a minha cidade tem ruas tortas, línguas presas e dentes faltando
em cada esquina tem um poste
em cada poste tem uma lâmpada quebrada
e atrás vem correndo um gato, um cachorro e uma cadela desvairada.
na minha cidade tem uma dor
que dói em mim com mais força
quando penso nela a distância.
na minha cidade tem um cheiro
que é forte e que não é tempero
nos olhos dos outros nem nos meus...
na minha cidade tem um tempo
que é duro pra quem é mole
tem jeito de gente grande
mas é criança e tem corte no dedo pé,
que vem enfaixado há semanas...
na minha cidade tem um choro que só ouvi lá
e que é meu também
que corta os ouvidos os olhos e os sentidos
que me entrelaça em canto,
de canto e no canto,
na pele mais calejada e nos ossos a mostra,
no vento que levanta uma poeira que nunca mais vi
e que ainda está em alguns pedaços de mim,
respirando comigo,
vivendo comigo
essa espera sem fim.
em cada esquina tem um poste
em cada poste tem uma lâmpada quebrada
e atrás vem correndo um gato, um cachorro e uma cadela desvairada.
na minha cidade tem uma dor
que dói em mim com mais força
quando penso nela a distância.
na minha cidade tem um cheiro
que é forte e que não é tempero
nos olhos dos outros nem nos meus...
na minha cidade tem um tempo
que é duro pra quem é mole
tem jeito de gente grande
mas é criança e tem corte no dedo pé,
que vem enfaixado há semanas...
na minha cidade tem um choro que só ouvi lá
e que é meu também
que corta os ouvidos os olhos e os sentidos
que me entrelaça em canto,
de canto e no canto,
na pele mais calejada e nos ossos a mostra,
no vento que levanta uma poeira que nunca mais vi
e que ainda está em alguns pedaços de mim,
respirando comigo,
vivendo comigo
essa espera sem fim.
*fotografia por Leonardo Wen