10.10.08

as flores estao congelando no jardim

eu não sei mais fazer de conta e se esqueceram de ligar a luz não foi minha culpa. se acabou de vez a agua e a sede matou o bode, porque será que os aviões não param de sobrevoar? ja sei, é que a vaga para urubu foi tomada por gente que usou uma isca pra provar uma tese falida. o dia, ele esta cheio de si. esbanjando claridade pra quem quiser ver e ouvir, mas enquanto o tempo passa, passa o ruído de quem respira com dificuldade a procura de alguma ilha que guarde seu trunfo seguro de qualquer mar. ou não. eu já me esquivei sem me esquivar, já dancei. já entrei em qualquer que seja esse ritmo perverso, já marquei meu tempo fora desse e de outros mundos, já arrisquei. eu, que mal quis qualquer coisa que fosse já quis mais do que todos, já conheci gente que quer e que esquece, partidos que tomam partidos e que largam mão, ruínas que voltam e tomam posse e fantasmas impróprios em terras atrasadas que de santa não tem nada. a palavra saiu, ela veio pra me dar um tapa na cara, eu não entendo disso, sei revidar ao meu modo e ele é calado. o mundo que consuma o que for, eu não sei de nada. eu ouço isso todos os dias e noites. eu deixo com que a resposta se transforme em um nada abstrato pois assim é mais fácil de lidar com o tudo concreto que eu carrego em mim. eu carrego mais do que um mundo em mim, e nele não há gente assim.


***