29.3.07

momento de infantilidade do dia

quando era pequena, pequenina mesmo porque sempre fui meio grandona, eu queria ter linhas no pescoço.

"i want lines all over my neck!"


eu tinha uma amiguinha de escola que era mestiça e que tinha as linhas no pescoço mais lindas que já tinha visto até então. eu tentava imaginar se algum dia teria as minhas próprias linhas nesse pescoço branco mas olhava para a minha mãe e ela nunca teve nada, até hoje. olhava para o meu pai mas não dava pra me basear muito nele que já tinha um pescoço de velhinho na época pois já era um respeitável senhor quando nasci. enfim, tive que me conformar em acreditar que nunca as teria. mas um belo dia ao me olhar no espelho bem cedinho antes de sair percebi alguns traços sutis e outros mais fortes em volta do meu pescoço, na pele branca com algumas sardas e algumas veias azuis aparecendo. todas elas - as linhas- perfeitas, do jeito que eu sempre quis! elas estão aqui exatamente como eu lembrava da minha amiguinha japinha. queria muito poder contar pra mim mesma com cinco anos que eu teria as linhas no pescoço do jeito que eu sonhava e que tudo era uma questão de... tempo.

elas significavam muito para mim e agora significam muito mais!

27.3.07

como papai dizia

"(Então ela sabia que estava tudo "nos conformes", como o pai dizia. "Nos conformes" pra que a coisa vingasse, a coisa toda que ela planejou a vida toda! E que vida hein! Foi vivida inteiramente naquele coração e era grande a coisa, porque se espalhava por todos os cantos que ela passava... era irremediável o amor que ela colocava em tudo, em todos que tocava. Era algo impressionante. Algo comovente se não fosse tão dela.)

-Já faz parte, entende?
-Como assim, entende? Não entendo, não sei do que você está falando, simplesmente acho que ela é carinhosa demais, sei lá...
-Ela pensa demais nos outros, mas isso é bom, não é?
-É. Mas não é, né? Ninguém vai cuidar dela, nunca!
-Mas ela cuida bem dela mesma, acredite...
-Porque deveria acreditar? Para de falar as coisas pra mim como se eu não soubesse dela, pô!
-Tá bom... mas você entendeu? Ela se cuida... ela vive num mundo dela.
-Ah, disso eu sei! Caramba, sempre falei pra ela viver mais!
-Mas aí você se engana! Ela vive mais que todo mundo, aqui nesse mundo normal e no mundo dela...
-Ai cara, cala a boca! Ninguém vive assim, ela precisa de um psicólogo, terapeuta, qualquer coisa do gênero. Ela tá ficando maluca, vai vendo...
-Nossa! Meu deus, cala a boca!
-Cala você, seu bosta!
-Eu já falei que você não sabe nada dela e o pior é que ela gosta de você. Acha que você é super bonzinho... bonzinho! Deus do céu...
-Bom, já que conhece tanto, abraça logo... ela vai precisar mesmo de alguém. Tá viajando mesmo achando que vai a algum lugar.
-Meu caro, se segura na peruca, porque quando o nominho dela aparecer em tudo quanto é lugar você vai arder no inferno por blasfemar!
-Ah... vai vai! Vai lá abraçar a santa!
-Nossa! Você é maluco..."

26.3.07

A Doubt


'Everyone speaks at the same time. Everyone wonders "Who am I?". It'd be sad to blow through time, we never go through the sky, we never know when to die... lean in to walk, we dreamed of tonight, lean in to walk... we dreamed of tonight. We all choose to live life, we confuse how with why, everyday is lost as it goes by... these moments don't compete and i wind up next to you, and all that i need is a doubt, that's all one that feeds the mouth. One simple means is to leave it by the door... One time top lay is the time you play for, and you never set a limit...

Lean in to walk

Nothing missing from life
Lean in to walk
Nothing missing from life
Nothing missing from life
Oh
Lean in to walk
Nothing missing from life
Lean in to walk
We dreamed of tonight
We dreamed of tonight
And don't ever set a limit'

so...

sinceridade é a única coisa que me resta.

quantas vezes eu deixo escapar a mentira mais doce pra mim mesma? aquela que me tira do meu trilho, do meu caminho e da minha decisão? um milhão, novecentos e trinta mil, duzentas e quarenta e três vezes...
meu pai foi o único que fez a coisa acontecer. ele saiu pobre de marré deci de minas (sô!) com catorze anos e foi pro rio de janeiro quando vargas nem sonhava em ser presidente, engraxou sapatos e se transformou em dôtô, mesmo vindo de uma família que só tinha cortador de cana e afins... ele perdeu uma parte do dedo indicador quando era moleque no serviço e disso ele tinha orgulho.
e eu, euzinha, a única filha dele (são três irmãos e eu) fui o sonho mais doce que ele sonhou (ai que modéeeestia!). ele queria tanto uma menina, uma filhinha, uma mãezinha, como ele falava, que acabei tendo que colher também todos os sonhos que ele moldou pra mim. parece que caiu no meu colo mesmo essa coisa linda que ele via, esse mundo perfeito, a o ponto de harmonia completa entre a razão responsável e a arte mais complexa e humana, o cúmulo da beleza e do fim, a vida de quem abdica da vida pra se doar ao simples ser. meu pai fez isso comigo mas eu não entendi nada! nada! acho que nunca irei entender, ele não deixou diário... mas sei que acabei de receber o dom, é isso mesmo, o dom de trilhar meu próprio caminho, sem precedentes, sem grama podada ou estrada asfaltada, só pedras, lama mas uma vista linda do penhasco, um mundo de montanhas verdinhas, algumas cobertas de neve e a vista para o mar... esse oceano de possibilidades que mora no meu caminho e nesse mundo perfeito que já foi escolhido para mim mas sem deixarem instruções de como pegar o caminho, eu que terei que me virar...

e é isso.

hoje acordei e resolvi dizer a verdade a mim mesma.

e que assim seja.

24.3.07

viu o céu?
Vai ver...
azul e não tem nada redondo brilhando.

"holding tight to dreams that never end..." - JF

my fucking goodness...
é.
quando eu soube o que era pra fazer eu não fiz e daí vai entender né?
mas as linhas tortas continuam aparecendo claramente nos meus cadernos e deus não estava de brincadeira, nem por um instante, nem por uma pequena fração de segundo.
dona élice, you've been right all along.
você estava certa quando não queria.
estava certa quando percebeu.
estava certa quando caiu.
estava certa quando pensou que deveria fugir e ficou.
estava certa quando simplesmente intuiu.
mas o sonho continua tão vivo que parece mentira! já tiraram mais tapetes de debaixo dos seus pés do que qualquer outra coisa e mesmo assim você continua viva, com esse coração vermelho e gordo, cheio de ritmo, você sempre teve ritmo, noção, razão, só não ouviu porque não quis, é-lii-ciii.... e a vida continua no ritmo alucinado desse asterisco... é tudo tão variado, relativo, monstruoso, bizarro, perdido, renovado e... perfeito! nesse passo eu passo e é por isso que abracei o meu passo... passo a passo eu passo.

e à noite eu apago a luz, deixo cada sonho iluminar tudo a minha volta... mesmo que seja sonho pra alguns é real pra mim e é tão real que todo mundo entende e finge que não... e quem sabe se um dia ou dois o caos não se instala e eu evaporo e e vou ter com meus anjos e arcanjos nesse paraíso paralelo, nesse novo mundo, indeed um novo mundo mas bem conhecido por mim. deixa que eu mostro o caminho...

22.3.07

quer com açúcar ou adoçante?


é indefinívil. nunca é restritivo. nutritivo e muito informativo. é divino. totalitário e libertário, all at the same time. é uma situação verdadeiramente mágica. são noites de sonhos precisos. dias de contrução mental do que farei em pouco tempo. são dias de gente linda a minha volta, mesmo sendo horríveis, agora são lindas. são perfeitas montagens equilibradas entre a ilusão mais brilhante e criativa e a relidade dura e analfabeta dos meus dias. essa doçura esplêndida maltrata quem não vê o que acontece, mas me deixa mais feliz que o feliz pode ser! já era a hora de saber que quanto mais piso no freio mais dou gás pro freio me emperrar, para com isso menina! pisa na embreagem e muda de marcha, peloamordedeus neném! as marchas existem pra isso, pra fazer você guinar, trocar, viver um pouco mais próxima dos cento e oitenta... do jeitinho que você gosta. e cada pedrinha no caminho? o que eu faço com ela? pula, porcaria! e se tiver alguém? da a volta nesse ser! e se tiver um riacho? pega o caminho mais longo! é isso. deixe os rostos passarem, absorva o que te der na telha. não deixe de se apresentar como a mais nova imortal do pedaço, só viver é um porre! morrer é básico, todo dia o dia todo amén. zen e a arte da motocicleta é o que há, vá em frente, em cima e nunca de lado! e aprenda a realizar porque ser assim só sonhadora faz mal pro fígado! fígaro, fígaro, fí-ga-rôoooooooooooooooo!
. .
KABOOOOOOOOOM!

naquela tarde de domingo

ele gentilmente cede ao desejo dela e deixa com que ela se aquiete. ela deve ter muito para falar, ele pensa. ela deve ter uma centena de coisas pra arrancar desse peito. enquanto pensa a respeito ele apóia a sua cabeça sobre sua mão esquerda e a observa com um sorriso meio de lado, meio acanhado favorecendo a beleza sutil daquela menina que não é mais tão distante dele como costumava ser no começo, agora ele confia nela e nem sabe o porquê. ela não percebe o olhar dele ou finge não perceber e continua lendo o seu livro babel da patti smith que pegou emprestado dele. depois de alguns minutos a observando ele dirige sua palavra a ela
"você está gostando, pequena?"
"que engraçado você me chamando de pequena!" - ela solta uma gargalhada muito gostosa e coloca o livro na frente do rosto, ele ri junto dela puxando o livro para a mesa e diz:
"é porque você é tão grande, tão mulher, mas é minha nova amiga, nova em todos os sentidos!"
"eu tô amando, querido. aliás, é você que é o meu pequeno! desde quando eu era do tamanho da sua filha, sempre achei você tão pequeno..." - ela tinha vivido tão pouco, ele pensa ainda segurando a cabeça com sua mão esquerda, e ao mesmo tempo parecia que tinha vivido séculos e assistido aos grandes concertos daqueles que eram heróis para ele, ouvido as canções dos caras que já tinham virado pó!
"é que eu sou pequeno né? todo mundo vê..."
"é verdade... pequeno! você gostou muito desse livro?"
"nossa!" - com a empolgação para falar a respeito do livro ele se arruma na cadeira e abre os olhões em êxtase! - "esse livro me ensinou a amar! é como se na minha vida tivesse um marco chamado babel. a.b, d.b.! é incrível, tenho certeza que será um marco para você também, ainda mais porque você escreve."
"é verdade e eu acredito em você, nas coisas que você viveu, acredito um pouco cegamente até, mas acredito de coração."
"a gente sempre acredita cegamente em alguém..." - assim que pensa no que disse ele hesita, olha para as suas mãos, para os seus dedos longos, pras suas veias e para a pele sardenta e manchada que ele cultivou durante seus anos de vida e conclui - " mas não acredite cegamente em mim. deixe com que esse cargo seja pra alguém mais iluminado do que eu...."
"não fale isso! você é a própria imagem do iluminado do subeterrâneo de kerouac! você já foi eleito, pequeno!"
"você é muito gentil..."
"você que é... eu sei que é."- ele volta a apoiar a cabeça sobre a mão e com a outra segura firme o pulso dela que descansava sobre a mesa de madeira velhinha da varanda dele. ela sorri como uma criança ouvindo seu pai e ele fica absurdamente emocionado e grato por aquele sorriso, de repente ele sente os olhos um pouco marejados e encabulado ele se levanta e vai para dentro, mexendo com qualquer coisa na cozinha. ela fica ali mais alguns intantes para dar tempo para ele secar seus olhos, se levanta e vai até a cozinha, ele a vê e sorri mas volta a cortar os pedacinhos de queijo em quadradinhos pra colocar na salada. ela para alguns momentos para observá-lo e então o abraça de repente sussurrando no seu ouvido:
"seu coração é muito lindo, eu o vejo através do seu peito... obrigada por guardar um lugarzinho nele ali pra mim, tá?"
e assim eles ficam por algum tempo, como uma filha e um pai, abraçados de frente para o balcão da cozinha.

lá fora a brisa do mar movimenta os sinos de madeira naquela tarde serena de domingo.

20.3.07

dezesseis e vinte e cinco

Odeio tudo isso que me faz voltar a qualquer coisa que me lembre que vivo em sociedade e que fui cobrada por ela, toda a minha vida. Já sei muito bem, tudo isso que eu vivo, sei muito bem. Mas a vergonha de se ser exatamente como sou é perigosa. Ela foi enterrada, entenda. Está morta e enterrada mas volta de vez em quando como a lembrança de algum desgraçado morto que retorna em momentos oportunos para reviver em você o terror que ele algum dia fez você sentir. Entendeu? É essa a sensação da vergonha de ser, de respirar, de vestir, de vislumbrar, sonhar, educar, escrever, pensar, sentir, amar, ser, ser, ser qualquer coisa que eu sou e que me revolta quando esse morto reaparece. É uma frase que provoca. Um olhor torto mas direto. Uma porcaria duma lanterna acesa nos seus olhos. São seus olhos. E a vergonha de se ser retorna, de capa preta, foice nas mãos geladas e olhar esquivo. Tudo acontece quando estava finalmente aprendendo a deixar viver e então a vergonha embaraça a nova oportunidade jogada no lixo.

19.3.07

As coisas que se repetem toda segunda-feira

Eu não espero ter que contar quantas vezes tentei congelar essas idéias em mim.
Afinal, todos morrem, todos tem um fim e está mais do que provado que cada um escolhe a realidade que tem, ou escolhe?
Eu tinha deixado de lado a vontade de qualquer coisa que fosse do dever de todos para poder me confortar no que existe de direito de um e abandonar princípios que foram antes o fim de tantos e que talvez não será mais o fim de ninguém.
Existe tanto que é esquecido por nós, tanto que existe em cada pessoa, tanto poder, tanto dom e tanta verdade que se esquiva pelos cantos escuros dessa imensa jaula. Essas jaulas que são chamadas de vidas regradas completamente levadas pelo "mais rápido, maior, melhor, agora" e que nos deixam embasbacados com tanto que você não consegue viver sendo bicho de laboratório. Sendo exploração em conta-gotas. Eu nunca quis acreditar na desmoralização da integridade de caráter do indivíduo que propositalmente se chama de humano.
Nunca quis largar a mão dos dias que eu sonhei que algo muito forte e muito poderoso pudesse mudar tudo a minha volta e dentro de mim - e dentro de todos, as a matter of fact- mas o que parece é que algo morreu e se foi sem deixar vestígios.
E se foi, pra onde foi? A gente suou tanto, ou melhor, alguém suou tanto para que nós pudéssemos compreender que nada acaba, tudo se transforma e mesmo assim não há resposta.
Pra onde foi você?
Compadre complacente à dor alheia?
Onde você foi parar? Debaixo da ponte ou em cima dela esmagada por algum pedestre manco, desesperado em chegar na hora, no lugar, no momento certo para não ser jogado no buraco cheio de gente igual que guarda os restos dos mortais do piso de fábrica de um país, de um continente e de um mundo em chamas?
Onde você foi parar? Dentro de um trem rumo a direções desconhecidas por nós mortais moradores da selva de pedra onde até o coração esqueceu que tem cor e é vermelha, pulsando a cada falta de vontade ou pior, pulsando com a raiva que constrói muros a sua volta, com medo, muito medo, muito, muito medo do dia que chegará com o sol nascendo mais uma vez?
Onde você foi parar, doce compadre?
Atrás das grades, além do morro, dentro das casas de papelão, sobre os edifícios altos e espelhados com placas de nomes de telefonia celular brilhando nas sacadas, em escolas particulares onde os pais vão buscar as criancinhas com jagunços tecnológicos em carros blindados que nunca morrem, nas esquinas, nas lanchonetes, nos botecos, nos restaurantes, nos parques públicos, no córrego sujo, na cabeça do morador de rua, na rua, na rua...
Pra onde foi você?
Se você morreu quero que me leve.
Se você vive, grite! Vou encontrar você.
Onde for que você estiver...
Não quero perder aquilo que não se perde por nada e ninguém, aquela coisa que a gente diz que é a última que morre, ela mesma...
A esperança.

17.3.07

give it a chance...

paz no rio...

paz na tailândia...



paz em budapeste...

paz em seul.

"when it all comes down...."

ai, isso vai me matar...
porque eu penso o que eu penso e deixo o pensar me queimar? porque não importa o que ele diz eu vejo mais do que deveria, do que as pessoas queriam que eu visse, vejo mais do que posso e isso é crime nesse mundo mortal, quente, sem leis humanas... sem lei nenhuma sobre meus pensamentos.

16.3.07

happy coffee friends

o sol está quente, mas os raios tímidos na janela iluminando a casa de café gelada fazem bem. o livro da madame bovary, o diário de idéias - não de álibes - ao lado do copo de café com leite... pingado. as flores de todas as cores que são as coisas mais mortas do lugar, as meninas, com suas roupinhas de baristas tão delicadas são anjos, eu sei. apareceram na minha vida para fazerem o melhor café do mundo, o melhor, só pra mim. madame bovary speaks to me. o cara lá fora fica olhando pra mim como se eu tivesse uma banana grudada na testa, macaco de laboratório. o senhor que merece ser chamado de velho sentado na poltrona não para de olhar pra minha calça apertada, eu sei, eu sei, quem mandou nascer com esse bundão! os risos internos tomam conta de mim, madame bovary. na hora que começar a pulação de cerca o livro vai esquentar e todo o resto vai desaparecer. tenho medo de perder a hora então fico com o celular na mão, tenho reunião, aula, trânsito e música, tudo pra me assustar, estressar, apressar e inspirar durante o dia e pelo dia afora... madame bovary... e eu volto ao tempo, volto ao instante em que o cheiro de off é o que há de mais familiar em volta. deixo de lado o instante desprendido do tempo, volto ao tempo, dando as costas às angelicais figuras que fazem do meu café algo sobrenaturalmente feliz. feliz.

não dá pra segurar a cara de "tô pasma, benhê!"

"It's no wonder that a $2 billion anti-drug campaign which included suggestions that smoking pot supports al Qaeda - (licença poética - HAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHA) and causes pregnancy (licença poética 2 - hhahahahahahahahahhahaha) completely failed. So why are Republicans throwing another $130 million at it?"
.
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DEUS, O QUE É ISSO!?

15.3.07

passos em volta


gustavo mourão - antigo colega, futuro escritor - me disse assim "alice, você precisa ler esse cara, esse sim, esse cara... esse, esse, esse... cara. ele é louco! louco! é muito bom, bom, bom..." colocando o livro na minha mão ele se despediu e subiu pelas escadas da livraria cultura e continuou "lê, é muito bom... muito bom..." até a voz desaparecer e tudo o que ficou entre as minhas mãos foi esse senhor... Herberto Helder, Herberto... Helder... e então o cheirinho de página nova me encantou e a prosa dele me levou pra longe daqui...

14.3.07

não estou louca, estou evitando a loucura...

são pequenos os suicídios diários

os poucos momentos de plena consciência de ser

porque quando se é e sabe o que é, a simples tarefa de existir se transforma em dor.

em nenhum momento alguém disse que seria fácil, só esqueceram de dizer que seria difícil. ou não. só não mencionaram uma coisa: de que valeria a pena, cada erro valeria a pena. como se um contador gigante desses de jogos de basquete estivesse calculando nossas tentativas frustradas e amargas. e enquanto tocava "somália" da patti smith eu pensava em silêncio no meu canto que não bastava compreender, preciva ser levado à todos a um só tempo. precisava deixar tudo e todos no mundo serem afetados por essa onda, por esse amor. e foi nesse momento, que ouvia a música, quieta em meu canto que tive consciência do meu ser - que sou eu, é claro-. tive plena certeza da dor que rondava o mundo e ainda assisti a mim mesma percebendo tudo isso. entre uma inspiração profunda e expiração prolongada assisti a terra cair e deixei com que o espaço se abrisse para que o nosso deixasse de ser e voltasse a existir apenas. deus, aquele momento durou alguns segundos mas reconheci tantas pessoas, tantos "ser"s (e não seres) que agora faziam parte de mim, que estavam perto e longe e que estavam na minha pele, no meu sangue, na minha saliva. a dor já não era mais sentimento. como pode ser sentimento algo tão consciente? não pode... e nem razão, por isso a dificuldade de transmitir aqui o que senti...vi...percebi... realizei.

foi por pouco que não deixei com que o que alcancei tomasse conta mas lembrei racionalmente que precisava voltar, à matrix dentro dessa mega revolução, ao mundo perdido entre essa respiração e a inspiração que me fizessem olhar pra trás e não ver nada, só enxergar à frente e ao agora que foi há duas horas atrás ou que será duas horas adiante... foi por pouco que não quis ceder e cedi pois a verdade que não passa de ponto de vista ainda está crua e nua, despida de razões a frente dos meus olhos. porque a certeza de qualquer coisa se perdeu com a falta de qualquer coisa, qualquer matéria prima, qualquer teia que ligue o “ser” do ser-humano.

não é fácil

não é óbvio

vive em uma dimensão ainda se preparando para se libertar

não se liberta

é

e não se espanta

inspira

se retira de cena para que alguém aprenda

nem todos, veja bem, estarão lá para contar a história em algum tempo perdido entre o futuro passado e o passado futuro

a energia é a mesma...

enquanto toca somália eu percebi, a energia é a mesma

mas as mãos são sempre sábias em seus mundinhos perfeitos

elas medem pela sua forma de medida

elas bebem em seu próprio copo, o quanto querem desse licor

e só se transformam em ser quando se rendem à liberdade eterna, que às vezes dura dois segundos...

13.3.07

Mike said so, no doubt about it...

Ontem, dia doze de março de dois mil e sete, Patti Smith, a banda R.E.M e outros rockers entraram para a lista dos mais fudidos do Rock'n'Roll Hall of fame. O neném Eddie Vedder iuntroduziu o R.E.M e o Flea queria muito fazer o mesmo pela Patti mas tinha um show na mesma hora... mesmo assim o pequeno escreveu algo incrível para a moça e eu fiz questão de postar aqui, pra mostrar como o coração desse cara não existe...

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Patti Smith por Mike Balzary...

ladies and gentleman
patti smith is god
she is god because she has made it clear that everyone of us is god
she reminds us who we are
for those of us who listen to her records and go to see her concerts
she brings to life the highest part of of us
awakens us to our greatest gifts
makes us want to be alive
makes us want to read the finest poetry
makes us want to surrender our bodies and have the beat dance through us
makes us want to fuck with all the love in our hearts
makes us want to be quiet and know ourselves
makes us want to live every day with purpose
and live a life of kindness and dignity
and mind our own business
and rock out like the animals we are
and not take shit from anyone
and fight the good fight
and give of our selves for for sake of being a giving person
and above all
she makes us want to start our own band, write our own book, and paint our own painting(stolen from mike watt)
i have been to a lot of rock shows and been inspired and had a great time
but i have only ever sobbed like a new born baby at a patti smith show
in this time when we are constantly taught by our pop stars to get
rich or die trying
that amassing a large quantity of money and it's hollow, predictable
power is the most important thing to strive for
we can listen to a patti smith record and know what it really is to
have a meaningful successful life
that to make something beautiful without concern for commerce
and to trust in the beauty of that thing
is true success as a musician and as a person
patti, along with the great musicians that have collaborated with and
accompanied her, lenny kaye, jay dee daugherty,richard sohl, and tom
verlaine, have kept alive the greatest traditions of rock and roll
and changed it and uplifted it and reminded the world of it's true
essence
and the source from which it came
she gave a generation of punk rockers something to hold on to
and a path to freedom
patti who can say fuck you and it will be as profound and full of
life as her greatest lyrics
who can sing the most profound and uplifting lyrics that capture the
deepest complexities of this sad and beautiful world and they are as
intense and direct as a fuck you
who never considered selling out
who always told us the truth about herself and the world around us
and let the chips fall where they may
who rocked your world to its core
who is the number one coolest rock star of all time and is an
entertainer everytime she steps on a stage as much as sammy davis
junior, jimi hendrix, or james brown were
who never placed herself above anybody
who got her self out of the way and let the gods speak
who easily could have cashed in on all that trappings fame had to
offer but never ever put her career ahead of being a totally devoted
mother of two beautiful kids
who's late husband the true rocker fred sonic smith is glowing and
proud of her right now
patti made a lot of people not feel alone
including me
i am so grateful to her
my friend
my hero
ladies and gentlemen
it is my pleasure to induct into the rock n roll hall of fame

patti smith.

12.3.07

convite para se viver Stadium Arcadium dos RHCP

Há um ano o cd duplo dos Peppers foi lançado, eu demorei para ouvi-lo mas quando ouvi me perdi durante semanas no som de cada partícula criada por ele a minha volta. Desconfiei que tinha algum plano encondido nas entrelinhas mas acabei descobrindo que não era nada escondido, era tudo explícito, perfeitamente alinhado com a unicidade que esse grupo forma quando são apenas música. Aqui está "o plano", descrito por Frusciante e perfeitamente compreendido por mim... agora sim...
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Stadium Arcadium
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Many of the gods, goddesses, angels, demons and elementals of the universe have conspired to send messages from beyond through the Red Hot Chili Peppers for the current civilization. After a year and a half of channeling and organization, these messages have taken the materialized form of the double CD Stadium Arcadium. If you let go and let this music take you by the hand it will take you flying through skies of sound. It will zoom you up well above outer space and it will show you around planes of existence that do not share the laws and conditions of this reality. And when it brings you down to earth it will dig deep into that shit. It will also teach you to fall back without landing on your ass and to fall forward without falling on your face. Let go and you can be two places at once, you can be as big as the whole universe and as small as an atom simultaneously. You can unite with a star or a plant. You are everything you see around you and the ideas in this music may get you to start realizing what a great power that can be.
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The Red Hot Chili Peppers are learning all these things with whoever wants to come along. They are letting the invisible glorious kingdom of music give them shelter. The have crawled inside the body of music and they are inviting you inside.
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All is an illusion which gives us the wonderful opportunity to play with everything in existence. In the words of one of the supreme gods of funk, "Nothing is good unless you play with it." The Red Hot Chili Peppers have twisted up nature into a decidedly psychedelic form. They have made music that can drive you to a place where nothingness is motion and movement and stillness are one. They have played with light, darkness, sound, silence, form, air, and space to make music that plays with the listener.
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Born four separate people they have successfully become one. Their music is proof that four minds can become one, which prompts the question, why not a billion minds? They recommend that you shut off your mind and let Stadium Arcadium fly you away to a place where everything and nothingness are one. They recommend that you let the music take you away to a place where everything is OK.
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The Red Hot Chili Peppers and their holy guru Rick Rubin have put together music that can take you out of your body, so come inside the great outdoors. Breathe the water. Drink the air. Sleep on a cloud. Run up the beam of light from a star. You are free. Close your eyes, open your mind, and let this music in and you will see that this is true.
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This album was recorded primarily in Laurel Canyon in the Blood Sugar mansion. The recording and mixing was a year long project as it involved finishing 38 songs, 28 of which were chosen to become Stadium Arcadium. The album features Chad Smith on drums, Anthony Kiedis on lead vocals, Flea on bass, and John Frusciante on guitar and background vocals. They also all do this that and the other thing. Rick Rubin watched over the big picture and worked his brand of magic on the music, giving it balance whenever it might have fallen off the edge of the earth. The songs were written at the Alley in the Valley which is where BloodSugar was written. They were written over the course of six months. The band and the producer all had mates with whom they were in love through out this whole project. That love, heart, and warmth is in the music. You are also hearing the sound of analog tape, may it live forever.
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--John Frusciante, March 2006

11.3.07

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Tanta gente dizendo por aí, querendo por aí,esperando por aí que os fins justifiquem os meios.
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Passando por cima de suas próprias consciências ou por qualquer coisa que tenha restado delas. Por quanto tempo ainda terei que aguentar e quão mais caro terei que pagar para aprender afinal que hipocrisia e indiferença fazem parte da programação dedilhada por algum chefão no código genético humano em sua criação original? Será que faz alguma diferença se ter certeza de que não há nada mais poderoso do que o medo? Será que vai doer se eu aprender a usar esse tal poder que o medo cria para qualquer que seja o desejo profundo, genuíno e humano que habita cada célula do meu corpo? E será que eu quero tudo isso tanto assim para mudar tudo que me liga a essa programação maldita e entregue a mim ao nascer? Às vezes, tudo não é o suficiente. Às vezes, o "tudo" é apenas um truque, uma isca que você mordeu bem, uma apresentação para entreter o público. E que mal tem isso? Nenhum! E que bem tem uns dez minutinhos da sua atenção? Um olhar crítico sobre a situação mesquinha em que você se encontra, sua vida é sua ou é parte de um livro terrivelmente mal escrito? É você quem vai me dizer, ou não, de que lado você está, de quem digita seu computador às duas da manhã esperando um final melhor para si e para todos ou nas páginas do livro de alguém que gosta de suspense, terror e adrenalina out of the limits... Dar férias ao seu poder de decisão é burrice e é uma das grandes.
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Acredite, não basta saber.

ontem.

ela não sabe pedir ajuda. se espalha pelo lugar como se tivesse o dom da interação, como se entedesse de gente assim como entende de se sentir humilhada, desconfortável e ambígua. ela não para quieta mas não é por ser assim, é para esconder quem acha que é. é uma tristeza, eu sei. ela tem os olhos que me lembram uma pequena borboleta, sorrindo sozinha mas enganando a todos menos a mim que observo sentada confortavelmente sobre a cadeira regulável a frente do computador. meus pés estão sobre a mesa e eu ouço a música, vejo as pessoas e a percebo lutando contra ela mesma, inutilmente. prefiro acreditar que ela é simplesmente esse desleixo humano por medo. não quero acreditar que ela não passa de uma triste e patética amante da dor e do desespero do outro, não pode ser. passa pela minha cabeça entrar no meio desses colegas. mas hesito e felizmente desisto. mesmo sabendo do toque humano que abraça a todos naquela sala sei que não me recupero assim. meu ciclo se renova onde o deles termina. e sinto que um deles, presente nessa pequena reunião me percebe muito feliz estando longe. ele olha e se pergunta se seria eu alguém melhor. eu respondo com o meu olhar "ora... isso apenas significa que sou alguém que veio de outro lugar, de outro mundo, que precisa de outro fim". não quero deixar com que o clima desfavoreça a cordial gentileza dos meus dias. me levanto. arrumo a mesa, pego a bolsa e saio pela porta da frente sem falar uma palavra.
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seria demais dizer adeus.

10.3.07

outro peixe, outro músico


há quarenta e quatro anos, no meio da neve, nasceu o pequeno Jeffrey Allen Ament. e mais uma vez vou ter que ligar pra ele pra desejar um certo parabéns de-cen-te. ai ai ai... congrats, my friend...
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*foto roubada do twofeetthick.com

9.3.07

parei pra pensar e não saiu pensar nenhum

perca-se além, no que mais for, seja sem dó, meu bem.
entrelaçado ao som do pneu cantando alto a cada curva, retire-se, doe-se a cada metro, a cada via.
é claro que o que é claro é bem longe de ser óbvio mas tudo a sua volta o ensina. e tudo só faz sentido porque querer nem sempre é poder. é um mistério viver. e quem sabe disso não para mas aprende a talvez ver as coisas de uma maneira diferente, de um prisma singular e tão evidente para si que dói. mas doer nem sempre é razão para se acreditar que o pedido é real. nem tudo é real, sabe? nem tudo é real... repito. nem tudo é real. nem-tudo-é-real. reflito.
perca-se a mais pois de menos é tão ruim... visões são para serem não para gastarem sua preciosa redenção.
readmito.
que de cara e limpa não tem nada.
me arrepio.
e de presa fácil é fácil querer se ver livre, admiro.
e quando se procura no dicionário por algo tão vago o sentimento se perde no meio das páginas, escorrendo pelas dobras, pelos cantos, deixando rastro de oliva sobre o papel.
deixe estar, cale-se.
ouça o vento, ele tem vivido o suficiente.
passe a bola, deixe o mundo girar e sinta o tempo.
deslize sobre sua verdade, no esquema de dimensões você tem sua chance de ser seu verdadeiro e único herói e anti-herói já que a realidade é tão insólita, tão áspera... enquanto você acreditava que o mundo cobrava pedágio, aprendeu que pessoas cobram ações e as asas vieram para levar você.
além, muito além...

8.3.07

anna maya kôsha


maya goded

"parabéns pelo seu show!"... hein!?

"... a dor que não será apagada pelo ato de escrever e sim acentuada, mas que será redimida..."
Jack Kerouac - Os Subterrâneos
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Não me sinto confortável nem para falar. Nem para escrever. Para nada. Queria um tempo longe, mas dentro, queria tempo de sobra, mas sem ter tempo, queria deixar ele passar, você me entende? Eu não me entendo porque me compreendo demais e isso me transforma em uma vagabunda iluminada, uma espécie de Jesus Cristo com saias. Eu entendo da minha loucura mas ela não me persegue, entende? Não entenda, não quero mais ninguém sabendo de mim. As coisas fluem mas as gentes entram no lugar das gentes que eu quero encontrar e o lugar vira pesadelo. A pele dói de tanto coçar, já não agüento mais os pernilongos, os cheiros tão fortes das pessoas, não agüento o sol quente pedindo abrigo embaixo das minhas asas, não me conformo mais em ter nada. Quero o vazio da fome alheia. Quero sentir o que sinto, não quero sentir o que o outro sente porque é só disso que eu vivo. Você me entende? Não me entenda, já falei. Estou serena e preciso de irritação pertinente de mim mesma, preciso de pouca luz mas preciso da luz que está quietinha em mim criando coragem pra se espalhar por todos os cantos. Quero paz? Quero fugir? Quero viver? Porque tudo é uma questão de querer? Certas coisas são feitas do que exatamente é feito nosso pensamento. Voltando ao passado é a mesma baboseira quadrada do que voltar ao futuro, o tempo é a gente pra que a gente aprenda que ele não faz nada é tudo culpa da gente. A CULPA É NOSSA. Não é só de dádivas que se faz o homem, não é só de desejo que se faz a oportunidade. As coisas correm por aí como imãs procurando por afilhados e a gente às vezes fica na frente desses imãs, desses prismas de sabedoria. A gente não aprende a acolher, a gente só mete a mãozona na frente deles e manda parar, enquanto isso os anjos que ouvem nossa prece pensam encolhidos nos seus cantos que era melhor mesmo nunca terem aparecido, a gente não dá valor, é o que eles pensam bem pensado para falar a verdade. Os dedos, deus, os dedos! Estão secos! Descascando! Eles batem muito rápido cheios de dúvidas mas muito, muito, muito concentrados em suas maneiras com os outros por aí. Sinto que não falo coisa com coisa mas sim coisa com outra coisa. Entende? Não precisa. Eu devo me entender e assim já está bom demais. Faltam quinze minutos. Pra que? Pro fim do tempo. Quando os quinze minutos passarem quero liberdade das asas dessa águia que me comprime. QUERO VOAR! Um serzinho grita lá de dentro, quero voar, voar, voar. Mas não quero, não curto muito alturas... quero mesmo é experimentar uma coisa linda, plena e inteira. Não quero nada que seja além de mim mas sim dentro de mim com outro alguém dentro de mim, com outro querer dentro de mim, OPA! Não é outro querer, é outro poder dentro de mim junto com o meu poder dentro de mim fazendo uma festa de arromba em meio ao desinteressante pedido de casamento que o sol me propôs. Sou uma desvirginada de nascença. Sou de nascença óbvia fadiga, clara e perdida entre as mortais. Soy... Minha alma perambula, meu corpo dança. Meus olhos vêem nada mais do que lembrança. ODEIO RIMA. Se um dia os poços do mundo se abrirem quero que me cavem bem fundo junto com aquele outro alguém dentro de mim para serem dois e não um a vagar pela eternidade desse eterno sem fim. QUERO SER MINHA. E de mais alguém.

7.3.07

calor, gente e tristessa... a bela

Vamos recaptular as coisas.
Não é o calor que me assusta, são as pessoas sendo influenciadas por ele. Estou nesse exato momento em uma lan-house dentro de uma grande livraria, ou melhor dentro de uma bookstore. As pessoas em meio ao silêncio que é criado pelos livros tão empilhadinhos em estantes impecáveis divididas por cor, gênero e ordem alfabética estão absurdamente borbulhantes. Os olhos estão molhados e não há uma pessoa a minha volta que não esteja com a bochecha corada ou a testa levemente molhada. Todos olham em volta em busca de um lugar mais fresco para se estar, esse parece uma pedida perfeita, mas para se estar aqui é preciso no mínimo uma nota de cinco reais. Isso, isso sim, me assusta. Me lembro logo da PORCARIA do (ou melhor da tentativa de) filme horrendo do Steven Spilberg chamado Guerra dos Mundos. As pessoas loucas por que um son of a bitch tinha um carro então todos de repente se sentiam no direito de tentarem roubar aquele carro para si. As pessoas em momentos de desespero em massa são irresponsáveis e egoístas. São mesquinhas, cegas e malditas, e muitas vezes não precisam de muito para mostrarem suas garras. Eu tenho muito medo disso...
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Tirando essa filosofia barata que estou enjetando enquanto escrevo também me lembrei de algo fantástico, a capa do livro Tristessa do Jack Kerouac. Vamos hablar about it.
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É uma foto de uma prostituta mexicana, nada glamurosa, sentada em uma poltrona com os pésinhos apoiados sobre ela em suas sandálias de puta delicada com um olhar triste e um jeito no rosto que diz que te devora, é só você pedir. Ao mesmo tempo ela é doce. Ao mesmo tempo ela é feita de fogo e de água e tem a pele da mesma cor da madeira da mesa que está a frente dela. A foto é perfeita para o livro....
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É isso.
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Desabafei bem hoje.
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Boa tarde.

6.3.07

cause and effect

cause and effect

the best often die by their own hand
just to get away,
and those left behind
can never quite understand
why anybody
would ever want to
get away
from
them

coisinha boa procê, blog-reader

"A new study points to disturbing data about Generation Y's supposed lack of empathy, aggressive behavior and inability to form relationships." ----> fantástico!
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se você quiser ler essa matéria clique aqui

que calor, meu deusinho!

algo acontece com o mundo e acho que é o calor.
é o calor que evapora os poucos neurônios que ainda vivem dentro dos cérebros precários dos seres humanóides. que coisa mais pouco criativa, alice! mas quando a transpiração se transforma na minha maior preocupação no dia sei que algo está muito, muito errado. são poucas as vezes que posso falar isso, ALGO ESTÁ MUITO ERRADO e foda-se. as pessoas tem me irritado ao ponto de eu não conseguir mais confiar em ninguém só em quem está bem distante ou quem está próximo o suficiente pra me ouvir mandar calar a boca. eu amo ser mal-educada mas não consigo. foram várias tentativas frustradas até hoje. mas agora ninguém vai me calar. ninguém vai mexer comigo e ficar impune. ninguém vai folgar e brincar de roda a lice pra cá, roda a lice pra lá, puxa a lice daqui, estica a lice de cá... então se você que está me lendo acha que me conhece, que me "saca", que me ama ou que me odeia, THINK AGAIN CHILD, lutar pra ser livre é bem imbecil quando se é visto de cima! já dizia meu amiguinho frusciante... eu assino embaixo e faço um furo no polegar e selo com sangue meu acordo final.
e eu estou amando!
como nunca amei antes.
amo mais essa sensação de raiva queimando o meu âmago (que boniiiiito!)...
amo mais o ritmo desvairado dos meus quadris...
amo mais as mãos dele na minha cintura...
amo mais e demais tudo aquilo que sempre amei...
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e quando alguém me pedir lincença eu vou virar e dizer "vai pro fim da fila, mané!" porque não dá mais pra ser esse poço de santidade e leveza de ser que tem sempre a coisa certa pra falar, que sorri na medida certa e que tem as palavras mais doces e que cozinha lentilha tão bem e que se preocupa com todos os seres vivos e que está sempre pronta para trazer qualquer pobre mortal de volta a sua condição miserável de ser alegre que o povo acha que eu sou...
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é... tem algo de errado com o mundo, é o calor!

5.3.07

happy birthday... john


há trinta e sete anos atrás alguém responsável pelos bebês que estavam chegando ao mundo disse que fazia questão de assistir uma estrelinha com um brilho meio azulado mas com muita, muita, muita vontade de trazer amor ao mundo nascer... os pais deles o chamaram de john e por pouco ele não voltou pra terra natal dele (the milky ways...) por isso que cada aniversário deve ser uma festança das boas ( with no drugs, please)...

2.3.07

breath in... breath out... (for, from, by Kerouac)


"My dream of a

horrible city is

individual discrimination

- the actual

city is universal

mind"

perguntar é preciso (texto que não é pra ninguém! nin-guém! é pra todo mundo!)

que lindo dia para não se fazer nada (quando se tem que fazer tudo)!
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para atirar a preguiça na cama e constatar que minha vida é agora (vem um monte de pergunta rodopiando no cérebro, perdidas entre a área de wernick e o córtex motor)...
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que culpa tenho eu de achar que se jogar no mar é pecado se não tiver propósito em alma, se não tiver objetivo em vida? pra que preciso abraçar filosofia vazia quando tenho a mais cheia de todas, a minha...? que grande problema posso causar se por algum acaso eu arrasar com sua vida e te trazer algum dano? se nada é justo porque eu deveria ser esse poço de infatil e delicada paciência com o mundo, menos comigo mesma? porque deveria ser eu mesma quando posso ser todos, ao-mes-mo-tem-po? quantos escorpianos são necessários para trocar uma lâmpada? e quantos librianos? se o mundo gira, a lua gira, os olhos giram porque será que o universo não pode conspirar para que as coisas que vivem na terra possam girar também? será que o tempo é o senhor da razão? será que o senhor não está na terra e os anjos não estão ao léu? será que o SBP é melhor que o RAID? se a pedra cai e pate no pé, sangra? mas e se eu estivver usando bota de couro, não rasga? a vida da gente tem começo meio e fim ou fim, meio e começo? se tudo depende da vontade quem faz da vontade a vontade quando a vontade é só dorminhoca e não tem vontade de ter vontade de nada? quando o mundo vai deixar de ser mundo pra virar horizonte? quando o horizonte vai parar de queimar tão longe pra traçar aqui perto o sol do fim do dia? quem tem medo de água, o gato ou o cascão? quem dança melhor, o fred ou o justin? quem tem medo do lobo-mau? (eu não tenhooooo!) se eu perdesse o que não tenho pra perder faria alguma diferença? eu faço alguma diferença? e você?