6.1.07

com armas nada amigáveis em punho

impotência.
realmente o ar que me cerca, me comprime.
intensamente impotente. não há uma veia no meu corpo que não pulse quieta, calada, muda, retalhada. estou a espera de um milagre e ele não cai sobre terra alguma.
queria falar qualquer coisa que tirasse essa sensação de mim, mas não chega a me fazer sentir, só me cala.
existem alguns tipos de pessoa no mundo, disso eu sei.
aquelas que vivem as felicidades que foram entregues à elas ao nascer, como um pedigree, um certificado de nenhuma validade no mundo real.
tem aquelas pessoas que vivem das alegrias que saceiam a vontade de liberdade. aqueles que são o piso de fábrica do mundo como o conhecemos: miséria (the ultimate war zone, the everywhere red line).
tem aqueles que olham para o lado e não vêem, porque querem envelhecer quietinhos e achar que o sono dos justos virá.
e tem aqueles que não sabem pra onde correr, porque até então não entenderam o motivo real de tanta dor.
porque tanta dor?
alguns dizem que é o desejo, o pavio de tudo.
alguns dizem que é poder...
onde está esse poder? preso entre os dedos de quem me fez sentar aqui essa noite, pedindo por alguma sensação que não seja parecida com ódio contra tudo que é humano, inclusive contra minhas próprias mãos.
não vou perguntar novamente.
vou afirmar.
alguns dizem que é o desejo. outros dizem que é o poder. muitos dizem que é o dinheiro, o alimento de um sistema mais do que corrupto, irreal. eu digo que não é nada. nada. não há explicação. é claro como um lindo diamante de sangue, uma estrela cadente, a água correndo da fonte e como os olhos brilhantes de um lobo a procura de uma nova presa. mas não é nada humano, nada disso é humano.
não pode ser, se não, o que seria de mim?
quem sou eu afinal, se não humana? o que será de mim que me sinto assim tão pequena e impotente. não porque quis, veja bem, mas porque o mundo me fez. o que faço? como explico o que acabei de viver?
como faço pra escrever e dizer sem rodeios que o mundo precisa de um novo sonho, porque esse que vivemos está nos vigiando, com armas nada amigáveis em punho.