1.7.08

If Only - primeira parte


depois da longa conversa ele se levanta rápido apontando para o fundo do café. ajeita o chapéu já de pé e caminha ate o banheiro nos fundos. ela, ao ver o garçon passando, pede a conta que gentilmente faz que sim com a cabeça e limpa a mesa. ela observa os quadros na parede, mas logo cansa e se volta pras fitas e pro gravador velho que gravou toda a conversa. enquanto os organiza na mochila, de tempos em tempos volta o olhar para os fundos, procurando por ele - que demora! - ela pensa. o garçon aparece com a conta e pergunta se quer que ela espere por ele, ela diz que não baixinho deixando o garçon um pouco confuso, mas logo o entrega seu cartão,

- pode por tudo aqui e obrigada!

assim que o garçon se vai, steve volta sem o chapéu e se senta a frente dela.

-cadê as xícaras, camis?
-o cara já levou, cê ainda tava tomando?

-não, mas achei que a gente fosse ficar mais tempo.

-não posso! a cachorrada ta la em casa passando fome!


o
garçon volta com o recibo e a caneta pra ela assinar, steve leva um choque e pergunta porque ela pagou tudo sozinha, ela só sorri e assina. o garçon agradece e ela tira da bolsa uma nota de dez dólares e põe debaixo do cinzeiro.

-ta pronto?

-to.

eles se levantam e ele prontamente pega a mochila dela e a coloca nas costas. enquanto eles caminham o silencio começa a ficar um pouco desconfortável.

-você esta vindo comigo pra casa?
-humm... acho que sim! vou te ajudar com essa mala aqui, ta pesada.
-ai não precisa se for por isso!
-precisa sim!


eles sorriem, mas ela não consegue olhar para os seus olhos. esta bem frio e as folhas que caem nesse começo do outono parecem que vem de todas as dire
çoes. ela observa a sombra dele na calcada, misturada com a dela e pensa que e a perfeita combinação de massas... sorri enquanto ele tira do bolso algum dinheiro, tentando fazer com que ela não perceba coloca as notas no bolso da mochila, no entanto, ela percebe e finge não notar.

-
é aqui.

ele caminha logo atrás dela enquanto o vento fica mais forte. com uma certa dificuldade abre o portão de uma casa pequena e muito antiga. ela pede pra que ele a siga ate os fundos:

- a porta da frente é um saco de abrir!

ao chegarem no quintal um dos cachorro de camille começa a latir e abanar o rabo,
é um belo pastor australiano. steve hesita mas se sente confortável quando percebe que o cachorro também esta feliz com a sua presença.

- cê quer entrar e tomar algo? eu tenho aquele livro do Thoreau que eu te falei? quer que eu pegue?

-seria otimo!


ele entra meio sem graça e da de cara com a cozinha mais aconchegante em que já esteve. ainda com a mochila nas costas observa os quadros na parede, a forma em que todos os objetos estão postos, a grade na parede com temperos de todos os tipo, os livros de culinaria e na geladeira algumas fotos e imas diferentes. um chama a sua atenção, ele chega mais perto pra ler novamente.
"não questiono a existência humana, mas suas necessidades modernas" e logo abaixo as inicias S.E.

camille logo aparece de volta na cozinha com o livro na mão e se depara com ele observando a geladeira.


-o livro esta aqui, Steve. -- sem resposta ela tenta mais uma vez - STEVE?

-sim... opa, obrigado!
-você quer algo pra beber? cê bebe algo que não seja vinho!?

-não! você tem vinho?

-tenho...


em duas taças completamente diferentes uma da outra ela põe um pouco do vinho tinto que tinha na geladeira.


-chileno?
-sim!

-muito bom...

-põe a mochila no chão, ninguém vai rouba-la de você aqui!

os dois dão risada e ela caminha para a sala de estar. sem o peso nas costas ele a segue com e fica ainda mais maravilhado com o que vê, a casa inteira parece que saiu de um filme bom. toda a arte na parede era relacionada a musica, as cores e o aroma da casa o fazia sentir como se não precisasse pedir licença. ela pede pra que ele se sente e fique a vontade e acende duas velas sobre a mesa que tem o seu computador com fotos como prote
ção de tela e vai dar comida aos dois cachorros. ele bebe o vinho e folheia o livro. la fora vai escurecendo e para sua surpresa, steve se depara com um grande cachorro branco, ao seu lado, lambendo suas patas. ele sorri e passa mão nessa grande mistura de husky com pastor alemão.

-como
é o nome dele, camis?
-é fácil!
-
é?
-sim... advinha!

-ai não faz isso!
-vai, cê consegue.

ela senta ao lado do cachorro que logo passa a lamber as mãos da dona.
-wolf?
- não!
-buddy?

-credo! eu la tenho cara de por esse nome em cachorro?

-não... haha

-então!


ele coca a cabeça, olha para o cachorro, olha pra ela e não consegue pensar em outro nome...


-meu deus, steve! ta na cara!

-o que!?
-cê não viu aqui a coleira dele? tem o nome GIGANTE escrito!

desacreditado ele se volta para o cachorro e percebe o nome em letras garrafais: BUBBA.
os dois dão risada e ele a conta sobre seus cachorros em sua casa e como eles são completamente indisciplinados. ela o observa, o vinho começa a deixar-la com o olhar mais doce, os olhos dele parecem de sonho - quanto tempo ela esperou para te-lo tão perto, e que honra sentia quando ele chamava o seu nome. algum tempo se passara e ele se levantou para pegar mais vinho. da cozinha ele grita:

- essa frase
é minha, camis!
- a que esta na geladeira?
-
é!
- sim... você tinha que ver meu quarto!

o silencio acompanha a ultima frase dela, e logo ele surge da cozinha com os olhos arregalados:

- o que você falou!?
- você TEM que ver meu quarto.

ele sorri, traz as duas taças cheias e com uma Mao entrega uma delas à camis enquanto com a outra puxa a mão dela como se pedisse para se levantar. sem palavras ela olha pra ele e fica de pé, logo pensando que não deveria ter falado o que falou.

- o que? - ele faz um sinal com a cabeça e com os olhos como se pedisse "vamos la" - o que? quer ir no..? - ele faz que sim com a cabeça e toma a taça inteira de vinho de uma vez.

mão com mão, ela o leva at
é o quarto.

-não assusta que eu não sou tão esquisita assim...

ela abre a porta e acende a luz, a principio um quarto de uma mulher jovem, mas ao mesmo tempo cheia de historias pra contar. pinturas, fotografias, livros... roupas espalhadas no chão, não aos montes, apenas mostrando como demorou pra se arrumar para vê-lo... a mão dele aperta com forca a mão dela ao ver um poster enorme dele na porta de dentro do armário, que estava aberta, escancarada... como o peito dela estava agora para ele. só agora, nesse minuto, só nesse começo de noite fria mas que queimava a boca do seu estômago como nunca havia queimado antes...

ele tomou a taça de sua mão e a colocou no chão. os seus olhos não paravam de encontrar fantasias no olhar dela, de repente ele o viu ali, dentro dos seus olhos castanhos brilhantes.

-você trancou a porta?
-não...

a respiração era afobada, os corpos eram imas e nada mais cabia naquele quarto a não ser o querer...



CONTINUA...