5.1.07

a mãe da peça...



"quando tinha sua idade ia ao banco para minha mãe e sempre me pediam a identidade... achavam que eu tinha quinze anos!"
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será que por algum acaso ou por mero decreto de algum deus no olimpo, a senhora minha santa mãe, continua com quinze anos? talvez por
ser tua filha, minha percepção seja mais aguçada e desfavoreça qualquer comentário lógico... são os olhos brilhantes e apertados que deixam clara a vontade de correr por um campo extenso, debaixo de um sol ameno, trazendo flores diversas pra enfeitar a sua casa que já te fez perder a paciência... não é mamãe? foram os cachos negros do teu cabelo que carregaram você pra longe do teu piano, entregando tanta vida em nome dos teus... não foi mamãe? só podia ser um homem com cara, mão e peito de pai pra te tirar daquele sonho e te jogar em outro... não é lucinha? ele te chamava de mãezinha... e tudo que poderia dar errado virou vontade de chorar de alegria porque não existe gente assim tão criança e tão forte quanto você, querida. como uma virgem, passeando pelo mundo, achando tudo muito lindo e se doando a tudo com verdadeiro ar de colegial, mesmo depois de cinquenta anos... você ainda usa suas saias pregadas nos seus sonhos mamãe? ainda toca chopin pra chorar? ainda pula carnaval e teima em usar a flor no cabelo? suas saias ainda cheiram a alfazema? seu sorriso ainda preenche o mundo? sim, sim, sim...
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como é mais do que bom te ter... no meu dia, na
minha noite e no meu corpo todo. porque sou sua e eternamente dele.
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pra você ter certeza que não foi nada em vão.