5.2.07

a águia, o índiozinho e a menina dos quadris largos.

humm... as moças dos quadris largos são aquelas que querem aninhar o mundo no seu ventre... a mãe está de pé e assiste ao seu desapego se fingindo de coisa saudável pra dizer mais tarde que não há nada mais justo do que seu olho de águia. a águia é mãe. e como eu ouvia naqueles discos dementes do Jim Morrison, Ray Manzarek, Robbie Krieger e do John Densmore, a caravana deixou de lado seu filho robusto, aquele com as mãos mais fortes, com as pernas mais massudas e com a cara mais amarrada. ele se largou pela estrada e aprendeu a não pensar no passado. a pele fritou no concreto e estremeceu com o vento e sobre as pedras ele aprendeu a dormir no relento. hoje ele vive em busca daquela faísca que ele nunca viu, só imaginou. ele entende que o homem não pede por mais, ele exige. e se nessa exigência existe algum rastro de delicada iluminação, ele a abraça. quando a exigência não passa de uma luz fraca de um poste qualquer numa rua deserta e cinza qualquer a vontade de viver se apaga, como uma chama débil sob uma leve brisa do mar...então a águia o vigia...
leva comida quando o rapaz dorme...
ainda se lembra do dia que o encontrou vagando com os lábios secos por esse mundo seco, entre as pessoas secas desse deserto de humanidades, deserto de resistência... nesse campo de concentração ele vagava livre e a águia gosta dos livres. ela os alimenta...
ela os perdoa por serem tão parecidos com a própria lava que construiu nossa natureza...
o fervor intensificando a marca
a lava tomando forma da vida
a vida tornando o caminho da lava peregrina.
a águia o segue por saber de sua natureza e ele a ama por saber de sua visão.
(já vi um filme assim)
(já vi uma alma assim)
ela vagava pelo mundo criando discórdia entre os injustos
trazendo ervas e flores aos justos...
.
ela fala algo ao pé do meu ouvido e minhas mãos seguram com força a tulipa que ela deixou para mim logo ao amanhecer em minha janela.