25.9.11

doubt not, I love


doubt thou, the starres are fire,
doubt, that the sunne doth move:
doubt truth to be a lier,
but never doubt, I love.




Suas mãos.

Já serviram como ponto de referência, como memoria repleta de utilidade em momentos custosos. Como certeza de algum tipo de tranquilidade que antes da certeza de você, não poderia jamais existir.

Enquanto um mundo preocupado com aquilo que não parece ser mais do que um mecanismo sem forma nem motivo, eu sou o que sou porque conheço o valor dessa certeza insolente.

Tamanha perfeição irresistível: suas mãos. Sem origem nem final escrito em lugar algum além de uma memória fiel ao seu dever. Elas falam e que sigam falando só para mim, o mundo não liga. O mundo só ouve aquilo que quer ouvir, essa verdade é o que é e por isso repito...

Suas mãos. As mãos que todos decidem não ver e que são minhas por direito. São tudo o que jamais tive e nunca mais precisarei esperar para tocar.

~

Sentido - Cadê? Perdido na mudança.







22.9.11

Scorsese, John Lennon, Jung e eu


Eu. Duas letras que não querem dizer absolutamente nada. A diferença entre o E e o U é responsável pelo conteúdo. É como se tudo começasse com inúmeras oportunidades e terminasse num retorno forçado.
Pois bem, eu.
Tenho mil manias mas não conto, aliás conto tudo. Pessoalmente. Lembro da minha mãe tocando Debussy e choro copiosamente, toda vez. Enquanto chove consigo ver como num filme a mão de pele morena escura cheia de veias, cheia de manchas enormes e dedos fortes, longos e precisos do meu pai segurando a minha mão de criança, olho para baixo e vejo os sapatos impecáveis pisando em poças intermináveis, sinto até o cheiro dele. Toda vez. Tomo café o dia inteiro. Não é por falar não, é verdade.
Precisaria que o mundo entendesse minha necessidade de escrever tudo em forma de carta. Prefiro o John Lennon, mas isso todo mundo sabe. Prefiro também o Keith Richards, isso nem todos sabem. Entre Beatles, Rolling Stones e Pink Floyd, sou Beatles e de vez em quando Rolling Stones, nunca Pink Floyd. Eu curtia a Ginger Spice. Meu primeiro filme favorito foi ‘Garotos de Programa (My Own Private Idaho)’, tinha dez anos. Meu segundo filme favorito foi ‘Basketball Diaries’ (não lembro em português). Doze. Meu terceiro filme favorito foi ‘Clube da Luta’ e minha lista termina por enquanto.
Minha primeira paixão louca foi por um professor – insira a palavra correspondida aqui. Calço trinta e nove. Sou um metro e setenta de pura e total insanidade, agora sei bem. Sou flexível e danço, o tempo inteiro, até quando parece que estou só aqui sentadinha. Não acredito em se ter alguém. Acredito em paixão e no meu caso ela não morre. Não acredito em deus. Não acredito em nada, só sei de coisas variadas. Sei porque sinto que é, não porque a lógica permite. Não sou da lógica mas sou a pessoa mais justa que você jamais irá conhecer.
Sou fisicamente forte. Mesmo. Já me livrei de homens tentando me segurar a força, se é que você me entende, já peitei PM coxinha sendo racista/sexista e sempre ganhei. Já passei por incêndio e acidente de carro. Já servi de segurança pra amiga minha em show lotado. Nunca fico doente. Sou daquelas que causam revoluções por pura convicção romântica, no fim sempre me dão razão. Sou romântica, de verdade – romântico, adj. relativo a romance; poético; fantasioso. Ficou decidido no alto dos meus quinze anos que eu era a reencarnação do Rimbaud até segunda ordem. Me acho linda mas secretamente me acho um horror.
Sou má, mas sou a melhor pessoa do mundo pra quem amo e às vezes amo a pessoa de cara, sem motivo aparente. Vivo em Hollywood num prédio dos anos vinte. Fantasio a respeito das inúmeras meninas platinadas que tentaram a sorte e que por algum tempo aqui viveram. Sei de histórias. Algumas foram embora, outras deram certo. Muitas morreram de forma trágica. Hollywood é filme noir, constantemente.
Adoro dirigir, odeio que o mundo ainda usa petróleo. Amo o oceano de tal maneira que preciso ficar longe por medo de num momento de loucura querer ‘retornar’ pra dentro dele. Golfinhos aparecem pra mim o tempo todo quando estou na praia, mas ninguém nunca parece notar. Tiro foto pelo momento do ‘ah, isso sim vale a pena’. Geralmente odeio gente, principalmente gente muito barulhenta. Odeio quem usa perfume demais e/ou de menos. Gosto de homem com barba, tenho desejos insaciáveis por bocas que nunca irei beijar, rasgo cartas e sempre jogo metade numa lixeira, metade em outra. Mania. Uso muito preto e flanela. Parei nos anos noventa. Compro livros de uma maneira doentia, meus melhores amigos são mulheres mais velhas do que eu ou homens que já me amaram. Uso bota e converse. Só.
Não gosto de esporte nenhum mas secretamente sei regra de tudo. Assistia corrida feliz com o meu pai todo domingo de manhã. Amo muito meu irmão. Se ele morresse não sei mesmo o que seria da minha sanidade mental. Muitos diriam que sou desequilibrada e deveria ser internada mesmo fingindo bem ser uma pessoa sã.
Odeio iPhone, prefiro blackberry. Odeio Steve Jobs mas tenho um Mac. Amo Scorsese, odeio Spielberg. Imaginei o Johnny Depp enquanto lia ‘The Rum Diary’ e deu certo. Sempre me imagino como a moça da história em qualquer livro que leio, mesmo em biografias. Sou tarada por homens que escrevem bem. Julgo todo mundo pelas mãos e nesse caso a exceção não confirma a regra. Suas mãos confirmam tudo o que eu sempre soube, meu caro.
Sou Jung e nunca Freud.
Sou estranha.
Sou fácil e extremamente incompatível. Sou.
Tenho dito. ~~


1.9.11

do caderno.






É isso e mais um pouco disso.

A competência dá lugar ao vazio. Esse tempo é aquele tempo que não volta mais, mas você não consegue fazer com que o outro sinta a mesma urgência.

A mesma exatidão da vontade que você sente.

Não é fácil, mas ninguém algum dia disse que fácil seria o meio.