28.1.07

sobre a fantasia

e o que acontece quando você quer o mistério?
poder olhar mas não conseguir enxergar tudo... não é lindo?
como o zíper da blusa dela... você não queria saber o que tem por detrás dele? descobrir seus segredos, mergulhar no seu corpo ainda fresco... quase adolescente...
será que se fosse tudo tão exposto, como é de nosso costume nesses dias de tormento profundo, seria melhor? e hoje em dia, hoje, nesse dia, é melhor?
você não queria saber o que esconde aquele azul?
o cheiro cítrico
o cabelo agridoce que enjoa
o que tem amarrado em volta do seu tornozelo...
não queria saber a cor da pele que protege o seu cóccix? a textura do seu ventre, o ritmo dos seus quadris...

mas você só pode imaginar...
e se for isso que está reservado para você?
não é melhor sonhar em ter do que se perder entre seus dedos ao descobrir que o desejo a transformou em uma indiferente companhia para um domingo ao cair da tarde?

26.1.07

feelings... i'm feeling...



hey, nina...
sing for me, dear.

ai ego meu...

ah mas é isso aí. você começa o dia e teu retrovisor tá estourado. e você estremece na base achando que vai custar todo o dim dim que economizou (pouquíssimo por sinal). você não encana não quando percebe que dá pra ver ainda direitinho as coisas nos pequenos pedaços de vidro. você fica embasbacado com a imagem do teu rosto olhando pra ele, tira até foto... coisa de maluco! liga o carro, vai pro supermercado, compra umas frutinhas pra adocicar a vida dos teus alunos, chega na escola, arruma tudo, traz suco e coloca na mesa... abre a porta, dá risada, tira sarro, ensina, ensina, ensina... cansa, abre a porta, dá risada, tira sarro, ensina, ensina e ensina. se olha no espelho, encontra os olhos borrados no canto, do jeito que borram quando você dá muita risada... seu rosto, por alguns instantes, até parece que é de massinha de modelar. dá tchau, abre a porta, fecha a porta, liga o computador... você não sabe viver sem letras e não sabe deixar os sentidos de lado. você tem que unir sentido e letras em um diagrama completamente imperfeito e destituído de talento. você precisa ver dom no lugar de técnica e se encanta com seus vinte e dois anos. você não se aguenta e toma café, enche a cara de café, lê um pouco de sylvia e um pouco de chomsky. procura algum lugar pra arrumar o retrovisor mas acha que agora não é hora... um fim-de-semana tá bom pra essa porcaria esperar... você sempre quer adiar e isso queima na sua cabeça. será que isso tudo é um grande sinal? talvez, você pensa, talvez... tudo gira e tudo fica na mesma. você tem certeza das coisas que sempre foram mas só agora as admite. e é justamente assim que você quer. sempre adiando... você fica com aquela coceirinha na palma da mão, você quer escrever, escrever, tecer... e então você faz de tudo pra poder chegar na frente do computador e falar sobre nada mais do que seu ego inflado...
e então você fica...bem.

dictionary diary...CORPO?

corpo
do Lat. corpu

s. m.,
qualquer porção limitada de matéria;

a parte material de um ser animado;
cadáver;
busto;
parte do organismo humano que compreende o tórax e o abdómen;
parte do vestuário feminino que se ajusta ao tronco;
conjunto de oficiais e soldados pertencentes a uma arma especial ou destinado a um certo serviço;
conjunto;
agremiação;
grupo;
espessura;
consistência;
coleção;
unidade de medida dos caracteres tipográficos;
a parte principal de muitas coisas.
.
missa de - presente: missa celebrada na presença do defunto;
- docente: conjunto de professores;
- diplomático: conjunto de diplomatas;
o - da nobreza: o conjunto dos nobres;
- de baile: grupo dos bailarinos de um teatro;
- de exército: conjunto, mais ou menos considerável, de soldados;
- de guarda: tropa que constitui o grosso da guarda de um posto;
- de delito: conjunto e registo de averiguações de um determinado delito e identificação do autor do mesmo;
- de Direito Canónico: colecção de leis referentes à disciplina da Igreja;
- de Cristo: o pão eucarístico;
- celeste: astro;
- da igreja: a parte central da igreja, destinada aos fiéis;
- de Deus: a festa do Santíssimo Sacramento;
meio- -: retrato desde a cabeça à cintura;
dar o - ao manifesto: expor-se ao perigo;
dar de -: defecar;
- a -: em luta de corpo contra corpo;
de - e alma: em pessoa.

25.1.07

love to dylan

adoro o jeito que você puxa o som no fim de cada palavra que encerra uma de suas frases... cada música é uma face da mesma personalidade que você mesmo não sabe definir. depois de tanto tempo é lindo ainda ver os olhos desconfiados e a falta de sorriso estampada no seu rosto.

querer é poder, meu amor...

'quero que alguém me cite...'

24.1.07

agradecimento precoce

ah... se eu coubesse em tuas botas, caberia em tuas mãos o meu coração quente, meu desejo que me carrega de um lado para o outro como se estivesse com uma coleira em volta do pescoço.
ah... seu eu tivesse a lua fina como candelabro essa noite e teu corpo sobre o meu, tomaria o rumo desse certo calafrio e deixaria teu sorriso iluminar tudo a minha volta para te ver nítido pousando sobre mim.
ah... se tivesse teus olhos assim tão perto talvez não seria tão católica a minha fome.
talvez não seria tão doente minha revolta. tão pertinente meu sonho. tão pesado meu pé no chão.
e
de pensar que se tivesse partido talvez não teria te visto!
se não estivesse aberta você não teria entrado.
se não atendesse ao teu chamado não teria me perdoado.
se minhas asas não fossem de águia não teria te perseguido.
se não fosse tão perturbada, não o teria criado...

mas se fosse uma intocada donzela, dotada de visão estreita, perdida em um canto desse mundo vivendo a vida que foi dada humildemente a ela, não teria te amado.

quem rebola os males espanta

então, eu acho que às vezes sou demais para temas. demais para novelas, para enredos, questões existenciais ou dramalhões parrudos que deixam toda a gente muito comovida. sou tanto tudo o que sou que acho que sou demais para todo o resto. ou talvez seja um pouco diferente: sou tanto tudo o que sou que sou demais pra me dar de cara comigo mesma. a pentelhice de minha vida mora na eterna vontade de ser mais e talvez isso seja um erro... sendo erro essa sensação não tem nada a ver com essa pessoa que vos fala, já que errar é um termo completamente inexistente no meu vocabulário. ou a pessoa foi descabeçadamente descuidada pendendo para o lado bom ou ruim da questão, ou foi propositalmente descuidada, também tendo as duas variações principais que dão todo o colorido ao tema em si. viu como eu sou? extremamente compreensiva! (risos)

23.1.07

ben, seu dom e seu grande problema...

"i hate to say i love you because it means that i will be with you forever or will sadly say goodbye ...
i love to say i hate you, because it means that i will live my life happily without you or will sadly live a lie..."
ground on down do ben harper


não vou falar do show do Ben Harper. nem do show especial que foi assistir o super Juan Nelson com aquela cara de amigão e com sua personalidade graciosa, mesmo com aquele tamanho todo e com todo seu talento para extrair mágica do seu baixo... não vou falar também do show único que foi a percussão do Leon Mobley pirando em burn one down e levando a galera a entrar no ritmo dele, só dele e pular como nunca vi tanta gente pulando junto em um show gringo. vou falar sobre a capacidade que o brasil tem em produzir pessoas desprovidas de senso de coletivo. vou falar sobre a falta de noção, não só com o seu colega de muvuca mas também com o pequeno grande homem que está no palco, cheio de si (porque o meu lindo ben tem um ego razoável) e cheio de vontade de realmente transmitir o que ele sabe que não consegue transmitir a um público tão estrondoso e gigantesco... ele simplesmente sempre soube que o que ele faz lá em cima não é tão honesto quanto ele faria em uma salinha cabendo 10 pessoas, com um violão, um par de olhos cheios d'água e umas almofadas gostosinhas pro pessoal sentar em cima... ele sabe bem disso e ontem deu pra perceber. seus olhos nunca encaravam a platéia. auto-preservação. e quando ele se empolgou com o povo em si foi durante o refrão do my own two hands, e foi nesse momento que ele pediu pro pessoal mover as mãos, de um lado para o outro, no ritmo da música... foi isso. tenho certeza que ninguém, pelo menos ao meu redor, pelo menos naquela noite, realmente pensou no que ele estava falando: i can CHANGE the world, with my OWN TWO HANDS... make it a better place...
.
é, acho que ninguém ficou "pensando na letra" pra poder mexer as mãos de um lado para o outro como qualquer macaquinho amestrado faz.
.
se você quer uma "balada", é melhor ir ali perto mesmo no bárbaro ou no jerivá bar, sei lá onde, mas não vá gastar seu tempo e dinheiro com uma pessoa que simplesmente não se doa a qualquer um. ele precisa ter espaço. você precisa querer ouvir. parar e ouvir. sentir no seu corpo todo e talvez assim assimilar melhor o que a música representa. daí você vai me dizer "mas a música representa coisas diferentes para pessoas diferentes" e eu vou falar "mas é claro seu asno!" a questão é que se você está indo lá para prestigiar o artista é bom que você entenda a forma que ele aprecia a arte dele, é bom que você doe a ele a liberdade de tocar você. tocar fundo. e não foi isso que eu vi ontem. vi um bando de gente dessa geração aí que dizem que é a minha, completamente wasted, mais chapada do que sã, mais lá pra pirar e gritar alucinadamente diamonds on the inside (sem deixar ele falar baixinho "a little girl, her name was truth, she was a horrible liar"...) do que perceber a linha tênue que separa a boa curtição e o bom sentimento.
.
.
.
e isso tudo só me fez amá-lo mais ainda...


22.1.07

ah mas eu vou, eu vou...


vou vestir meus jeans mais confortáveis, meus tênis mais surrados, minha camisetinha preta mais colada e vou pro ben harper, eu vou... vou cantar i believe in a better way e realmente acreditar que ele (como muitos outros) tenta fazer com que qualquer um a sua volta também acredite em um caminho melhor, um jeitinho melhor, um cantinho melhor, um carinho melhor, um amigo melhor, um amante melhor, um respeito melhor, um valor melhor, uma certeza melhor, um mundinho melhor para que ninguém tenha que se contentar em simplesmente estar a mercê do que o sufoca, comprime e extermina...


reality is sharp,
it cuts at me like a knife
everyone i know
is in the fight of their life...
i believe in a better way



21.1.07

and you know, better than me...

e os castelos? ainda estão de pé? depois de tanto pedir, seus súditos ainda batem palmas no ritmo alucinado do seu sonho? e eu ainda resmungo talvez esperando por algo que não seja muito tangível no fim... talvez seja como eu ouvi por aí, "eles merecem!"... talvez seja do jeito que tem que ser, mas talvez não seja e então está tudo perdido de qualquer maneira e isso seria um desperdício. sei bem que nenhum poeta conseguiu parar o tempo para mim ou para qualquer outro. nenhum poeta, nenhum homem ou mulher, nenhum súdito conseguiu transformar esse mundo e quem disse isso não fui eu: essa incontrolável e impulsilva otimista. isso foi coisa deles. de todos que são eles e que não viveram exatamente esta vida que enche os meus pulmões. e depois de tudo isso, os castelos ainda estão de pé. os súditos ainda cantam lá dá dí dí dá enquanto o sol permanece mais e mais tempo queimando nossas têmporas. afinal, gostamos da pressão! afinal, não temos nada a perder! certo? enquanto ainda encontro atrativos, cores, pedras perdidas, sangue escorrendo, lágrima lustrosa, lábios murmurando, tardes de outono, dentes tortos, limões, maçãs, alfinetes, saias rodadas, calças jeans, arco-íris de sorrisos e chororôs, bochecas rosadas e brigadeiro com morango ainda acho contentamento em simplesmente ser.
mas até quando?
quando o navio sumir no horizonte o que vai sobrar?
um barquinho de madeira, dois remos e um colar de flores...
e se eu sumir no horizonte atrás dele, no meio do oceano entre ondas e ventos muito mais audaciosos do que eu? quem vencerá?
o que é mais forte em mim?
o desespero?
a vontade,
a certeza...?
o amor.
e quem sabe esse barquinho sobreviva enfim, seja encontrado por um bom observador dentro daquele navio. um marinheiro preocupado que assistiu muitos filmes de pirata vai olhar para baixo e ver a pequena embarcação boiando, boiando, quase virando... e ele vai gritar! pedindo ajuda, agarrando o sonho que está quase morrendo lá dentro, sem água, comida ou roupas decentes... esse marinheiro vai dar um jeito de acreditar.
e eu?
vou dormir...

anti-inspirational

às vezes é difícil para você falar, mesmo depois de tudo o que aprendeu durante os anos... é difícil achar que educação é consagração. quanto mais você tenta, mais sabe que só pode deixar escapar do seu coração o que é feito de você e não pode viver daquilo em que você se agarra, com unhas e dentes, esperando confissões, travesseiros de plumas, liberdade e compreensão...

18.1.07

lá, lá, lá, lá...

e eu que não gostava de achar que podia me resumir em filosofias, me rendi a todas. não sei se sou uma louca específica, uma louca que pendo a qualquer matéria sem saber o porquê, mas porque me achei. não me achei, sempre fui. qual é o problema nisso? não me confundi, não me usurpei, não me desentendi, simplesmente me descasquei. resolvi colocar em todos os cantos pedaços de mim e ser realmente boa em todos os aspectos de minha vida. afinal, a vida é minha e a humildade não é o forte de ninguém que deseja viver (me desculpe se às vezes sou dura mas essa é a minha natureza e minha sina, também como é minha natureza me desculpar por tudo). ai! essa tal compreensão do mundo extensa cabe a quem quer achar que a máquina de pensar serve só para isso, mas a gente é mais do que isso. se não somos, o que estaríamos fazendo aqui? nesse ninho de dor? nessa cama de pregos construída por todos nós, pobres cegos, pestes, homens sem mais nada para fazer. o fazer toma conta de nós e então esquecemos de ser tudo o que podemos ser. quem é confuso? eu? você? ou quem criou a necessidade de se existir um ser superior? superior? é, superior.

after winter... MUST come spring.



Everything Is Everything...
Everything is everything, what is meant to be, will be. After winter, must come spring, change, it comes eventually...
I wrote these words for everyone who struggles in their youth
Who won't accept deception instead of what is truth...
It seems we lose the game, before we even start to play
Who made these rules?
We're so confused, easily led astray...
Let me tell ya that everything is everything, after winter, must come spring, everything is everything...
.
I philosophy, possibly speak tongues, beat drum, abyssinian, street baptist rap this in fine linen. From the beginning my practice extending across the atlas, I begat this flippin' in the ghetto on a dirty mattress, you can't match this rapper / actress, more powerful than two Cleopatras. Bomb graffiti on the tomb of Nefertiti, MCs ain't ready to take it to the Serengeti. My rhymes is heavy like the mind of Sister Betty, L. Boogie spars with stars and constellations then came down for a little conversation. Adjacent to the king, fear no human being, roll with cherubims to Nassau Coliseum, now hear this mixture where hip hop meets scripture. Develop a negative into a positive picture, now, everything is everything, what is meant to be, will be. After winter, MUST come spring. Change, it comes eventually...
.
Sometimes it seems we'll touch that dream but things come slow or not at all.
And the ones on top, won't make it stop so convinced that they might fall...
Let's love ourselves then we can't fail to make a better situation.
Tomorrow, our seeds will grow
.
All we need is dedication...
.
You know, everything is everything...

...

não é a vida que me ocupa, talvez seja a vontade de vivê-la. é o livro que comprei, que era muito caro pro meu bolso e muito caro para minha alma, talvez seja o preço mais caro ainda que terei que pagar pra sobreviver a ele. talvez seja o meio do dia que me deixa down, down, down... talvez seja os olhos castanhos borradinhos que me amolecem a alma. as pessoas que algum dia cheguei a imaginar que conhecia. as histórias que gostaria de devorar, as pessoas que deveriam ser eus por aí que existiriam para que minha história fosse international language. são tantos talvez. tantos may...be. é um emaranhado de coisas que vejo e que sei que ninguém mais vê, uma aura nos outros que me chama à inquietação. quero um lar de pedra, longe da cidade pra poder viver sem gente, por algum tempo, pra me curar do sentir. todos fingem. todos fingem querer saber, ou não. todos fingem entender, ou não. fingem esperar algo que não esperam, querer algo que não querem. todos fingem como eu finjo, muito mal por sinal. um dia, um dia longo de sol ameno e fim de tarde amena, o clichê reinará absoluto. as mãos, as camisetas de tons claros, os cabelos que se completam, um encaracolado mais claro, outro escuro e mais liso, pesado. as calças jeans sujas e velhas, os tênis viajantes... o carro de porta aberta, o horizonte, os pássaros quietos, o sorriso sem dó, só com amor. a profecia há de se realizar. e o que vem depois? os olhos! os olhos que se completam também. um par de olhos arredondados escuros, largos, inquietos e carinhosos. outro par claro, com seu traçado semelhante aos olhos felinos que me atormentam, olhar oblíquo que me entende dos pés a cabeça, que joga comigo sem me deixar queimar... a profecia ainda vingará a espera e a vida talvez não pareça assim tão inútil de ser mantida.

17.1.07

.

palavra que enche, palavra na música, palavra no peito, palavra nos olhos e na pele.
}ne
cessário*

16.1.07

"in the web that is my own i begin again..."s.n.

o canto da boca.
sujo. como suja é a mente hoje.
o dia, sujo. o quente que abre espaço pro que me irrita.
eu leio aquele que desejou meu fim, releio no fim o meu fim, ou seria o seu?
eu sei que não sinto como deveria
como deveria esperar sentir.
eu não minto, eu percebo.
o canto do olho, no olho do olho.
aquele que vê sem querer.
no canto do olho eu vejo o abandono. é só sensação, eu sei
é só um momento, fase, passagem e talvez uma linhagem de gente que sente.
talvez...
o peso é insuportável porque querer pesa mais do que deveria.
ela canta, ele passa, cantou, dançou, rebolou. ela não viu. ele não quis. e assim eu fico, de espectadora nesse circo inventado.
montado por mim, mimzinha, eu mesminha
que fiz isso comigo.
saí correndo e ainda olhei pra trás... porque!?
pra ver se tudo não é mais mesmo como era antes...
é só querer.
é só perdoar, viver como se não tivesse nada lá pra você. auto-confiança, mágica, presença. licença pra matar, pra socorrer, pra ensinar, aprender. licença pra perceber. falta de sensibilidade pra não ver. pombas, laços, vestidos, doces, cores, rabos. tudo que uma dama não precisa pra saber se virar no mundo cão, tão dócil esse cão...
me arrepia isso tudo, sabia?
os braços, a nuca, o cóccix... me arrepia os cílios, os poros nas pontas dos dedos. a pele fininha que envolve os lábios, me arrepia.
o desejo é a única fonte de vontade, o resto morreu.

15.1.07

porque eu amo tanto esse homem?

hey, mr. tambourine man, play a song for me...
nossa senhora!
que loucura isso aqui...
ano de doismilesete é ano de loucura, e me gusta, me gusta... não que eu goste de tragédia mas eu curto uma mudança brusca, um momento de lucidez dois segundos antes do universo rachar no meio, antes dos ataques. dois segundos que você sabe. você simplesmente sabe.

"the girl with the crooked teeth and why you love her" - js

ah... você gosta das loucuras dela, gosta do cheiro dela, do jeito que ela dança fingindo não te ver... ah, você gosta de fazer ela sofrer e deixar ela te ver padecer sob aquele sorriso torto, debaixo daquele sol de tempos tortos, beijos tortos, corpos tortos debaixo de árvores tortas...você gosta de sentir que ela não quer sentir e foge de você, como alguém que foge implorando pela sensação de estar presa... ah, como você gosta de pedir pra ela não partir. você adora vê-la dizendo que não quer te prender e mesmo assim você se prende acorrentado aos seus olhos, não é? se entrelaça no jogo sem jogada que ela joga sem malícia, você gosta da falta de malícia dela e ama quando ela ajeita a mesa pra você. ela sempre sabe quando você aparece... ah, você gosta dos lábios dela. do jeito que ele treme quando mente, você gosta quando ela mente especialmente pra você.
.
você gosta de entrar na vida dela,
bagunçar a cabeça dela,
tocar os pontos que ela gosta nela,
rodar a menina em volta da sua cama,
deixar ela sozinha pela manhã e voltar no outro dia
gritar ao telefone e fazer ela se sentir sozinha...
e então você gosta quando ela se vinga
.
.
porque é quando você sabe que ela te ama.
e é assim que você mais gosta dela.

14.1.07

on the verge of...

humm... oito horas da noite. o sol ainda está de pé. o caos dorme quieto nas ruas. preenche os cantos, acolhe os parasitas de qualquer que seja essa possível estrutura conhecida por todos como vida. às vezes, nem o que é tido como comum a todos seja de todos. o silêncio dá espaço às más interpretações. a ação comove os tolos. o plano mal pensado vira primeira escolha. talvez conhecimento vire arma. no fim a gente nem sabe se sabe de algo, portanto é bom abrir seus olhos. e se você se dirigir até o símbolo atual do que seria para nós como o templo das artes e das redenções humanas, a moderna e isolada psique dos nossos tempos, a blockbuster, você irá encontrar em uma das prateleiras brancas, limpas, retangulares e irritantemente perfeitas um filme* com um trecho memorável e que pulsa soberano em nossos dias:
.
-envy the country that has heroes, huh? I say pity the country that needs them. ...
.
e depois de ouvir isso, desligue a televisão e vá dormir. porque não há nada mais bonito nesse mundo do que tentar dormir com a consciência pesada e imunda.

12.1.07

frag-mentos

seus olhos pousaram sobre os cabelos dela.
.
sempre achou incrível os cachos ao sol, o castanho misturado com pequenos pontos ruivos e dourados... sob o calor ameno os fios soltavam um cheiro bom de flores, ou pelo menos era o que ele sentia. enquanto observava apoiava o braço no travesseiro e descansava a cabeça sobre sua mão. tentava não se mover para que ela também não se movesse. "ela realmente é incrível" pensava. fora isso não pensava em mais nada apenas exercitava o coração, deixando aqueles cachos tomarem conta da vida dele. deixando a presença dela curar os anos de negação. deixando o coração aquecido debaixo daquele lençol. ele suspirou. ela se moveu. estava acordada o tempo todo, sentindo os olhos dele a observando.
.
ela adorava quando ele fazia isso.

11.1.07

"ai! se você falar mais uma vez a palavra
fofa, TE MATO!"

wounded















Allen... I still CAN´T hear you...


allen, speak to me...i'll stand in the dark if you speak to me.


usóiodela

mas ela tem esse cheirinho... humm, cheiro de doce! e disse que tá com água na boca por causa do pãozinho no forno... humm, que delícia! "li...liii!" e os Is se prolongam como um horizonte infinito naqueles olhos que não sabem pra que lado querem olhar... "liii"..."colaçãaao!" porque o mundo é melhor com éles e sem ele...

love is all, let me say it again, ALL that you need


love... reign o'ver me.*
.
.
*novo single do pearl jam
nem todo louco é gênio.
às vezes louco é louco mesmo.
e agora se faz verão como se verão fosse feito de éter.
e o agora se faz de ontem que de tão perdido reclamou por um pouco de hoje.
em meio ao emaranhado, o caos cintilante, rodas gigantes dentro da sua bolsa de madame!
ai... como eu gosto do que é mal, me faz sentir bem...
e o verão se faz de agora como se éter fosse feito de verão.
e o ontem se faz de agora que de tão achado trouxe um pouco de amanhã.
.
.
.
no meio de tanta vida você se perde, pequena. escolhendo flores no jardim sem saber que alguém te escolheu pra viver no jardim dele. e tantas outras flores tão mais coloridas, tão mais bonitas... mas você foi a escolhida! você foi a escolhida? e porque, me diga? quem é que mandou? quem deixou? pediu? combinou? e o responsável traçou planos? metas? fez estatísticas? sou eu ou ou você realmente não merece viver naquele jardim? cai fora... o resto é história e o mundo continua girando... perambulando, contraindo novos vírus, novas caras. pois bem, você sabe... a falta de senso é toda sua e é tão bonita... continue assim. apague a vela! acenda a luz... desligue o computador, arrume a fivela! marque o passo, ferva a água, agarra o laço. compra o mínimo, vendo tudo... arruma a vida, faz mandinga e tudo vai ficar bem.

de textos, fragmentos, certezas e dúvidas cheias de si de Alice Salles.

mea culpa?
.
me irrita saber que você com a sua esposa, irmã, mãe, amiga ou filha a tira colo(ou mesmo em vôo solo), me observa com aquele olhar de "se tivesse comigo, faria estrago!". imaginando meu corpo sob o seu comando, me atirando amordaçada contra qualquer canto do seu desejo em prantos. depois de todo o estrago você ainda diria que foi tudo culpa minha. eu reclamaria aos quatro cantos, "porque, porque?" e entre espasmos de ódio, jogada de volta a vida nua você ainda teria coragem de dizer
.
"você pediu por isso, andando por aí na rua..."

10.1.07

fanTÁsTICO!

HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND. HAD ENOUGH? TAKE A STAND.
.
.
.
.
*tirado do site alternet

nathan e iris (fragmentos fotográficos)









nathan e iris... (fragmentos históricos...)

das duas uma, ou ela se apaixonava logo ali, naquele momento, de cara, ou saia correndo fingindo que acreditava na realidade crua e dura de que é melhor não achar que os homens também se apaixonam como ela.
.
-acho que já vou, você encontrou seu celular né? e está tarde já...
-ah, já encontrei sim, mas fique! preciso fazer algo que compense seu trabalho! coitada! parou essa hora só para ajudar esse inútil...
-imagina! às vezes você poderia estar com mais problemas né? vai saber...
-isso é raro viu? poucas pessoas fariam o mesmo. acho que eu não teria feito o mesmo!
-ah, acho que teria feito sim...
.
um silêncio forçado veio à tona e os dois simplesmente procuravam para algum ponto para poderem observar e matar a angústia, a vergonha e a timidez que sentiam...
.
-já sei o que posso fazer! quando o guincho chegar e ele me levar pra casa você vem junto e eu te preparo um super café com espuminha de leite e tudo mais!
-ah... não! que trabalheira pra você! e você disse que sua filha tava em casa sozinha, ela vai ficar desesperada vendo você entrar com uma estranha a essa hora!
-você tá doida? você não é estranha!
-claro que sou! que louco que você é!
-não é não, para com isso! e eu preciso mostrar pra alguém que aprendi a mexer com a máquina de café né? PRA QUEM QUE EU VOU MOSTRAR?
.
os dois não paravam de rir e aos poucos evitar olhares parecia coisa de filme, o que não era algo tão irreal para ele, mas de outro mundo para ela. em alguns segundos o guincho chegou e então foi a vez dela falar:
.
-bom, to indo embora! vê se se cui...
-não vai não! aposto que você não acorda cedo amanhã! vem comigo, vai, por favor...
-ah.. não, tô indo mesmo! preciso acordar cedo sim!
-puts, sério? eu já tô sendo chato né?
-não, imagina! é que você acha que tá me devendo algo! - de longe o motorista do guincho observava os dois impaciente:
-e aí chefe, como vai ser? - os dois pararam de falar e ficaram alguns segundos olhando um para o outro... então o motorista continuou - posso ligar o carro da moça aqui no do senhor, viu? levo os dois no guincho!
.
ele não conseguia entender como alguém poderia ficar com as bochechas tão rosadas tão rapidamente e ela não conseguia compreender a necessidade dele de ser tão gentil. tudo o que ela pensava era "não faça isso comigo, porrrr-faaa-vooor....". ele pegou a mão dela e disse
.
-faça isso, por favor, leve os dois carros juntos!
.
ela disfarçou, mas a vontade era de gargalhar e abraçar aquele rapaz que até pouco tempo era tão estranho para ela, e realmente o era, estranhíssimo. os dois foram juntos para dentro do guincho e ficaram bem quietos durante todo o caminho salvo a algumas frases de nathan direcionadas ao motorista. chegando a casa dele, íris foi a primeira a sair da porta do passageiro. assim que pisou na grama bem aparada de deparou com um pequeno jardim de entrada, “digno de quem ele é” logo pensou. caminhando alguns passos à frente sem se preocupar com os carros sendo retirados do guincho ela chegou à porta da casa, reparou nos detalhes, nos vidros bem trabalhados das laterais, das trepadeiras nas paredes e nas flores contornando toda a mansão, sim, era uma mansão. foi nesse instante que percebendo o deslumbre de iris que nathan perguntou:
.
-iris, seu carro já está na garagem para quando você for, o meu foi para a oficina...
.
parecia que havia passado alguns minutos enquanto ela observava tudo aquilo com verdadeiro ar de maravilha, como se realmente não achasse que estava em um lugar real. com as frases dele, íris logo acordou e respondeu:.
.
-sim, claro... mas acho que já vou embora.
.

enquanto ela andava na direção contrária à porta nathan se colocou à frente dela e segurou suas mãos tentando impedi-la.
.
-mas eu ainda não fiz o café para você!
-mas você precisa ver sua filhinha e eu preciso ir... está tarde e eu realmente estou um pouco aflita...
-mas porque?
-não quero ser grossa com você, por favor, me deixe ir...
.
sem entender nada nathan a largou e enquanto ela se dirigia ao seu carro nathan perguntou:

.
-você acha que eu vou fazer alguma coisa com você? se achou isso, por favor, não tem nada a ver! juro! só queria retribuir a gentileza, você me parece uma pessoa muito boa...
-não é isso nathan! você precisa entender uma coisa... – ao falar isso íris se virou contra nathan empurrando o seu tronco forte e muito maior do que ela, mas que de repente ficou imóvel e sem resposta com o toque dessa pequena mulher...
-me perdoe se fui rude, se fui distante ou se não te dei crédito, mas o fato de você ser quem é me assusta. me assusta profundamente...
-eu te assusto? porque...
-talvez porque tenho medo de mim mesma nessa situação.


a mão de íris soltou nathan e dando as costas a ele entrou no carro e foi embora, sem falar mais nada, sem deixar pista nenhuma de onde tinha vindo.
.
“não é possível...” era tudo o que ele pensava. “não é possível existir alguém assim...” ficou desse modo, atônito observando a saída por alguns segundos e foi então que ouviu a porta se abrir, era sua filha

-pai? você demorou...
.
ele sorriu para ela e antes de entrar pensou que iria encontrar iris novamente.

7.1.07

referente à vida.

humano. demasiado humano. perdidamente humano. serenamente exposto. retirado. humano. em vias de. processo. camada. estornado. repouso. humano. querer. poder. cheirar. remar contra a maré. humano. servir. pedir. dar. receber. humano. sentir. penar por pura falta de opção. humano. sentar a beira do mar. olhar o sol se por. humano. da janela do sétimo andar se jogar. humano. correr. rir. chorar. gargalhar. nutrir. passear. humano. pintar o sete. tomar sorvete. reter orgasmo. ir embora logo cedo. humano. run for your life. humano. não olhar para trás. humano. agrupar. agregar. acolher. humano. ser quem não quer ser. humano. ser e não poder ser. humano. ser e querer ter. humano. implorar. não humano. aproveitar. deixar a vida te levar. humano. não percorrer. caminhar. humano. dançar até o sol raiar. humano. deitar e ver a estrela brilhar. humano. ler e não entender. humano. ler e compreender. humano. cantar. berrar. encher a sala com o som da sua voz. humano. não enxergar. humano. não querer enxergar. desumano. sentar e esperar. não humano. sonhar. humano. levantar. fazer e acontecer sem machucar. humano. beber. comer. excretar. humano. ligar a televisão. ligar o som. ligar o coração. humano. medir. calçar. vestir. dormir. acordar. humano. dirigir até altas horas pra ouvir aquele cd inteiro que te faz pirar. humano. não saber trocar o pneu. humano. ter alguém sempre pra te ajudar. super humano. ligar para quem merece. humano. não ligar pra quem não merece. bem humano. pedir atenção. humano. viver. humano. bem humano. muito humano mas desumano.

6.1.07

com armas nada amigáveis em punho

impotência.
realmente o ar que me cerca, me comprime.
intensamente impotente. não há uma veia no meu corpo que não pulse quieta, calada, muda, retalhada. estou a espera de um milagre e ele não cai sobre terra alguma.
queria falar qualquer coisa que tirasse essa sensação de mim, mas não chega a me fazer sentir, só me cala.
existem alguns tipos de pessoa no mundo, disso eu sei.
aquelas que vivem as felicidades que foram entregues à elas ao nascer, como um pedigree, um certificado de nenhuma validade no mundo real.
tem aquelas pessoas que vivem das alegrias que saceiam a vontade de liberdade. aqueles que são o piso de fábrica do mundo como o conhecemos: miséria (the ultimate war zone, the everywhere red line).
tem aqueles que olham para o lado e não vêem, porque querem envelhecer quietinhos e achar que o sono dos justos virá.
e tem aqueles que não sabem pra onde correr, porque até então não entenderam o motivo real de tanta dor.
porque tanta dor?
alguns dizem que é o desejo, o pavio de tudo.
alguns dizem que é poder...
onde está esse poder? preso entre os dedos de quem me fez sentar aqui essa noite, pedindo por alguma sensação que não seja parecida com ódio contra tudo que é humano, inclusive contra minhas próprias mãos.
não vou perguntar novamente.
vou afirmar.
alguns dizem que é o desejo. outros dizem que é o poder. muitos dizem que é o dinheiro, o alimento de um sistema mais do que corrupto, irreal. eu digo que não é nada. nada. não há explicação. é claro como um lindo diamante de sangue, uma estrela cadente, a água correndo da fonte e como os olhos brilhantes de um lobo a procura de uma nova presa. mas não é nada humano, nada disso é humano.
não pode ser, se não, o que seria de mim?
quem sou eu afinal, se não humana? o que será de mim que me sinto assim tão pequena e impotente. não porque quis, veja bem, mas porque o mundo me fez. o que faço? como explico o que acabei de viver?
como faço pra escrever e dizer sem rodeios que o mundo precisa de um novo sonho, porque esse que vivemos está nos vigiando, com armas nada amigáveis em punho.

5.1.07

re-solução de 2007

ai, tá bom! já ouvi...
doismilesete.
doze.
ts.
nove.

.
.
.
lá vai:
.
.
.
* tirar duas mil fotos por dia.
por vida.
por sina.

a mãe da peça...



"quando tinha sua idade ia ao banco para minha mãe e sempre me pediam a identidade... achavam que eu tinha quinze anos!"
.
será que por algum acaso ou por mero decreto de algum deus no olimpo, a senhora minha santa mãe, continua com quinze anos? talvez por
ser tua filha, minha percepção seja mais aguçada e desfavoreça qualquer comentário lógico... são os olhos brilhantes e apertados que deixam clara a vontade de correr por um campo extenso, debaixo de um sol ameno, trazendo flores diversas pra enfeitar a sua casa que já te fez perder a paciência... não é mamãe? foram os cachos negros do teu cabelo que carregaram você pra longe do teu piano, entregando tanta vida em nome dos teus... não foi mamãe? só podia ser um homem com cara, mão e peito de pai pra te tirar daquele sonho e te jogar em outro... não é lucinha? ele te chamava de mãezinha... e tudo que poderia dar errado virou vontade de chorar de alegria porque não existe gente assim tão criança e tão forte quanto você, querida. como uma virgem, passeando pelo mundo, achando tudo muito lindo e se doando a tudo com verdadeiro ar de colegial, mesmo depois de cinquenta anos... você ainda usa suas saias pregadas nos seus sonhos mamãe? ainda toca chopin pra chorar? ainda pula carnaval e teima em usar a flor no cabelo? suas saias ainda cheiram a alfazema? seu sorriso ainda preenche o mundo? sim, sim, sim...
.
.
como é mais do que bom te ter... no meu dia, na
minha noite e no meu corpo todo. porque sou sua e eternamente dele.
.
.
pra você ter certeza que não foi nada em vão.

4.1.07

meu filho vai se chamar Dylan...



"E do primeiro declive da carne, eu aprendi a língua do homem, para mudar as normas de pensamentos. Na linguagem pedregosa do célebro, obscurecer e tricotar um remendo de palavras novamente deixado pela morte que em seus campos escuros, necessita do calor tépido de alguma palavra. As raízes da língua concluem-se em um câncer metastático, nada mais que nome, onde fantasias têm seu lado exclusivo. Eu aprendi os verbos do desejo, e tinha meu segredo; O código noturno tocou em minha língua; O que tinha sido um, eram muitos sons benéficos. Um útero, uma mente vomitou o corpo, o seio sugara para terminar a febre; Da dissolução do céu, eu aprendi a multiplicar, as duas carcaças esféricas que giravam numa pontuação; Milhões de mentes sugara tal alimento como aforquilhar meus olhos; A juventude condensou; as lágrimas da primavera dissolvendo no verão e as centenas estações; Um sol, uma maná, aquecido e alimentado."
.
.
.
Dylan Thomas (desculpe se transformei "poema" em "prosa" mas é que nem ele curtia um rótulo...)

3.1.07

eu acho que não há nada mais vago do que a lembrança.

de tanto enteder que minhas lembranças foram produzidas por mim quase deixei de acreditar em mágica. depois de ler tanto nietzsche também larguei a mão da varinha de condão, deixei no canto o saco de presentes, a bola de cristal, o caminho das águas, as mãos que curam e sei lá mais o que. depois de tanto querer tanto pensei alto que deveria desistir do que supostamente é irreal, o que é e o que depende só do outro. abri mão do outro pelo poder do que há dentro de mim para doar ao outro a consciência pequena e translúcida dos meus ossos, nervos e de todos os sistemas do meu corpo.
eu pesei cada braço e perna, meu tronco e minha cabeça miúda, não cheguei a conclusão nenhuma.
quando percebi que do sonho que vivia transbordava mais vida do que a que era alcançada nos meus dias, morri. vou confessar que perdi eternamente a vontade da mágica. a mágica, meu amigo, não existe.
.
.
cheguei nesse ponto, nesse momento em que estou nua falando com você.
.
.
cheguei aqui e ainda não sei bem como mas uma coisa eu não perdi porque redescobri nessa minha negação.
.
.
.
.
o que é humano é o cume do objetivo final e comum à todos. o que é do humano, da carne, do peito e das mãos é meu também. é toda nossa essa humanidade. por mais castigada que seja, é a única, a ÚNICA coisa que nos resta.

da brun(a lombardi)íssima


ai ai, falou, disse, repetiu e tirou da minha boca...

"dee tea and ass pee"

ele e ela dividiam o aniversário, a dor, a entrega.
ele e ela eram dos dois o único com o mundo nos ombros, nos tornozelos, nas mãos com veias azuis saltando com o esforço de tanto carregar.
eles dividiam a pena, a verdade, a serenidade na morte.
dividiram (quase) a mesma trajetória na terra, o tempo que os restou foi o mesmo.
.
.
.
.
.
e muitos anos depois eu acreditei neles e
divido com eles a certeza de não se saber nada mesmo
porque as dores são as mesmas...

te desobrigo

então o que será agora, cabelos de cedro? nessa tempestade sem nome você vaga disforme.
e o que acha que sabe te engole, te prende nas chamas de quem sabe que te engana. você? não engana. mas me enganou...
em tese acho que se enganou, porque o olhar sempre estava longe, partido ao meio. e sei que até esse dia tudo isso continua igual. na voz não há certeza, certa firmeza de que tudo aí está conforme os planos... planos? que encantos que você dissolve!
nesses olhos arregalados, morre um pobre homem a cada minuto, perdido na própria danação que sua boca condenou, que pena menina... tão menina por casca em casa. tão mulher nas vontades, tão covarde nas ações. covarde por não ter o que quer? não, covarde por pura certeza do que não se quer e certeza de que não viverá por algo que quer, o que quer? quando penso em você uma tristeza tão pesada me toma, como uma nostalgia sem querer, cansada de sempre ter de ser quem ama. "feliz daquele que ama. o amado só recebe e nisso está sua infelicidade..." uma grande ana me disse isso no momento certo, no momento em que te vi partir daqui.

2.1.07

thoughts...

a luz sem fundo, o cinza sem plano. é o momento em que os olhos não perderam nenhum centímetro de carne. tudo está visível, está perto de te abraçar. os olhos não são as janelas da alma, são as vozes,
os soluços,
os prazeres.
os delírios de quem ama, verdadeira a mente de quem ama, peça rara nos dias de hoje.