4.11.06

só porque confessar é preciso

Quando estrapolamos o limite do eu em um texto? Quando deixamos de lado a razão do que há de bom para nós mesmos e começamos a perceber que para se ser é preciso antes existir? O tempo bom da lamúria se foi. O exército de ninfetas adolescentes e de cães raivosos já se foi e o canil fechou suas portas de tão lotada por causa da última estação. Foi um gole de veneno, eu sei. O gole que trouxe o fim ao derradeiro... porque tanta baboseira romântica? O tempo que passou não volta mais porque nem mais temos a tão confortante noção do tempo. O tempo? Que passou? Que chegará? Vou dizer que se o tempo tivesse um real significado se chamaria Adão, Joaquim ou até Vladmir. Porque não Leon? O tempo seria homem e teria nome de homem, mas nem isso o tempo é. Por isso eu o desafio. Canto baby please don’t cry e peço a deus um pouco de paciência. Só peço paciência, nada mais. Se assim continuo, olho ao meu lado e vejo tudo que me lembra de quem não sou. Todas as coisas que deveriam já fazer parte da lembrança, nada mais. Meu coração pulsa em um ritmo que já não condiz mais com a realidade e isso me assusta. Quisera eu como Floribela ter o sonho de ser a camponesa inocente que se contenta facilmente com a vida simples, porque o que é simples é sim, muito bom. Mas a natureza fez de mim alguém empalhado em água como em uma cascata. Água que não para. Como tudo na minha vida... que não é mais minha, é do tempo. Em meu campo florido restam pássaros pisoteados pelo processo demorado que leva o resgate. Ele vem a galope, e hoje em dia nas ruas de São Paulo andar a cavalo é missão de maluco beleza. Meu salva-vidas é maluco beleza. E eu vou ficar aqui, com certeza, a espera do trem que tá em Itápolis esperando o sol nascer... se conselho fosse bom não era dado de mão beijada, era vendido. Pois já que sou boa demais pra você vou me vender. Me vender às custas da sua delicadeza. Vou ser cordão de ouro no pescoço de novo rico, vou ser beijo lambuzado em adolescente afortunado. Vou ser bicho preguiça em shopping vazio na segunda-feira de manhã(?!?). Deus! Que absurdo! Não posso! Minha ligação com as pessoas é tão grande que se desfaz em milhões de partículas me espalhando pelos rios e oceanos, esperando que alguém descubra que amar é a única solução. Será que só eu vejo isso? Já ouvi tantas músicas a respeito. Já ouvi tantos poemas também... já pensei em tantas pessoas que ousaram amar, mas não recebo a resposta com eco, o grito que acolhe, o dia quente do amor sem fim (Talvez porque amor sem fim seja coisa de filme. Talvez porque filme retrata a vida de alguém. Talvez porque o amor sem fim já aconteceu!). Então ta, agora to mais feliz! Será que a nossa vida é assim? Cheia de felicidades momentâneas que se espalham feito areia e que arranham de vez em quando os olhos da gente?