20.1.09


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O cinema é pra ser visto com olhos d'água. Repletos de embevecimento, cheios de outras horas e histórias, mas calmo. O peito em compensação deve estar despovoado de martírio. Ir ao cinema condiz com o estado de ser sem ter de estar repleto de si. Arte menor? Meu focinho. Arte vendida? Como todas. Entretida. Arte entristecida com o que deixou de ser. Arte malograda. Blasfémica aparência mesquinha. Arrogante feitores do bem e do mal de mãos dadas, atadas até o túmulo, deus dos deuses, o túmulo de muitos que ousaram perguntar "quem me causou tamanha dor?". Pavimento de enredo e comoção por obscuridade. Silêncio no caos. Cinema á para ser engolido com lábios de exaltação. Dentes presos no teto quente.


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imagem: stanley kubrick