25.1.06

soldado de papel.

existe um corpo na rua, na avenida que já não é tão larga, que não é tão rara como era para um eu mais jovem. é um corpo, inerte. não, não é não. é um boneco em um posto de gasolina. e é como tudo nesse mundo é. inerte e com aspecto um tanto que... colorido, mas só por fora. por dentro uma massa cinza, completamente sem vida.
não passa um dia sem que passe pela minha cabeça aquele corpo na avenida. um tanto petrificada fico eu. sou eu. uma estátua com cara colorida, sorridente, meio verde, amarela e azul por fora. completamente cinza por dentro. sou eu? como um algo tão cheio de brilho pode por alguns instantes se desfazer em devaneios do irreal. sou irreal? sou igual? são tantas perguntas que não cabem mas que cabem porque não calam. não nos calam. a gente não cala. PARE e ouça. não tenho tempo para mais mendigagem da minha alma. como pode alguém tão angelical, tão sereno, tão cheio de luz e vida virar boneco de chumbo? boneco de chumbo. soldado de papel. se não marcho direito vou preso para o quartel. quem comanda afinal? são tantas teorias, dogmas, expressões, expectativas, orientações, afirmações, sensíveis demostrações do que é real. do que é feita uma flor? do que é feito seu pensamento? escreva para mim, em papel de encanto. me dê luz, em músicas de confronto, encontre paz porque não encontro paz em procurar. tenho sede. tenho muita sede e não sei mais curar dor de cabeça com beijo de boa noite.