15.10.05

The Constant Gardener e seu Mestre



Noite de sexta-feira. 21h30. Sentada na pior cadeira do cinema lotado. Propagandas inúteis e trailers mais estúpidos ainda. Mas resta uma esperança, o jardineiro constante....


Amei Cidade de deus. Tanto que assisti pelo menos umas 5 vezes no cinema, mas esse filme novo do Fernando Meirelles é demais. Cada cena, cada close em Rachel Weisz enquanto ela olha para aqueles que ama, cada esperança e cada monstruosidade que a indústria farmacêutica comete me fazem doer os ossos. É como se Meirelles simplesmente entendesse de tudo. De tudo que faz com que minha raiva inflame. A cena do pequeno e raquítico irmão de uma das vítimas da porcaria da droga que usam nas pessoas inocentes trazendo um cartão precário ao túmulo de Tess, a cena em que o jardineiro tenta salvar uma criança de um ataque ao seu vilarejo, o amor entre duas pessoas que vai além do infinito, e que abraça todo o mundo... Não me contive. Chorei como uma criança.

Mas olho em volta.

Vejo um imbecil roncando, ao meu lado gente com sono, namorando, cagando praquela realidade infinitamente cruel. Até quando!? E uqero ser Tessa, quero lutar, não importa como. Mas que porra de mundo é esse que fez com que a vontade de mudar fosse suprimida? Que gente é essa que paga R$12 pra assistir esse filme e depois sair dele sem vontade de fazer nada? Que PAÍS É ESSE?

Vou escrever para o Fernando Meirelles e pedir a ele que não pare. Pelo amor de deus e por tudo nesse mundo, não pare. O mundo precisa de gente como ele, caso contrário não haverá mais humanidade. Apenas robôs programados para comer, defecar, cuspir, vomitar, se reproduzir e matar matar matar.