20.9.08

coisas de amigos (nao sei se posso usar essa palavra)

o telefone tocava quase mudo porque de tão baixo, ouvia mais o vibrar dele sobre a mesa do que o som do toque. eu entendi que era quem era, porque quando me ligava o toque era diferente - não porque o queria que fosse, mas porque ele insistiu. fazer o que?

-diga!
-você sabia que era eu?
-ah mas você me fez trocar o toque pra quando você ligasse, lembra?
-nossa! é verdade, não me lembrava...
-novidade!
-tudo bem?
-indo. você?
-também.
-mulher, família?
-tudo muito indo. a filha ta linda.
-claro...
-óbvio...
-diga porque ligou, estou me preparando pra sair.
-você vem aqui no natal?
-que?
-no natal? você vem?
-pra onde?
-minha casa!
-não! você nunca me convidou.
-caramba, eu devo ter esquecido!
-você é uma comédia.
-tenho muita coisa na cabeça.
-ok. então agora me chame, de verdade.
-ok, você pode e, ou quer vir até minha casa no natal?
-não!
-ah p*ta que o pariu!
-não você errou, puta que A pariu.
-porque você não quer vir?
-porque eu tenho mais o que fazer!
-valeu hein!
-ha!
-onde vai passar?
-aqui em casa.
-ah.
-saco né?
-sim. odeio.
-odeia o que?
-natal.
-enfim, era isso que queria saber?
-era. bom, depois a gente se fala mais.
-ok, da um beijo na família...
-um beijo? que coisa estranha, vocês brasileiros.
-ta quer o que? da um tapa na careca?
-claro!
-ai, vai la.
-ok, vai também.
-beijos.
-abraço!


ele havia esquecido de perguntar quando que eu ia aparecer pra pegar o casaco que esqueci com ele, dentro do estojo de sua guitarra em um dia que era pra ser frio, mas que o clima decidiu ser amigável, so daquela vez.


***