9.2.07

a incrível questão do ser ou não ser... alegre

deus, me dê um pouco de humor!
quem me vê e me conhece pouco me acha um deslumbre de felicidade, um trambolho com recheio de alegria. um pão de mel de tão doce. um doce que esconde um caroço cheio de cravos, completamente complacente com a miséria de sua própria existência com aquele doce todo em volta. será que é impossível um pouco de humor em mim?
abro um livro e vou logo procurando pelas frases de efeito que me compelem a crer na crueldade humana. ouço as músicas que me lembram de todas as feridas que não secam, vejo os filmes que me entregam ao abismo dessa complexidade humana tão abstrata que cada vez mais parece coisa de stanley kubrick. "o ser humano é sujo. sujo. sujo." às vezes isso toma conta de mim.
e quando algum humano que na verdade não é sujo sujo sujo (mas é um pouco) vem a mim para mostrar o video recente mais cômico no youtube, eu gelo. "vou ter que figir achar engraçado denovo". e eu sempre fingi tão bem que dói. a alma inteira estremece. não me canso de sentir esse amargo em mim, o amargo me faz feliz. e mesmo quando estou me sentindo bem, busco o consolo no olhar triste do outro.
preciso sempre me espremer nos cantinhos onde mora a miséria humana, me alimentar dela e deixar com que ela me liberte.
sou fruto de uma mãe cristã.
filha de um pai gênio.
será que ainda há chance em mim para que eu encontre um rastro de humor encrostado em algum órgão ferido aqui dentro de mim?
será que eu quero?
the satisfaction i need is not even lying beneath earthly soil.
e a música que toca nunca é alegre.
e isso tudo me faz pensar que ser bobo alegre é a coisa mais pesada que um humano pode fazer. ser tonto é quase negar a sua existência, a dor que sua mãe sentiu quando você nasceu, o ardido no joelho quando você caiu no campinho de futebol, a sensação de lixo que te invadiu quando foi dispensado porque era gordo demais! whatever!
mas se ser bobo alegre é a única coisa que faz tanta gente sobreviver, e digo novamente, SOBREVIVER, então será que é no fim algo... bom?