20.11.10

amor só é amor quando...



'love ain't love until you give it up'
eddie vedder





Ah... Eu conheço bem o cheiro, a mistura de cigarro queimando e um leve odor de algum tipo de bebida alcoólica (geralmente vinho tinto chileno), o peso da lã fina usada na confecção da flanela que deve ser a de estimação, afinal ele sempre é visto com ela... o pisar firme das botas sujas de lama, remendadas, reutilizadas, reabilitadas over and over and over again... sim, eu conheço bem. O cabelo emaranhado, tão parecido com o meu. Eu conheço bem.

Quantas vezes repeti que o que me bastava na vida era um Eddie Vedder e uma janela pra chamar de minha? Milhões. Quantas vezes conquistei toda essa simplicidade que preciso? Nenhuma. Quantas vezes decorei alguma música que de cara se enfiava na minha intimidade de tal maneira que a dor não passava de lembrança esquecível? Quantas vezes a melodia, a letra e tudo aquilo que vive e respira nas entrelinhas, revirava com um mundo que ainda não conhecia, pronto para me engolir?

Muitas. Milhares. Tantas que não sei se existe número que conte.

Paro e penso se devo dizer o que vou dizer... mas digo mesmo assim, sempre estive pronta. Todas as vezes, por todo esse tempo, do começo ao fim e do fim até o próximo começo... 

Não que eu espere que de fato esse cara vá caminhar até minha porta, dar um hello e me chamar pra dançar na chuva, mas que o tempo que a música dura, os instantes logo após os primeiros acordes, os segundos entre uma palavra e outra - o tempo de uma inspiração ofegante ou não - são no fim tudo o que preciso. Os segundos necessários para que um sonho qualquer ou uma visão, revitalizem todo um corpo e mente de uma menina pouco sã, feliz demais por amar desse jeito único dela.


Até a próxima canção.




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