29.12.06

shoot the artist

"sem que ele (o artista) queira,
torna-se sua tarefa infantilizar a humanidade,
eis a sua glória e o seu limite."
friedrich nietzsche
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mate o artista.*
na porta de sua casa a fachada que encobre a verdade de que ele não mora em lugar nenhum. é talvez um cachorro sem dono, ou melhor um dono sem perspectiva, uma tela sem tinta nenhuma, ou melhor, com todos os tons e todas as cores do mundo, sem objetivo comum.
na sua porta você encontra
palavras sem sentido se unindo contra a força do açoite do tempo. para ele (o artista) as palavras sempre vieram como se vem a vida, sem nenhum aviso prévio. quase como uma obrigação celestial, uma posessão teatral, uma veia saltando na testa.
ele ri do que não sabe suportar e chora quando ama.
mate o artista, ele quer acabar com o mundo
proteja sua casa
ele quer botar fogo nas ruas
apagar a sua alma com a sua borracha
o cantor olha com aquele ar de quem sabe algo que você nunca poderia saber. foi o cantor mesmo quem o ofendeu ao se ver no outro lá em cima naquele palco o que ele mesmo não entende e transmite sem dó o que antes era tão dolorido. ele não tem pena de si porque a clemência não é própria do artista, é clara e dura como a moral do jornalista que não polpa esforços pra ocultar o que não se vê.
shoot the artist.
he ain't no human.
he won't sell his soul for a dime
he won't mind
at all
if you shoot him in the head
he will cry before you grab that gun
he'll know before you know it, but please
shoot the man that stole this life out of me
and made me
this poor, louzy liar...
shoot him at once, let him die in my arms.





*piece of crazy writting dedicated to him, him, him and her.