3.4.07

hádese

pois é.
existe um momento de se parar e olhar em volta e não olhar mais nas linhas das mãos.
são tantos anos que o conforto virou cama de prego
em dia quente
sem ar pra se respirar
com nada mais do que dois trapos velhos amarrados ao corpo
como roupa
pra mais um dia sem sentido de se estar.
e quando se toma a decisão de se olhar em volta e pesar as coisas é necessário uma certa frieza, mesmo que seja só no olhar, no toque jamais mas ao encostar é preciso largar os dedos, retrair os músculos, puxar os ombros para trás. é necessário se cuidar quando tudo o que você fez foi se preocupar se ninguém via o que você via.
dê um tempo desse tempo envolta porque afinal quanto tempo alguém tem para se perder? o tempo que ele cria ao regar aquela muda que não nasce só no seu jardim mas que nasce no jardim de quem cuida, não de quem deixa viver...

deixar viver apenas é ilusão.

não deixe enrugar a testa, não vale o esforço
mas não deixe de tencionar o queixo, puxá-lo para baixo
fazer bico e logo em seguida morder o lábio inferior, em sinal de dúvida, eterna reprovação e re- aprovação
de cutucar a fitinha do bonfim no braço e no tornozelo...

há tempos não escrevia e não sentia mais nada e continuava não me esforçando para sentir qualquer coisa, sentir virou algo fora de mim mas agora sei o que acontece e foi só quando eu parei de ver o mundo de dentro para fora e comecei a ver o mundo de dentro como algo meu e tangível que poder vir a se transformar no mundo de fora.

porque o quintal de fora

é a porta de entrada

do meu mundo

de dentro.