16.12.08

de l'odorat


Ele. Era ele pois era uma entidade sua, separada de qualquer ser que seria único se fosse junto a ele. Era uma dor quente de se apreciar, de longe... Pois era conhecida por todos a sua reputação, conseguiria transformar a menor e mais delicada pétala em destroços que, como se um sopro leve tivesse por si só tomado conta de tudo, estaria desfeita em segundos com um beijo único, mas fatal. Era preguiçoso também, de uma certa forma gostava de se prolongar em cadeiras ordinárias pela calçada observando o movimento. Quem passava que fosse atraído por ele, não desviava olhares, era com prazer que ele os encarava e devolvia um afeto imperfeito. Irreal. Surreal. Era de se esperar, foi criado para isso. Nasceu de um sopro, reticente, nasceu do fim de uma vida. Era de se algemar por tantos crimes cometidos contra mulheres que, de indefesas nada possuíam. Era de se trancafiar, mas ninguém tinha coragem. Continuavam a deixá-lo livre para ensinar algo ao resto dos eles pelo mundo por onde perambulava. Mantinham sua chama acesa por quanto tempo fosse, até que alguém tomasse dele o seu reino.

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foto daqui.