8.6.07

-Ah, tem um mato pisado logo ali, tá vendo?
-Foi alguém que andava na chuva, oras...
-Nada! Foi antes...
-Como você sabe, Sherlock?
-Dá para ver, cáspita!
-Como?
-Tem muita água em volta, lama e tals. A pegada não tá tão nítida entende?
-Sim, sim... Você é um gênio...
-Eu observo.
-Humm. Você viu o que aconteceu?
-O que?
-To aprendendo demais a desapegar...
-Como assim?
-Sei lá.
-Como assim? Conta.
-Sei lá. Tudo é sem sentido.
-Disso eu sei.
-É. Tem coisas que me machucam sabe? Demais.
-Sim... Normal.
-Mas tem coisas que me machucam e eu tenho certeza que é de propósito...
-E onde entra o lance do desapego?
-Entra quando eu não ligo.
-Pra que!?
-Pro de propósito, entre aspas, sabe?
-Sei... Não, pera, não sei.
-Que parte você não entendeu?
-Pera. Você sabe que é de propósito e não faz nada?
-Não.
-Porque sua anta?
-Porque não adianta!
-Porque não adianta?
-Porque não vai fazer a diferença... Sabe?
-Não sei do que você está falando...
-Vamos embora, vai.
-Nervosinha.
-Vai logo.
-Que foi?
-Cansei, vai logo.
-Você vai embora já?
-Já, boa noite, você não entende nada.
.
.
E assim ela se foi e ele não entendeu nada.