10.1.07

nathan e iris... (fragmentos históricos...)

das duas uma, ou ela se apaixonava logo ali, naquele momento, de cara, ou saia correndo fingindo que acreditava na realidade crua e dura de que é melhor não achar que os homens também se apaixonam como ela.
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-acho que já vou, você encontrou seu celular né? e está tarde já...
-ah, já encontrei sim, mas fique! preciso fazer algo que compense seu trabalho! coitada! parou essa hora só para ajudar esse inútil...
-imagina! às vezes você poderia estar com mais problemas né? vai saber...
-isso é raro viu? poucas pessoas fariam o mesmo. acho que eu não teria feito o mesmo!
-ah, acho que teria feito sim...
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um silêncio forçado veio à tona e os dois simplesmente procuravam para algum ponto para poderem observar e matar a angústia, a vergonha e a timidez que sentiam...
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-já sei o que posso fazer! quando o guincho chegar e ele me levar pra casa você vem junto e eu te preparo um super café com espuminha de leite e tudo mais!
-ah... não! que trabalheira pra você! e você disse que sua filha tava em casa sozinha, ela vai ficar desesperada vendo você entrar com uma estranha a essa hora!
-você tá doida? você não é estranha!
-claro que sou! que louco que você é!
-não é não, para com isso! e eu preciso mostrar pra alguém que aprendi a mexer com a máquina de café né? PRA QUEM QUE EU VOU MOSTRAR?
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os dois não paravam de rir e aos poucos evitar olhares parecia coisa de filme, o que não era algo tão irreal para ele, mas de outro mundo para ela. em alguns segundos o guincho chegou e então foi a vez dela falar:
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-bom, to indo embora! vê se se cui...
-não vai não! aposto que você não acorda cedo amanhã! vem comigo, vai, por favor...
-ah.. não, tô indo mesmo! preciso acordar cedo sim!
-puts, sério? eu já tô sendo chato né?
-não, imagina! é que você acha que tá me devendo algo! - de longe o motorista do guincho observava os dois impaciente:
-e aí chefe, como vai ser? - os dois pararam de falar e ficaram alguns segundos olhando um para o outro... então o motorista continuou - posso ligar o carro da moça aqui no do senhor, viu? levo os dois no guincho!
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ele não conseguia entender como alguém poderia ficar com as bochechas tão rosadas tão rapidamente e ela não conseguia compreender a necessidade dele de ser tão gentil. tudo o que ela pensava era "não faça isso comigo, porrrr-faaa-vooor....". ele pegou a mão dela e disse
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-faça isso, por favor, leve os dois carros juntos!
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ela disfarçou, mas a vontade era de gargalhar e abraçar aquele rapaz que até pouco tempo era tão estranho para ela, e realmente o era, estranhíssimo. os dois foram juntos para dentro do guincho e ficaram bem quietos durante todo o caminho salvo a algumas frases de nathan direcionadas ao motorista. chegando a casa dele, íris foi a primeira a sair da porta do passageiro. assim que pisou na grama bem aparada de deparou com um pequeno jardim de entrada, “digno de quem ele é” logo pensou. caminhando alguns passos à frente sem se preocupar com os carros sendo retirados do guincho ela chegou à porta da casa, reparou nos detalhes, nos vidros bem trabalhados das laterais, das trepadeiras nas paredes e nas flores contornando toda a mansão, sim, era uma mansão. foi nesse instante que percebendo o deslumbre de iris que nathan perguntou:
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-iris, seu carro já está na garagem para quando você for, o meu foi para a oficina...
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parecia que havia passado alguns minutos enquanto ela observava tudo aquilo com verdadeiro ar de maravilha, como se realmente não achasse que estava em um lugar real. com as frases dele, íris logo acordou e respondeu:.
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-sim, claro... mas acho que já vou embora.
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enquanto ela andava na direção contrária à porta nathan se colocou à frente dela e segurou suas mãos tentando impedi-la.
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-mas eu ainda não fiz o café para você!
-mas você precisa ver sua filhinha e eu preciso ir... está tarde e eu realmente estou um pouco aflita...
-mas porque?
-não quero ser grossa com você, por favor, me deixe ir...
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sem entender nada nathan a largou e enquanto ela se dirigia ao seu carro nathan perguntou:

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-você acha que eu vou fazer alguma coisa com você? se achou isso, por favor, não tem nada a ver! juro! só queria retribuir a gentileza, você me parece uma pessoa muito boa...
-não é isso nathan! você precisa entender uma coisa... – ao falar isso íris se virou contra nathan empurrando o seu tronco forte e muito maior do que ela, mas que de repente ficou imóvel e sem resposta com o toque dessa pequena mulher...
-me perdoe se fui rude, se fui distante ou se não te dei crédito, mas o fato de você ser quem é me assusta. me assusta profundamente...
-eu te assusto? porque...
-talvez porque tenho medo de mim mesma nessa situação.


a mão de íris soltou nathan e dando as costas a ele entrou no carro e foi embora, sem falar mais nada, sem deixar pista nenhuma de onde tinha vindo.
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“não é possível...” era tudo o que ele pensava. “não é possível existir alguém assim...” ficou desse modo, atônito observando a saída por alguns segundos e foi então que ouviu a porta se abrir, era sua filha

-pai? você demorou...
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ele sorriu para ela e antes de entrar pensou que iria encontrar iris novamente.