21.8.08

vamos falar sobre a maldade


Eu não consigo me acostumar com a ideia de que as pessoas não entendem que os melhores da musica, da literatura e da arte em geral são em sua mais amalgamada camada interna, pessoas MAS. Deixe-me explicar meu raciocínio - que não tem nada de raciocínio, é somente uma forma de sentir o que eu já sinto e tentar assim trazer mais adeptos as minhas praças. O que se passa é que quem é bonzinho demais, tem o olhar doce demais, só fala palavras bonitas, tem acessos de gentilezas demasiados coerentes, é super humanitário, prepara ensopado pra quem não come a meses, sorri a todos com a mesma carinha de sensível de um urso de pelúcia não possui na pele o habito de ser malicioso, de conhecer mais do que um mundo de belezas, mas um mundo de devaneios e profundezas inéditos pra quem é simplesmente bom. O bom, no sentido moral da palavra - ou não, pode também ser amoral o bastante pra ser tão bom que ultrapasse qualquer bobagem dessas - não tem gosto de dor na boca e nao tem as sobrancelhas tortas, apesar de também poder ter sofrido muito anteriormente, não possui aquela ruguinha sobre uma sobrancelha constante que significa que nunca olha desconfiado pra ninguém. O bonzinho que pode ser bonzinho de todas as estirpes faltou na aula de como colocar uma camisinha na banana no colégio e esqueceu de participar do grupo de brincadeiras como gato mia e do copo com os colegas, nunca deu um trago num cigarro e nunca leu Anais Nin. O bonzinho nunca ira gostar de Billie Holiday e nunca vai entender no seu sangue ralinho o ritmo mais quente e mais visceral de todos. E quem e bom? Bom no sentido de fazer arte com todo o seu corpo e vontade? Só quem experimenta morder a própria língua, comer literalmente apenas o pão que o diabo e seus senadores amassaram e ferir alguém que mereça só porque precisa ser o atuador do karma no mundo, porque quem é bom mesmo sabe no fundo que as leis naturais e feitas pelo homem só servem pra encher livros na estante.


***