18.1.07

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não é a vida que me ocupa, talvez seja a vontade de vivê-la. é o livro que comprei, que era muito caro pro meu bolso e muito caro para minha alma, talvez seja o preço mais caro ainda que terei que pagar pra sobreviver a ele. talvez seja o meio do dia que me deixa down, down, down... talvez seja os olhos castanhos borradinhos que me amolecem a alma. as pessoas que algum dia cheguei a imaginar que conhecia. as histórias que gostaria de devorar, as pessoas que deveriam ser eus por aí que existiriam para que minha história fosse international language. são tantos talvez. tantos may...be. é um emaranhado de coisas que vejo e que sei que ninguém mais vê, uma aura nos outros que me chama à inquietação. quero um lar de pedra, longe da cidade pra poder viver sem gente, por algum tempo, pra me curar do sentir. todos fingem. todos fingem querer saber, ou não. todos fingem entender, ou não. fingem esperar algo que não esperam, querer algo que não querem. todos fingem como eu finjo, muito mal por sinal. um dia, um dia longo de sol ameno e fim de tarde amena, o clichê reinará absoluto. as mãos, as camisetas de tons claros, os cabelos que se completam, um encaracolado mais claro, outro escuro e mais liso, pesado. as calças jeans sujas e velhas, os tênis viajantes... o carro de porta aberta, o horizonte, os pássaros quietos, o sorriso sem dó, só com amor. a profecia há de se realizar. e o que vem depois? os olhos! os olhos que se completam também. um par de olhos arredondados escuros, largos, inquietos e carinhosos. outro par claro, com seu traçado semelhante aos olhos felinos que me atormentam, olhar oblíquo que me entende dos pés a cabeça, que joga comigo sem me deixar queimar... a profecia ainda vingará a espera e a vida talvez não pareça assim tão inútil de ser mantida.