17.2.08

uma anormal.

eu acho que sou anormal.
esperar que te olhem no olho e vejam gente
não animal.

esperar que agarrem o cigarro
e o atirem apagado
e que não deixem a cinza ecura marcar a pele crua
já cansada de descaso.

eu acho que sou anormal
acreditar em conto de humanos
livres por serem livres
arredios por serem mundanos
por serem do mundo
mais do que um tanto.

eu acho que sou anormal.
eu peço um café pra mim
e um pra você
abraço a jaqueta com o sol a pino lá fora
e o frio de quem encosta aqui dentro
eu sou anormal.

eu espero que me olhem na boca
e leiam um foda-se profundo.
que larguem a guerra de feridas abertas
de milhares de lanternas entrépidas
que entendam de ser junto
e não me ameacem por ser lépida
assim colorida
assim feminina
assim anormal.

eu acho que estou cansada
abrir os olhos e ver sangue
não me conforta
empinar os ouvidos
gritos, ameaças de assassinos
bombas, descaso de maníacos
vestindo suas melhores roupas
em uma manhã ensolarada de domingo.


eu sou anormal porque dói.