29.9.07

pra se ler com os dentes cerrados...

eram como de aço, como de laço a fita e o prego
o martelo, o viúvo
o troço que se carregava no pescoço
era o osso
osso pintado, de branco amarelado
como amarelado era o dente
o pente
que penteava o tubo, o cabelo do ruivo
que parava...

de repente!

de presente acertava
como o gato acerta quem passa
com seus olhos estridentes
entre ameaças e cantadas
as folhas que acabam com a graça
daquele dia sem massa
e que morre com a gente...


eu não vou perder tempo em meu tempo, eu sei o que sou. quantas vezes negando a gente se fez de vítima e se veste de santa, de freira, de puta e de doutor? eu não vou apertar o calçado no pé, arrastar a bolsa até a lua e deixar o que ninguém acredita me alcançar com um anzol e fazer dessa pouca vida muita coisa pra se perder. eu caminho. o vento agora sopra mais forte e eu caminho. o tempero tem o gosto mais forte e eu caminho. eu agora me sinto mais forte e caminho... e é bom parar e olhar, às vezes com os olhos fechados, às vezes com a pele toda aberta pra ver além das cores que moram sim, lá no fundo do cantil, no que está longe de abril, no inverno acelerado dessa terra de poucos abrigos, do choro gentil...