3.12.08

it was right there

Naquele dia o sol apareceu fraco, como um raio que desacelerava o tempo, ao menos para ele. Enquanto segurava aquela caixa quase vazia de cigarros procurava qualquer coisa que o fizesse querer fumar o único que ainda o restava. Ele queria algum sinal que fosse. A simetria daquele exemplo de falta de coerência o degolava. Eram poucos os momentos que tinha tempo para pensar em qualquer coisa que fosse, esse era um deles. A falta de harmonia nos traços dos seus dedos que desarmadamente ponderavam sobre o que ele observava o tirava do sério, e qualquer teimosia que teria carregado então se esvaziava do seu peito. Ele parava, parava para que aquele tempo que desaprendeu a viver voltasse, e a ele restava poucas formas de se prestar homenagem, tudo o que queria era poder querer, e ele quis. Com uma de suas desarmoniosas e pesadas mãos levou a simétrica caixa de volta para o bolso, o fechou para sempre que cabia naquele minuto num fundo escuro e sem volta - sem volta até a próxima hora - e sentado sobre um dos degraus enterrou a sua falta de sorriso em suas mãos. Sabia o que precisava fazer, a hora era aquela, mas seu senso crítico o falhava, o tempo o desarmava. Ele esperaria que o sinal aparecesse enquanto a angústia o alimentava. Mais uma vez.


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