15.9.08

voce quer?

eu repito para mim mesma como se fosse a única chance que tenho de aprender de uma vez por todas qualquer coisa que não aprendi ainda: é preciso deixar estar. e eu não digo isso com orgulho, é com dor que repito e que temo por mim mesma e pela minha sanidade, é preciso deixar estar e largar certas coisas a qualquer outra pessoa que não eu, porque? não tenho regras para poder discernir entre o que é culpa minha e o que não é, portanto baseio minha culpa no grau de importância que dou as coisas, as maiores depravacoes humanas, as que escalaram a um grau de desumanidade exacerbada me tem como culpada também, as menos importantes deixo aos ombros mais frágeis, aos que não suportam o peso qualquer que ele tenha, ate porque certas culpas pesam toneladas e outras tem o peso do mundo, seja ele qual for. penso que se aprendesse a contar rápido como aqueles matemáticos malucos teria ainda mais culpa em mim, por onde ando conto, conto qual é o valor dos números estampados naquela casa todos somados, conto quantas pessoas se sentavam no banco daquela praça, conto quantos corvos brigavam por aquele pedaço de pão. isso me da um ar um pouco autista, gosto muito porque tira a culpa de mim por alguns segundos, entrego-a para alguém que a queira, você a quer? deixo estar. mas esqueci porque comecei esse texto... acho que foi porque queria deixar alguém partir, alguém que me causa culpa, uma culpa que me enche porque diz que eu devo algo a essa pessoa quando ela que me deve demais - eu sempre sei da verdade, acho que é porque eu conto tudo - mas não aprende, e não me agradece, muito menos age como uma pessoa agradecida então queria deixa-la partir (a pessoa, não é necessariamente ela nem ele, pode ser ate um meio termo!) mas algo me prende, o que é? culpa? pode ser. enfim, é preciso aprender a deixar estar assim como nos não precisamos regar a árvore quando esta mais velha, ela se vira de algum jeito, mesmo as que são tenebrosas e assustadoras se viram - melhor do que as outras, tenho que dizer.

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