25.10.08

coisas de amigos (nao sei se posso usar essa palavra) parte V

um, dois, três, quatro, cinco...

você não parava de contar. acho que tinha se hipnotizado pela sua própria voz! eles começaram a rir, os instrumentos pendurados no pescoço.

"ei!"

nove, dez, onze, doze...

"ei!, para, já deu, volta!"

catorze, quinze, dezesseis

acho que se entregou, eu pensei. um dos meninos começou a tocar de qualquer jeito pra ver se chamava a atenção, os outros calaram e a risada ficou tão muda quanto os seus instrumentos. o que havia começado a tocar parou depois de alguns segundos, fora inútil o que fizera.

"cara, por favor..."

vinte e um, vinte e dois... pronto!

"pronto o que?"

já contei!

você então deu um sinal com as sobrancelhas para o baterista, e ele sabia... toc toc toc pá! a musica começou como se começa um bombardeio qualquer, mas dessa vez ninguém saiu ferido. eu contei, contei quantas vezes você contou, e contou feliz. a cor dos olhos voltou a ser a que era, qual? não saberia explicar e as folhas que caiam la fora eram bonitas, me chamaram para longe, mesmo tendo que estar ali dentro, presente, cem por cento. de repente, o que era certo ficou mais incerto do que nunca, e eu pisei em falso.

pra onde ela foi?

"não sei, qual e a próxima?"

eu perdi o meu ritmo e fui pra casa, precisava. você me entendeu.


***