15.2.07

these are the melancholy mechanics...

em um tempo muito ruim, você que é assim, desse jeito que você é, só consegue se manter vivo com carne que fica confortável quando encosta na sua. ela tem que encostar e fazer você se sentir saciado, cheio de amor pra dar. só olhando pela janela, vendo o mar que não é mais tão azul quanto deveria ser, os pássaros voando em direções contrárias, o vento soprando as folhas para o leste em vez do norte, não dá... o mundo pesa e ele deixou um desenho profundo no canto do seu lábio. como uma faca afiada deslizando na direção do seu pescoço. você gosta do gelo da navalha na sua pele, eu sei. os olhos já até se acostumaram com todas as tendências, todas as linhas tênues e ríspidas entre a verdade e a ficção. assim, você pensa, fica difícil não acreditar que a raça humana por decreto, é corrompida. por natureza é maleável. por amor é livre. essa liberdade, quando está silêncio e você está sozinho, é dolorida. é como uma buzina no seu ouvido. um som que teima em te atormentar e por isso você se força, e por isso ela te aprisiona. serenidade não é sinônimo de bem estar. pra você, serenidade é o seu barulho. é aquela faca no pescoço. é a corda bamba e os seus olhos molhados. constantes. fixos. se o mundo se perdesse agora, seu instinto de sobrevivência não falaria mais alto. seu instinto de solidariedade sim (não em relação à humanidade). você correria pra salvar quem te tira de sua liberdade estreita e te põe na lua. a lua, você diz, é o melhor lugar do mundo para um terráqueo como eu. a água não te assusta, o céu sim. e suas pegadas na areia não permanecem muito tempo. sua sombra já apagou... minha pequena razão, no fundo da cabeça, querendo passear por aí, me disse que te encontrou perdido na rua. mas também disse que você não estava tão perdido assim. ela disse que você finje bem mas que também não finje tão bem assim... não pra alguém como eu que fareja dor a oceanos de distância.
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i wait for the wave to break...