13.7.07

ele havia chegado há pouco por essas bandas.
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que cheiro de homem que ele tinha, rosto riscado de homem, ombros largos de homem, dedos grossos, mãos maiores do que o rosto, coisa de homem mesmo.
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a camiseta branca apertada mostrava o corpo de homem que ele havia pretendido quando garoto, sonhava com isso e com seu cabelo cheio e longo caindo sobre seus olhos. esqueci de dizer, seus olhos eram de homem também, olhos duros e um pouco molhados como se tivessem sempre tristes com algo - como todo bom homem de verdade sempre está. a corrente no pescoço balançava enquanto eu o observava do outro lado da sala. o café esfriava, o cigarro se apoiava entre o indicador e o médio.
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os lábios murmuravam algo deliciosamente misterioso.
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antes de sair, deixei meu casaco cair e como todo bom homem ele o recolheu e o colocou sobre meus ombros.
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-em dias assim não é bom perder nada, meu bem.