17.2.07

the caucasian-redish-negroid-yellow guilt

tenho algo tatuado em minha pele.
uma culpa ancestral, que se misturou ao meu sangue,
quando meus pais, avós, bisavós e tataravós teimaram em se unir.
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está na minha pele e correndo em minhas veias, toda a genética do terror infligido e do terror assumido. do castigo e da ameaça severa, plena, da discórdia e ferida aberta do peito do mundo. eu passo por qualquer espelho e percebo o nariz levemente arrebitado, com o sinal de um pequeno osso arredondado no centro dele, a pele excessivamente branca, as manchas que mostram que ficar exposta ao sol não é o melhor para mim... as orelhas pequenas mas alongadas, a pontinha que não se separa do início da mandíbula, o queixo pequeno e pontudo... os ombros mais largos, as curvas bem arredontadas, as perninhas longas mas bem recheadas... será que saber que de algum lugar do passado alguém na espanha encontrou outro alguém de portugal e então fizeram algo parecido com o que deu início a minha história? não é o suficiente e eu não tenho saco pra procurar brasões, histórias e discussões sobre o passado de uma linhagem que justamente por nunca ter se preocupado, nunca sequer existiu. mas sei que carrego no meu sangue e no nome que assumi uma marca e uma dor... uma certeza da dor que já causei e que não quero mais causar.
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tá aí. mais uma razão pra ser quem sou...