10.9.10

por fim, enfim



enquanto cor e enquanto força, a marca do peso quase leve demais perdia a pureza e o resultado era a fome. a fome para que o gosto não se perdesse por completo. para que as marcas na sua história não fossem tão passageiras quanto as que já se apagavam do corpo.

enquanto tempo, ela não o dominava e nem pedia por mais. 

ela queria menos. 

menos espera nessa sala cinzenta e com cheiro de incerteza que tão bem conhecia.

mas enquanto esperava, rabiscava qualquer coisa num pedaço de papel. seria o rosto dele? ou um nome quase esquecido que ainda vagava pelos seus sonhos diários, um tipo com um ar de problema e recompensa maior do que a espera, mais aguardado e menos impossível de se obter do que a paz mundial, mais relevante ao seu mundo de cubículo em romance clássico do que qualquer outro mundo infantilizado ou estilizado de suas companheiras de sala de espera...

era. era ele por fim.

um nome. ela tinha algum nome escrito num papel, enfim.



***


*foto: aubrey no fígaro, por moi.