14.10.08

tertúlia - tema: VOAR

essa é a minha contribuição para as tertúlias virtuais que começaram aqui.
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Voar.

Se desfazer em luz, porque se sentir livre como livre é o pássaro que voa sem medo é ser sem medo. Ser translúcido. Quando se voa, se é translúcido, como a própria luz, que corre livre através de formas e ambientes, passando por obstáculos tremendos - que obstáculos que a luz encontra? os contorna de forma brilhante - e mesmo assim aparece do outro lado, livre para se entender da forma que for, como seria se nós pudessemos voar. Como quem arranca o chapéu e joga pro ar poque sabe que aquele é o último segundo, o último segundo do resto de sua vida.

Voar.
Imagino que seja como uma canção. Onde se tem um piano e você, e um mundo vazio, que não te escuta, mas o não escutar é bom. É cheio de vazio que conforta, por não ter de ser nada, entende? Simplesmente se é, como é vazio o voar, e confortante. É sim, como uma canção, uma pirâmide no ar que gira e finalmente não tem mais base que a sustente, porque a sustentação agora é inútil, o ato de voar faz com que matéria se doe e se transforme, como a de um simples lagarto que se doa e sofre para que asas dêem lugar ao desespero, voar é dar asas a falta de desespero. E qual é o nome disso? Ausencia de desespero? Confiança? Não. Confiança nunca, está acima disso, é simplesmente ser.

Voar.
Como alguém pode imaginar o que seria poder voar?


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