26.6.09

alice pequenina



Quando era criança e por alguma razão não me sentia bem, uma única pergunta vinha à minha pequena porém pensante cabecinha: se eu estou tão bem quando não sinto nada, porque estou tão mal quando sinto? Ah... é como se a Alice filha do Plácido e da Lucinha nunca tivesse crescido, ela ainda se pergunta as mesmas coisas e não chega a conclusão nenhuma toda vez. Será que ela se pergunta as perguntas certas? Talvez não. Mas, se ela perguntasse as erradas sempre, não estariam as certas todas tomadas por qualquer coisa que não é e portanto não deveriam ficar escondidinhas para que ninguém as encontre? A Alice de ontem pensa que sim, o problema é que ela ainda é atual, sendo ou não respondida, sendo ou não digerida, ainda é furona consigo mesma. Não aguenta o fato de ter que estar na própria pele. Porque então estar? Pergunta a criança, para dizer que está? E que graça tem dizer que está se não é sempre que se pode, e quem disse que alguém pode qualquer coisa em primeiro lugar? Foi alguém que disse? Quem inventou o poder? Alguém que queria sempre estar e que tinha inveja de quem não se importava?


A menina Alice se espanta e volta a pisar com seu pézinho e pensa novamente "porque será que eu sou eu e a minha pele é minha? e se tudo isso é apenas empréstimo que eu não fiz?".


As respostas é que não chegam nunca.




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