava fazer duas coisas ao mesmo tempo, desde o tempo que trabalhou como secretária em um escritório de advocacia.
Maria, a Louca.
Perdida nesse beco sem batom.
O batom ficou na bolsa
no passado
não nessa vida.
Maria queria ter um último fôlego, mas não deu tempo.
Maria queria um remédio que a colocasse pra dormir, mas não teve dinheiro.
Maria não morreu porque simplesmente sumiu, engolida pela terra, como acontece com qualquer um que abandona tudo pra virar pó e gente sem história.

"sem nexo real".... rá!

nossa!
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quando o sol nascer não deixe de me acordar.
faz falta o sereno da madrugada.
faz falta a lua que foge do sol e faz falta ser um pouco como ela. mas sou tão sol...
e se todas as nuvens me cobrissem ainda seria sol. uma tarde de abril e uma noite de março é tudo que resta pra divulgar meus erros, aprender a não entender do que é errado e do que é preciso. precisão em tudo é coisa de bandido... precisão de bandido não é bom pra quem nem percebe se vai ou se fica e já que nexo não é o meu forte basta esticar os braços, estalar os dedos, gritar bem alto e pedir pra que o mundo se acabe pra que eu fique aqui... só olhando, só olhando...
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você já teve aquela sensação de que só viveu dentro do que você pensou?

18.4.07

a rose to Josh - the movie


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O Mr. Gravata fez um presente lindo para mim! E eu agradeço do fundo do coração (ai que brega)!

Só para alimentar mais essa minha doentia relação com o meu amigo íntimo Josh Hartnett! !

17.4.07

angel with no wings to carry her

ela é pesada.
como é pesada a terra quando está molhada.
depois da tempestade desses dias de finais infelizes, pra quem vê o dia como uma vida a mais.
ela é pesada como uma pessoa contente porque tira desse contentamento mais tempo,
pra entender de nada
que a faça se desprender de tudo e compreender tudo
e morar nessa compreensão,
eternamente.
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16.4.07

Sobre o "Uma lembrança para Josh"

A todos que estão acompanhando essa histórinha:
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Não sei o que será desses dois,
não sei nem se será qualquer coisa...
não sei se são dois ou se são um.
Enquanto não sei vou vivendo e eles me dizem...

"Uma lembrança para Josh" - mais uma parte...

O relógio no meu celular marcava seis e doze.
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No meio daquela multidão que ia e vinha, atravessando a avenida eu continuava prestando atenção na sua figura que permanecia imóvel do outro lado, apenas me observando sem nem mudar a expressão de desacreditado que tinha no rosto. Eu me movimentava pela calçada para não perder você de vista... era realmente um mundo de gente naquela tarde em NY.
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"Ele não se mexe..." eu pensava. Enquanto tentava decidir se atravessava a rua ou não você se virou e começou a andar rápido. Pronto, estava nítido quem tinha que correr atrás de quem agora, esse alguém era eu.
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Eu nem olhei muito para o semáforo mas sabia que podia passar, tinha muita gente passando também mas tudo que eu conseguia pensar era porque raios eu não tinha tomado banho antes! Corri para o outro lado da calçada mas você já estava dando a volta na esquina, continuei desesperada te procurando. Você entrou em uma casa escura, um bar que mais parecia um pub. No centro uma mesa de sinuca, um bar com caras mal encarados e muita, muita fumaça por todos os lados, a minha respiração estava tão difícil que eu acho que fiquei semi-inconsciente porque tudo que me faz lembrar desse lugar são imagens cortadas, pedaços de rolos de filme, pequenas fotografias que eu juntei pra escrever isso pra você. Me sentei no balcão para me acalmar e tentar trazer a respiração de volta e tudo foi ficando mais claro. Tinha visto você entrar mas não o via mais, nem na mesa de sinuca, nem pelas mesas onde se via gente jogando cartas e bebendo sem parar e nem no balcão do bar onde eu estava estacionada. Foi quando eu ouvi uma voz de trás do balcão, um senhor com um sotaque meio irlandês e com cheiro forte de tabaco que chegou bem perto de mim, colocando um copo a minha frente
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"Garota! Tome aqui, por conta do rapaz que te espera naquela sala..."
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Serviu um copo com McCallan apontando pro fundo do bar. Me levantei sem tocar na bebida e caminhei até uma sala que tinha como porta uma cortina velha e marron, que combinava bem com a falta de luz daquele ambiente tão agradável! Você estava ali, sentado na frente da janela, bebendo e fumando olhando pra mim. Eu não fiz nada e continue de frente pra você. O cheiro de mofo me enjoou profundamente. Não conseguia parar de imaginar aqueles fungos se alojando nos meus pulmões... preço certamente caro pra se pagar por uma aventura que tinha sido no mínimo inusitada. Mas eu estava ali e você tinha me trazido para esse momento e esse lugar sem nem pensar muito e continuava me observando, como um professor que espera o aluno dar a pergunta certa para o problema que ele acabou de resolver. "Por que isso agora? Por que com ele?"... Foi depois de um silêncio ensurdecedor e pesado que terminando de tragar o seu cigarro você se levantou, pisando leve quase sem encostar no chão e chegou bem perto de mim, soltou a fumaça pro lado, me olhou bem nos olhos e sorriu apoiando a sua mão esquerda atrás da minha cintura. Aquela voz rouca e grave sua estremeceu as paredes do meu tímpano e me tirou o chão
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"Eu odeio cidade grande, odeio essa loucura mas ela me trouxe uma coisa linda, uma lembrança linda... parece que do caos algo tinha que ser concreto... qual é o nome da beleza no caos? Qual é o nome da lembrança que alguém quis deixar pra mim?"
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Ali eu já não sabia mais o meu nome e pra você me entender tem que descobrir o que acontece com a cabeça de alguém que não entende de sonho se realizar.Você tem que saber de gente que sonha sem esperar e de gente que quer, sem saber porque quer e porque perdeu a chance antes de tentar. Você entende disso? Já sentiu isso antes? Aposto que sim mas nunca detrás dos meus olhos... então minha resposta foi simples, foi mais do que um nome, mais do que uma lista de explicações ou razões pra ter sumido, foi um choro desmedido, quase infantil e que fazia tempo que eu não deixava sair. Tentei segurar, olhei pra outro canto mas você me apertava, me apoiava, me prendia contra você sem pudor nenhum como se me conhecesse há muito tempo. Aquele socorro foi o alívio da minha alma e eu nunca imaginei que sentiria isso. Queria morrer ali mas você também não deixaria, saber quem eu era era mais importante do que meu vazio ser preenchido? Talvez... era provável que eu teria que me segurar e tentar falar qualquer coisa mas enquanto eu chorava você me abraçava mais forte e segurava meu rosto com a outra mão, a compreensiva tarefa de acolher foi sorteada por você quando me viu e eu te escolhi, sem querer você teve que estar ali, naquele instante pra cuidar de mim. Nós nos ajoelhamos enquanto eu limpava o rosto e me acalmava, o cheiro de mofo ficou ainda mais forte e sua compaixão era tanta que ficou emocionado comigo e quando eu vi seus olhinhos cheios d'água eu dei uma gargalhada terrível! Ainda bem que você riu junto e eu falei
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"Alice, meu nome é Alice."
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Você sorriu como se agradecesse e eu me levantei te deixando um pouco confuso saindo da sala! "Ah não... denovo não", você deve ter pensado e ficou ali parado olhando para a tal da porta feita de cortina sem entender nada! Sorriu de lado, se arrumou com as pernas cruzadas no chão e apoiou a cabeça sobre as mãos incrédulo comigo e com tudo aquilo. Alguns segundos depois dois pés caminhando na sua direção pararam e você ouviu minha voz
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"Você não vem?"
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E olhou pra mim com o rosto vermelho meio de felicidade e alívio se levantando. Te levei até o hotel que estava hospedada, não aguentava mais a sensação de falta de banho e de um lugar familiar, queria me ver livre do mofo e da fumaça que me sufocaram. Você não perguntou nada e eu não expliquei nada. Você me seguiu contente e eu tinha certeza que aquilo era tudo uma grande ilusão, uma grande viagem da nossa cabeça mas já não dava pra te ver e não te ter denovo, você era o meu problema e com esse problema encontraria uma saída.
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***
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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À ALICE SALLES


14.4.07

"Uma lembrança para Josh" - continuação...

Eu não deixei rastros, como você desejou. Um amor pra se lembrar, só isso. Um amor? Não chegou a tanto. Eu sabia quem você era, sabia que poderia te achar se realmente tentasse mas como você conseguiria me encontrar? Você não tinha nada, só um rosto. Um leve sotaque que o fizesse lembrar de algo... latino, talvez? Não... eu era tão cheia de sardas afinal! E mesmo se tivesse ouvido mais do que algumas palavras, não seria o suficiente pra saber. Aquela noite começava fria e o terror da noite é essa, entrar em suas entranhas sozinho, como se tivessem arrancado todo o ar a sua volta. O vazio é muito fundo e você não sabe onde se meteu e se meteu os pés pelas mãos.
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Você juntou suas coisas, se vestiu pensando que não seria assim tão difícil me encontrar - afinal estamos em NY, em um dia qualquer de dois mil e sete entre os oito milhões ou mais de moradores dessa enorme cidade - e desceu com aquela coceirinha de que "talvez ela tenha deixado algo pra mim na recepção". Mas era um engano doce seu, mesmo assim um engano. Colocando a sua toca preta e enfiando as mãos no bolso você saiu do hotel respirando aquele ar gelado, que cortava os pulmões mas que pelo menos era real. Pelo menos ele estava lá, o ar gelado, fazendo companhia a todos aqueles solitários a sua volta. Era tarde e o seu relógio estava atrasado. Ainda caminhando sem rumo entre as pessoas e a lembrança do que estava escrito naquela janela ainda estava viva, tinha virado fotografia em sua mente e nada apagava.
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"Não quero esquecer do rosto dela..."
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As pessoas, as luzes, a neve e o frio. Uma menina de uns catorze anos te pede um autógrafo e você sorri e assina um papelzinho que ela te entrega com uma caneta barata de alguma farmácia da região. Os pés continuam andando... As pessoas continuam passando...
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Eu fui pro hotel que estava hospedada aqueles dias. Seriam duas semanas por ali e depois iria de volta pra casa em Santa Monica. Ainda não tinha parado pra pensar em você pra não sentir que fiz a grande porcaria que fiz. O grande estrago estava lá, na minha cara porque um dia desses a gente iria se reencontrar, e como seria? Eu vivo nesse mundo que você também vive e em uma noite de pura picaretagem desse destino que se alimenta de nós, tudo ficaria claro para você e para mim, mas pensar nunca é um caminho fácil. Nem mesmo uma opção. Fiquei quieta lendo meus emails, olhando as minhas fotos e procurando fotos suas no google, a noite passou rápida e eu caí sobre a mesinha do lado do frigobar. Quando o sol nasceu eu lembrei que tinha sido tudo um sonho. Sim, era mais fácil achar que dormi ali, vendo foto sua e sonhei tudo mas logo me ligaram alguns minutos depois das dez da manhã, pra me lembrarem que não tinha feito nada do que deveria ter feito no dia anterior... que sacanagem! Nem quando a gente quer fingir a gente consegue...
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No mesmo dia alguém te encontrou saindo de um prédio qualquer em um bairro qualquer da cidade e acabou tirando algumas fotos que saíram nos tabloids comentando sua cara de "acabado". Você tinha reunião com muita gente aquela tarde para viver um pouco da parte do trabalho burocrático que odiava com todo seu ser, pilhas de contratos, cláusulas e muito falatório, regados a café, conversas paralelas e sonhos aparte... tudo para o brilho se manter vivo, para o sonho se transformar em algo real e para que ninguém perdesse o galã do projeto. Eu tinha que chegar ao meio dia no número mil duzentos e noventa da Avenida das Américas para mostrar alguns textos prontos para a correção do "detector de mentiras" da "editor/publisher" responsável pela minha loucura e pequena liberdade poética (ufa!). Havia parado de pensar em você por alguns instantes ao entrar no escritório mas, sentada esperando para ser atendida, o imaginei entrando pela porta. Talvez para discutir qualquer coisa a respeito de uma matéria sobre algum novo filme ou apenas para dizer que me seguiu esse tempo todo para nos encontrarmos para uma conversa final, um olá-como-vai-você?
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Mas você não entrou.
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Enquanto pegavam um café com leite no Starbucks todo mundo falava e falava e você só concordava. É tão delicado que não perguntava nem se não entendia o que estavam te dizendo, simplesmente aceitava. Estava muito bem acompanhado de algumas outras figuras tão batidas que perdia o tesão pela coisa, a cada segundo você olhava para a porta imensa de vidro e tentava encontrar em todos os rostos passando por ali algum que se parecesse com o meu. Alguém que o lembrasse de mim, "não posso esquecer o rosto dela", você pensava como se ouvisse um mantra se repetindo vertiginosamente apagando tudo que estava a sua volta.
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Mas eu não aparecia.
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O dia passou sem rastros de nada grandioso porque mesmo fechando o grande acordo que acabara de fechar, ainda me ruía a alma não ter falado com você antes de descer naquele elevador. Seu cheiro ainda estava em mim, nem tinha tomado banho! Se pudesse ficar assim mais algum tempo ficaria mas algum dia teria que te exorcizar de mim. Era fim da tarde e meu telefone tocou quando cheguei a rua, atendi e não era nada de importante. Continuei andando e parei pra esfregar meus olhos, infelizmente com isso borrei toda a maquiagem! Você estava do outro lado da rua, a neve tinha dado uma trégua e não podia ser miragem nem enganação da minha mente perturbada, você estava lá e eu não quis sair correndo. Fiquei imóvel e você também.

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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À ALICE SALLES


13.4.07

ventos do norte... buuuuuuuu

o que a gente faz quando cansa de falar?
de pedir?
de mostrar?
o que você faz quando é sexta-feira treze, o seu dia, e tudo mais que te atrapalha pode ser sugado pelo buraco negro da memória que pende no ar e que acidentalmente os ventos do norte levaram pra longe de você... essa flor murcha e azul quase preta que adoece na sua alma e apodrece tudo em volta porque você nem sabe o que fez ela chegar até sua casinha e morar em você dessa maneira...
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peloamordedeus, o que eu faço!? alguma idéia!?

11.4.07

"Uma lembrança para Josh" - o nome original era "Uma rosa pra Josh"!



Aconteceu quando tínhamos tempo.


Sua fama parecia pedir por isso, atitudes agressivas, cenas públicas de rebeldia, bebedeiras homéricas sem perder a pose, o tal do porte. Sua fama clamava por sua inocência, delicadeza do mundo, perdidamente apaixonado por viver sem ter um grande motivo. Eu sei, te entendo...
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Era logo cedo, por volta de sete da manhã. A neve que tinha derretido era fina e não chegava a cobrir as rodas dos carros estacionados aos montes nas ruelas em volta da grande avenida principal. Vi sua silhueta no café da esquina.
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Toca de lã, preta. Casacão Sherlock Holmes azul marinho, luvas pretas, calças jeans escuras, suas botas de exército, seu olhar apertado. Xícara de café quente na mão, levando algo de vivo aos seus lábios que murmuravam algo enquanto observava a tal da avenida. Você não me viu logo de cara.
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Atravessei passando na frente dos carros, causando alvoroço já que nem olhava para os lados. As buzinas, as pessoas me xingando e as freadas bruscas chamaram sua atenção. Você não podia acreditar! Sim, era eu. Entrei no café, pedi um latte doppio para viagem fingindo não o notar e saí. Senti sua sombra atrás de mim. Via seu vulto me seguindo pelas vitrines das lojas. Sentia seu perfume ainda mais próximo de mim... tanto tempo! Fazia tanto tempo que queria sentir esse cheiro e nunca o quis impregnado em mim com tanta vontade como naquele instante. Sua presença ficava mais e mais óbvia. Atravessava as ruas sem olhar e sabia que você estava amando isso, esse perigo todo sem motivo, essa vontade de pedir para eu parar mas porque? Você nem saberia o que dizer...
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Ao passar pelo segundo semáforo de pedestres fechado para mim você apressou seu passo, parou a minha frente, a um metro da calçada. Um motoqueiro quase nos derrubou e saiu xingando sua mãe e seu pai, indiscriminadamente e com razão...
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"Você vai para onde?"
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Seu corpo todo me paralisou, mas existia um hiato, um vazio que quase pesava, dez centímetros entre meu peito pulsando quente e o seu que mais parecia um torso de herói esculpido por Rodin me protegendo do mundo. Você viu que eu não tirei os olhos dos seus e suas mãos quase encostaram nas minhas. As buzinas eram constantes, as pessoas que passavam mal-humoradas nos recriminando... quando que eu ou você ligamos para algum indício de vícios de cultura medieval? Nunca! E não seria agora que isso aconteceria. Não respondi nada e simplesmente o contornei, dei a volta e continuei meu caminho. Meu café ainda quente em minha mão direita, minha bolsa presa firmemente contra o meu tronco pendurada em meu ombro esquerdo - a única coisa colorida em minha figura, por causa do casacão preto - e meu medo de você ter desistido de me seguir. Continuei em um passo ainda mais rápido, minhas bochechas já estavam vermelhas e quentes e meu cabelo completamente desgrenhado. Virei a direita em uma rua onde sabia que teria um hotel que foi montado em um prédio muito antigo. A arquitetura ainda lembrava os antigos casarões ingleses do século dezoito e o carpete macio, o cheiro de mogno e as pessoas me olhando estranho me faziam sentir em casa, mesmo com o coração a milhão cheguei até a recepção e pedi por um quarto...
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"Seu nome, senhora?"
"Senhora!? Ai Deus! Meu nome? Camille. Com dois eles, ok?"
"Só Camille?"
"Camille... Hartnett. Dois tês no fim."
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Eu peguei a chave decidida mas não tive coragem de olhar se você estava perto. Enquanto entrava no elevador e assistia a porta se fechar vi você correndo em minha direção, tentando abrir a porta mas ela se fechou muito rápido e foi também muito rápida a minha reação. Apertei logo o botão para segurar as portas e abri-las novamente e você estava lá, de pé, aquele mesmo torso meio grego, meio tosco, meio do mundo mas longe de mim. Você entrou, eu soltei o botão e deixei a bolsa cair, você segurou o café frio e o colocou no chão. Trouxe seu rosto bem perto do meu, fechou os olhos e sentiu meu perfume, eu fiz o mesmo com você mas meus olhos estavam abertos, atentos a tudo que vinha de você. Seus lábios chegaram bem perto do meu pescoço, sem nunca encostar me forçando a virar de frente para a parede e continuou sentindo meu cheiro, o calor que vinha da minha pele enquanto eu fechava os olhos sentindo sua respiração na minha nuca...
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A porta do elevador se abriu.
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Você agarrou a minha bolsa, eu peguei sua mão para te mostrar o caminho. Já havia estado ali. Andamos até o quarto, número 1978, enquanto abria a porta você me prendeu contra ela, me trouxe de frente para você, me agarrando jogando todo o seu corpo contra o meu. Ainda me lembro bem do quanto eu não queria ter que ir pra lugar nenhum, só queria você. E era tão óbvio o quanto você também me queria e não importava por quanto tempo. O tempo parou porque também queria assistir esses dois se querendo, numa manhã fria, num dia qualquer...
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Com um certo trabalho consegui abrir a porta, bolsa pro chão aberta espalhando tudo aquilo que faz de mim mulher por todos os lados. Casacos também pelo chão traçando nosso caminho até a cama, mas não deu tempo. Estava tão quente ali que os vidros embaçaram. O que era ainda estranho quando não entendia o que estava acontecendo ficou ainda mais irreal mas dizem que a mágica tem hora certa pra acontecer e que se você pensar a respeito, ela se desvanece como cinzas sobre o mar, como miragem na estrada, como sonho... então resolvi deixar o tato exacerbado da minha pele engolir a sua, o suor seu manchar junto do meu o chão, as poltronas e a cama.
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Não sei mais o que aconteceu. Fatos são só fatos porque alguém sempre os conta, repetindo feitos, histórias por trás das histórias, egos inflados e desesperados em batalhas eternas pelo fato mais bem vivido, consumado e digerido... mas realmente não sei o que aconteceu. Talvez egos não estejam mais em questão no momento mas sei que aquele dia, quando acordei do seu lado precisava me afastar. Olhei em volta e pela janela ainda embaçada via um entardecer lindo, o céu sem nuvens e apenas o sol deixando rastros alaranjados por todo o quarto. Você estava dormindo mas não saberia dizer se dormia profundamente. Seu braço ainda estava sobre meu peito e olhando aquilo tudo me senti uma idiota. O tempo, afinal, fazia sentido e pesava. A história dessa vida ainda me rondava e te olhando tão sereno e tão próximo não resisti, chorei...
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Chorei quieta por algum tempo. Me ardia as faces porque tentava segurar aquele aguaceiro. Minha garganta secou, minha boca travou e eu queria te acordar e pedir pra você realmente saber quem eu era e pedir pra eu poder mergulhar em você e em tudo aquilo que seria muito bonito se fosse história de filme, mas não era. Tirei seu braço de cima de mim, peguei minhas roupas, me vesti de qualquer jeito tentando não olhar para trás. E o choro preso, os olhos embaçados, os passos em falso... antes de pegar meu casaco procurei nas coisas que tinham caído da bolsa papel e caneta, só achei caneta. Você se virou na cama, mas não acordou. Peguei meu lápis de olho e escrevi na janela do quarto que dava de frente para a cama uma mensagem para aquele que tinha sido eu durante uma manhã, um dia ou apenas algumas horas que fizeram me arrepender de ter sido eu ali e não algum alter-ego. Terminei e fui, antes de fechar a porta queria olhar para trás mas não consegui. Saindo do elevador coloquei meus óculos escuros, paguei a diária e pedi para o rapaz da recepção deixá-lo dormir. Enquanto caminhava para a porta giratória ele se dirigiu a mim e perguntou
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"Quer deixar algum recado para ele, Senhorita?"
"Diga que Camille não existe."
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Fui embora e nunca mais voltei para aquele lugar.
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Você afinal não estava dormindo aquele tempo todo. Estava sentado na cama desde o momento que eu entrei no elevador e ainda esperou que eu voltasse olhando para a janela e para a frase escrita nela com lápis preto.
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"O QUE SERIA DE NÓS
SE ISSO FOSSE REAL?
A.S."
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Enquanto procurava qualquer coisa minha pelo quarto que o fizesse descobrir simplesmente meu nome você se desesperou pois não encontrou nada meu e chorou olhando pela janela pensando no tempo que perdeu fingindo estar com sono quando deveria ter pedido para eu descobrir quem você realmente era.
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Josh Daniel Hartnett é ator e nasceu em 21 de julho de 1978 em St. Pauls, Minnesota. Tem os olhos levemente puxados mais lindos que já vi e os dentes separados mais charmosos da terra. Tem uma tatuagem nas costas, atrás do ombro esquerdo e viveu com sua namoradinha de colégio durante anos até que a fama os separou. Fez a porcaria do filme Halloween: H20 e a porcaria master plus do Pearl Harbor. É vegetariano (gracias dio!) sendo escolhido como o vegetariano mais sexy do mundo em 2003.
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E esse texto é realmente um caso de piração da senhorita Alice Salles.
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Obrigada Linda Mercedes Gameiro pela inspiração (por causa do seu tango para George)!
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10.4.07

time to deviate...

"hustle, bustle, and so much muscle... cells about to separate, now I find it hard to concentrate and temporary this, cash and carry ‘em, stepping up to indicate the time has come to deviate"
hard to concentrate - anthony kiedis (rhcp)
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é, fica difícil de se concentrar assim...

9.4.07

ai se....

todos os criminosos tivessem o porte desse tal de josh...

8.4.07

to belong

entrar em uma calça que eu não entrava há alguns meses... que sensação estúpida de ser gente e ser gente é péssimo. a gente pega a bolsa e sente o perfume do óleo com algo que lembra pêssego que passou depois do banho, a roupa que nunca está do jeito que deveria estar, encara a cara no espelho e não para de pensar que esse não é o rosto que eu sinto ter... ou sinto? tenho? queria poder contar quantas vezes não me preocupei realmente com nada disso. mas tem uma camada de algo que não sou eu que se preocupa e quando digo que não sou, é porque não é! é uma sensação ridícula que veio com esse corpo, sem culpa, sem pedir licença, sem tirar senha e sem mesmo sussurrar baixinho do jeito que eu gosto, no silêncio entre o solo de guitarra do frusciante e do tisss do prato do smith. nada, o corpo simplesmente veio e agora tenho que cuidar dessa coisa! e o pior é que eu nem ligo! que estranha que habita esse mundo quando não deveria estar nele? essas linhas tão finas, esses gostos tão próprios, esse ar de não perencer. essa palavra sempre foi minha favorita... "belong"... e eu não consigo nem pertencer porque nem consigo falar essa palavra, pois não há nada para se pertencer e porque eu não consigo dizer "eu", pois não sei ao menos o que faço aqui...
nesse hoje, nesse instante, nesse ar que não sou eu, a quem não pertenço.

6.4.07

lost at sea... we're lost at sea.

"... give us a point to miss, endings are killing me slow
I only ask for this empiness to replace my soul..."
'your warning' - john frusciante


Eu comecei o dia com você.
Terminei com você.
Abracei o dia em torno de você
das suas grosserias mais picantes
ardentes tiradas
mordidas arrogantes
(no meu pescoço).
Quente como é você, quente como é com você
Comecei o dia em você
Terminei o dia com você
dentro de mim.
Em cada vão eu esqueço de mim
E vejo você,
em cada esquina eu vejo você
e me perco em mim
não fora de mim, mas dentro de mim
Onde você mora
e começa meu dia
tão bem, aqui dentro, por cima, por baixo e em volta de mim...

4.4.07

"jupiter"

Está chovendo e não se vê nuvens muito amigáveis no céu.

As árvores e os tons diferentes de verde mesclados com a casa em que ele e seus amigos estão, trazem à tona muitas memórias deixando impregnado no ar um certo tom bucólico ao ânimo do rapaz. "Alguém me disse que a arquitetura dessa casa tem um certo estilo espanhol"... Nada fazia muito sentido na cabeça dele, estava há um certo tempo misturando as peças que eram a casa, os amigos, a vida e os amores que ele nunca conseguiu juntar para se deliciar na figura completa, "o que seria esse quebra-cabeça assim que conseguisse unir tudo?" nenhuma resposta chegava e a pergunta também nunca se despedia.

Ele se sentou na mureta que separava o jardim elevado da área da piscina e ao olhar em volta para as montanhas mais a frente, o mar do outro lado e para a casa uma ausência de pensamento tomou conta dele. Apenas respirar era a sua necessidade e o cheiro fresco de menta dos arbustos misturado ao cheiro de pinho das montanhas e da brisa que vinha lá de baixo, do mar, faziam seus pulmões um lugar mais agradável para se viver. Ele costumava achar que vivia em seus pulmões, como se sua consciência estivesse presa ali e era ali, naquele pequeno muro que estava sentado que gostava de agradar os seus pulmões.

Os barulhos que vinham de dentro da casa o faziam feliz, mas mesmo assim nenhum pensamento passava por ele.

As risadas, as vozes tão familiares, o calor que ele literalmente sentia envolver sua pele quando sabia que aquelas pessoas estavam por perto era arrebatador e ao sentir tudo isso uma frase surgiu a sua cabeça, uma frase que parecia vir do além! "Nada faz sentido, apenas o sentido que se faz quando todos somos um"...

A sua testa franziu, seus olhos se fixaram em algum canto perdido da pintura já descascada da mureta e seu corpo todo congelou. Nesse momento as vozes sumiram. O som dos passos de dentro da casa também.

O calor que ele sentiu na pele havia desaparecido completamente e com o rosto assustado se levantou e caminhou até a porta de vidro que estava fechada. Puxou a porta que rolou dificilmente para o lado e entrou, ao perceber que estavam todos ali quietinhos e sentados no chão enquanto um acendia a lareira, o outro embaralhava as cartas e o terceiro se encostava confortavelmente contra a poltrona seu coração voltou a ficar quente.

Estavam lá, junto dele e nada mais fazia sentido sem eles.

"would have made Jimi Hendrix smile..."

-se tem alguém que é como eu sou, alguém que sente exatamente o que eu sinto, esse alguém é você.
-exato. quando você chora, eu choro.
-quando você ri você me faz rir e não é uma questão de humor.
-não. porque até o meu humor muda se o seu muda.
-até chove aqui se choveu aí.
-faz sol aqui se fez sol aí.
-também... a gente é assim desde sempre.
-mas não tem isso... a gente é alma gêmea e a gente não é apaixonado.
-apaixonado é uma palavra quase que vazia pro que a gente tem.
-isso, é muito mais do que uma simples paixão.
-é amor?
-não sei.
-é? acho que nem isso é!
-acho que a gente é a mesma coisa mesmo.
-destinados a ser
-um
-eterna...
-mente.

3.4.07

hádese

pois é.
existe um momento de se parar e olhar em volta e não olhar mais nas linhas das mãos.
são tantos anos que o conforto virou cama de prego
em dia quente
sem ar pra se respirar
com nada mais do que dois trapos velhos amarrados ao corpo
como roupa
pra mais um dia sem sentido de se estar.
e quando se toma a decisão de se olhar em volta e pesar as coisas é necessário uma certa frieza, mesmo que seja só no olhar, no toque jamais mas ao encostar é preciso largar os dedos, retrair os músculos, puxar os ombros para trás. é necessário se cuidar quando tudo o que você fez foi se preocupar se ninguém via o que você via.
dê um tempo desse tempo envolta porque afinal quanto tempo alguém tem para se perder? o tempo que ele cria ao regar aquela muda que não nasce só no seu jardim mas que nasce no jardim de quem cuida, não de quem deixa viver...

deixar viver apenas é ilusão.

não deixe enrugar a testa, não vale o esforço
mas não deixe de tencionar o queixo, puxá-lo para baixo
fazer bico e logo em seguida morder o lábio inferior, em sinal de dúvida, eterna reprovação e re- aprovação
de cutucar a fitinha do bonfim no braço e no tornozelo...

há tempos não escrevia e não sentia mais nada e continuava não me esforçando para sentir qualquer coisa, sentir virou algo fora de mim mas agora sei o que acontece e foi só quando eu parei de ver o mundo de dentro para fora e comecei a ver o mundo de dentro como algo meu e tangível que poder vir a se transformar no mundo de fora.

porque o quintal de fora

é a porta de entrada

do meu mundo

de dentro.

2.4.07

e 300 só serviu para...



me deixar de queixo caído...

pelo filme e pelo Leônidas.... HA!

são troços, só.
só isso, muletas é o que são.
são meias verdades e às vezes são só bengalas e não são de açúcar.
e a lua cheia só enche um punhado de sonhos e infla os mais próximos de mim, a linha da vida curta na minha mão esquerda grita o dia inteiro ao meu ouvido e me faz apressar a vida,
.
por inteiro.