29.10.08

coisas que nem se acredita


e o ar que enchia repousou torto sobre teus olhos, secos. era de se esperar. as cornetas que tocavam, tocavam sem parar e as silhuetas por um instantes eram somente isso, silhuetas vazias e escuras, sem vida. o brilho, ainda me lembro de você repetindo essas palavras, está nos olhos de quem vê. me incomodava, você vê? me recordava momentos de sincera angústia e revelações cínicas. silhuetas rondavam e eram de assustar corvos até, mas você continuava ali, olhos secos como seca era a sua lábia, lembra? eu me perdi. me perdi em ser quem decidi ser, era muito doloroso continuar imitando uma imagem que não era minha e quando o tempo fechou os sonhos acrescidos de temas viraram filme, daqueles sem fim, que a luz apaga e que te deixa sem fala e sem rumo, porque? porque você me deixou sem rumo? foi. e o meu rumo virou qualquer coisa que eu inventava pelo caminho, foi bom. ah e como é bom não se ter bolsos pra procurar qualquer coisa, o que se procura está logo ali, num canto da sala e no ano que vem a sala será outra. e a gente encontra outra coisa pra se apegar, outra vida curta pra se cultivar, outro olhar. talvez até uma batida diferente dentro da mesma música, isso sim, é arte.

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