11.10.08

Battle in Seattle - Acho que é o fim

Depois que vi esse filme, se esgotaram todas e quaisquer idéias para expressar o quanto o mundo não tem sentido. No fundo, eu creio, que quem luta pra dar voz pra quem não a tem, não merece um pedaço do céu, merece o mundo de volta. Merece a voz, o peito, o cravo fora dos pés e das mãos, a chuva de dor lavada e levada pra longe. Cada um carrega o seu peso, eu sei. Mas quando o seu já não tem mais distinção entre o pessoal e o comum, uma justiça muda (calada) atiça a cegueira alheia.

Quando alguém se doa e mais do que isso, se impede de viver para trazer os olhos do mundo de volta para o que interessa, uma lent
e à distância extrai algo indivisível do que registra, a humanidade do ser humano, e permite entregar em bandeja de plástico mesmo, a verdadeira glória de simplesmente se ter uma sensibilidade que deveria fazer parte de todos. Que simples isso que falei, não mostra o que realmente é a vida de quem se dá pela vida, de quem acredita nela... Talvez seja assim porque eu mesma não tenho muita fé nesta joça, nesse troço qualquer que da poder a quem o tem e o cospe na cara de quem não tem, sim, sim, a velha história. eu sei. Minha auto-crítica me impede de deixar o clichê passar batido, mas não tenho como ilustrar melhor essa história a não ser falando sobre essa eterna batalha travada entre o que tem e cegamente teme por perder e o que não tem e cegamente não vê - óbvio - que existem tantos iguais a ele, que se unissem forças não estariam nunca mais nessa mesma situação. É preciso se mover. É preciso enxugar o rosto enxarcado de sangue e lágrimas que de uma certa forma colorem a retina, é preciso recolher os corpos, amontoá-los aos poucos, prestando homenagem a quem não resistiu. É preciso secar as calças, secar as meias e vesti-las novamente antes de voltar às calçadas. É preciso driblar o medo, um medo só, um medo que não é só medo, é traição a si próprio, e assim que conseguir passar por isso, é necessário que se entregue à queda mais livre que jamais viverá, a de se entregar à liberdade em troca de pão... Para quem não conhecia a sua cara, até então.



- Mais especificamente sobre o filme: Filmado no Canadá e em Seattle, Battle in Seattle é dirigido pelo então ator e agora diretor estreante Stuart Townsend - não, ele não é parente do Pete do The Who - que namora uma das atrizes do filme, a estonteante Charlize Theron . Também no longa, Ray Liotta e Woody Harrelson tem papéis até que relativamente pequenos se você os comparar com os três principais ativistas na trama: Martin Henderson, Michelle Rodriguez e André Benjamin (o Andre 2000 do Outkast). O filme ainda conta com um elenco bem servido e com historias paralelas que tem todas algo em comum: a batalha nas ruas de Seattle. Pra quem não sabe, euzinha que vos fala tem um amor incondicional por essa terra (Seattle), primeiro por tudo que ela representa para a música, e segundo por ser a única cidade onde ainda existe gente pensante nesse país. Desculpe-me mas pelo amor de deus.... Algo está muito muito podre e fede no reino da Disneylândia. Mas é claro, já era de se esperar.


Enfim, por favor, dêem um JEITO de ver o filme, nem que seja no Youtube.



Boa noite.




*gentem! tá tarde, o texto deve estar cheio de erro e eu não ligo! um abraço.