28.1.07
sobre a fantasia
poder olhar mas não conseguir enxergar tudo... não é lindo?
como o zíper da blusa dela... você não queria saber o que tem por detrás dele? descobrir seus segredos, mergulhar no seu corpo ainda fresco... quase adolescente...
será que se fosse tudo tão exposto, como é de nosso costume nesses dias de tormento profundo, seria melhor? e hoje em dia, hoje, nesse dia, é melhor?
você não queria saber o que esconde aquele azul?
o cheiro cítrico
o cabelo agridoce que enjoa
o que tem amarrado em volta do seu tornozelo...
não queria saber a cor da pele que protege o seu cóccix? a textura do seu ventre, o ritmo dos seus quadris...
mas você só pode imaginar...
e se for isso que está reservado para você?
não é melhor sonhar em ter do que se perder entre seus dedos ao descobrir que o desejo a transformou em uma indiferente companhia para um domingo ao cair da tarde?
26.1.07
ai ego meu...
e então você fica...bem.
dictionary diary...CORPO?
- corpo
- do Lat. corpu
- s. m.,
- qualquer porção limitada de matéria;
- a parte material de um ser animado;
- cadáver;
- cadáver;
- busto;
- busto;
- parte do organismo humano que compreende o tórax e o abdómen;
- parte do organismo humano que compreende o tórax e o abdómen;
- parte do vestuário feminino que se ajusta ao tronco;
- parte do vestuário feminino que se ajusta ao tronco;
- conjunto de oficiais e soldados pertencentes a uma arma especial ou destinado a um certo serviço;
- conjunto de oficiais e soldados pertencentes a uma arma especial ou destinado a um certo serviço;
- conjunto;
- conjunto;
- agremiação;
- agremiação;
- grupo;
- grupo;
- espessura;
- espessura;
- consistência;
- consistência;
- coleção;
- coleção;
- unidade de medida dos caracteres tipográficos;
- unidade de medida dos caracteres tipográficos;
- a parte principal de muitas coisas.
- missa de - presente: missa celebrada na presença do defunto;
- missa de - presente: missa celebrada na presença do defunto;
- - docente: conjunto de professores;
- - docente: conjunto de professores;
- - diplomático: conjunto de diplomatas;
- - diplomático: conjunto de diplomatas;
- o - da nobreza: o conjunto dos nobres;
- o - da nobreza: o conjunto dos nobres;
- - de baile: grupo dos bailarinos de um teatro;
- - de baile: grupo dos bailarinos de um teatro;
- - de exército: conjunto, mais ou menos considerável, de soldados;
- - de exército: conjunto, mais ou menos considerável, de soldados;
- - de guarda: tropa que constitui o grosso da guarda de um posto;
- - de guarda: tropa que constitui o grosso da guarda de um posto;
- - de delito: conjunto e registo de averiguações de um determinado delito e identificação do autor do mesmo;
- - de delito: conjunto e registo de averiguações de um determinado delito e identificação do autor do mesmo;
- - de Direito Canónico: colecção de leis referentes à disciplina da Igreja;
- - de Direito Canónico: colecção de leis referentes à disciplina da Igreja;
- - de Cristo: o pão eucarístico;
- - de Cristo: o pão eucarístico;
- - celeste: astro;
- - celeste: astro;
- - da igreja: a parte central da igreja, destinada aos fiéis;
- - da igreja: a parte central da igreja, destinada aos fiéis;
- - de Deus: a festa do Santíssimo Sacramento;
- - de Deus: a festa do Santíssimo Sacramento;
- meio- -: retrato desde a cabeça à cintura;
- meio- -: retrato desde a cabeça à cintura;
- dar o - ao manifesto: expor-se ao perigo;
- dar o - ao manifesto: expor-se ao perigo;
- dar de -: defecar;
- dar de -: defecar;
- - a -: em luta de corpo contra corpo;
- - a -: em luta de corpo contra corpo;
- de - e alma: em pessoa.
25.1.07
love to dylan
24.1.07
agradecimento precoce
ah... seu eu tivesse a lua fina como candelabro essa noite e teu corpo sobre o meu, tomaria o rumo desse certo calafrio e deixaria teu sorriso iluminar tudo a minha volta para te ver nítido pousando sobre mim.
ah... se tivesse teus olhos assim tão perto talvez não seria tão católica a minha fome.
talvez não seria tão doente minha revolta. tão pertinente meu sonho. tão pesado meu pé no chão.
e de pensar que se tivesse partido talvez não teria te visto!
se não estivesse aberta você não teria entrado.
se não atendesse ao teu chamado não teria me perdoado.
se minhas asas não fossem de águia não teria te perseguido.
se não fosse tão perturbada, não o teria criado...
mas se fosse uma intocada donzela, dotada de visão estreita, perdida em um canto desse mundo vivendo a vida que foi dada humildemente a ela, não teria te amado.
quem rebola os males espanta
23.1.07
ben, seu dom e seu grande problema...
"i hate to say i love you because it means that i will be with you forever or will sadly say goodbye ...
i love to say i hate you, because it means that i will live my life happily without you or will sadly live a lie..."
ground on down do ben harper
não vou falar do show do Ben Harper. nem do show especial que foi assistir o super Juan Nelson com aquela cara de amigão e com sua personalidade graciosa, mesmo com aquele tamanho todo e com todo seu talento para extrair mágica do seu baixo... não vou falar também do show único que foi a percussão do Leon Mobley pirando em burn one down e levando a galera a entrar no ritmo dele, só dele e pular como nunca vi tanta gente pulando junto em um show gringo. vou falar sobre a capacidade que o brasil tem em produzir pessoas desprovidas de senso de coletivo. vou falar sobre a falta de noção, não só com o seu colega de muvuca mas também com o pequeno grande homem que está no palco, cheio de si (porque o meu lindo ben tem um ego razoável) e cheio de vontade de realmente transmitir o que ele sabe que não consegue transmitir a um público tão estrondoso e gigantesco... ele simplesmente sempre soube que o que ele faz lá em cima não é tão honesto quanto ele faria em uma salinha cabendo 10 pessoas, com um violão, um par de olhos cheios d'água e umas almofadas gostosinhas pro pessoal sentar em cima... ele sabe bem disso e ontem deu pra perceber. seus olhos nunca encaravam a platéia. auto-preservação. e quando ele se empolgou com o povo em si foi durante o refrão do my own two hands, e foi nesse momento que ele pediu pro pessoal mover as mãos, de um lado para o outro, no ritmo da música... foi isso. tenho certeza que ninguém, pelo menos ao meu redor, pelo menos naquela noite, realmente pensou no que ele estava falando: i can CHANGE the world, with my OWN TWO HANDS... make it a better place...
.
é, acho que ninguém ficou "pensando na letra" pra poder mexer as mãos de um lado para o outro como qualquer macaquinho amestrado faz.
.
se você quer uma "balada", é melhor ir ali perto mesmo no bárbaro ou no jerivá bar, sei lá onde, mas não vá gastar seu tempo e dinheiro com uma pessoa que simplesmente não se doa a qualquer um. ele precisa ter espaço. você precisa querer ouvir. parar e ouvir. sentir no seu corpo todo e talvez assim assimilar melhor o que a música representa. daí você vai me dizer "mas a música representa coisas diferentes para pessoas diferentes" e eu vou falar "mas é claro seu asno!" a questão é que se você está indo lá para prestigiar o artista é bom que você entenda a forma que ele aprecia a arte dele, é bom que você doe a ele a liberdade de tocar você. tocar fundo. e não foi isso que eu vi ontem. vi um bando de gente dessa geração aí que dizem que é a minha, completamente wasted, mais chapada do que sã, mais lá pra pirar e gritar alucinadamente diamonds on the inside (sem deixar ele falar baixinho "a little girl, her name was truth, she was a horrible liar"...) do que perceber a linha tênue que separa a boa curtição e o bom sentimento.
.
.
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e isso tudo só me fez amá-lo mais ainda...
22.1.07
ah mas eu vou, eu vou...
vou vestir meus jeans mais confortáveis, meus tênis mais surrados, minha camisetinha preta mais colada e vou pro ben harper, eu vou... vou cantar i believe in a better way e realmente acreditar que ele (como muitos outros) tenta fazer com que qualquer um a sua volta também acredite em um caminho melhor, um jeitinho melhor, um cantinho melhor, um carinho melhor, um amigo melhor, um amante melhor, um respeito melhor, um valor melhor, uma certeza melhor, um mundinho melhor para que ninguém tenha que se contentar em simplesmente estar a mercê do que o sufoca, comprime e extermina...
it cuts at me like a knife
everyone i know
is in the fight of their life...
i believe in a better way
21.1.07
and you know, better than me...
mas até quando?
quando o navio sumir no horizonte o que vai sobrar?
um barquinho de madeira, dois remos e um colar de flores...
anti-inspirational
18.1.07
lá, lá, lá, lá...
after winter... MUST come spring.
Everything Is Everything...
Everything is everything, what is meant to be, will be. After winter, must come spring, change, it comes eventually...
I wrote these words for everyone who struggles in their youth
Who won't accept deception instead of what is truth...
It seems we lose the game, before we even start to play
Who made these rules?
We're so confused, easily led astray...
Let me tell ya that everything is everything, after winter, must come spring, everything is everything...
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I philosophy, possibly speak tongues, beat drum, abyssinian, street baptist rap this in fine linen. From the beginning my practice extending across the atlas, I begat this flippin' in the ghetto on a dirty mattress, you can't match this rapper / actress, more powerful than two Cleopatras. Bomb graffiti on the tomb of Nefertiti, MCs ain't ready to take it to the Serengeti. My rhymes is heavy like the mind of Sister Betty, L. Boogie spars with stars and constellations then came down for a little conversation. Adjacent to the king, fear no human being, roll with cherubims to Nassau Coliseum, now hear this mixture where hip hop meets scripture. Develop a negative into a positive picture, now, everything is everything, what is meant to be, will be. After winter, MUST come spring. Change, it comes eventually...
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Sometimes it seems we'll touch that dream but things come slow or not at all.
And the ones on top, won't make it stop so convinced that they might fall...
Let's love ourselves then we can't fail to make a better situation.
Tomorrow, our seeds will grow
.
You know, everything is everything...
...
17.1.07
16.1.07
"in the web that is my own i begin again..."s.n.
sujo. como suja é a mente hoje.
o dia, sujo. o quente que abre espaço pro que me irrita.
eu leio aquele que desejou meu fim, releio no fim o meu fim, ou seria o seu?
eu sei que não sinto como deveria
como deveria esperar sentir.
eu não minto, eu percebo.
o canto do olho, no olho do olho.
aquele que vê sem querer.
no canto do olho eu vejo o abandono. é só sensação, eu sei
é só um momento, fase, passagem e talvez uma linhagem de gente que sente.
talvez...
o peso é insuportável porque querer pesa mais do que deveria.
ela canta, ele passa, cantou, dançou, rebolou. ela não viu. ele não quis. e assim eu fico, de espectadora nesse circo inventado.
montado por mim, mimzinha, eu mesminha
que fiz isso comigo.
saí correndo e ainda olhei pra trás... porque!?
pra ver se tudo não é mais mesmo como era antes...
é só querer.
é só perdoar, viver como se não tivesse nada lá pra você. auto-confiança, mágica, presença. licença pra matar, pra socorrer, pra ensinar, aprender. licença pra perceber. falta de sensibilidade pra não ver. pombas, laços, vestidos, doces, cores, rabos. tudo que uma dama não precisa pra saber se virar no mundo cão, tão dócil esse cão...
me arrepia isso tudo, sabia?
os braços, a nuca, o cóccix... me arrepia os cílios, os poros nas pontas dos dedos. a pele fininha que envolve os lábios, me arrepia.
o desejo é a única fonte de vontade, o resto morreu.
15.1.07
que loucura isso aqui...
ano de doismilesete é ano de loucura, e me gusta, me gusta... não que eu goste de tragédia mas eu curto uma mudança brusca, um momento de lucidez dois segundos antes do universo rachar no meio, antes dos ataques. dois segundos que você sabe. você simplesmente sabe.
"the girl with the crooked teeth and why you love her" - js
você gosta de entrar na vida dela,
bagunçar a cabeça dela,
tocar os pontos que ela gosta nela,
rodar a menina em volta da sua cama,
deixar ela sozinha pela manhã e voltar no outro dia
gritar ao telefone e fazer ela se sentir sozinha...
e então você gosta quando ela se vinga
.
.
14.1.07
on the verge of...
12.1.07
frag-mentos
.
sempre achou incrível os cachos ao sol, o castanho misturado com pequenos pontos ruivos e dourados... sob o calor ameno os fios soltavam um cheiro bom de flores, ou pelo menos era o que ele sentia. enquanto observava apoiava o braço no travesseiro e descansava a cabeça sobre sua mão. tentava não se mover para que ela também não se movesse. "ela realmente é incrível" pensava. fora isso não pensava em mais nada apenas exercitava o coração, deixando aqueles cachos tomarem conta da vida dele. deixando a presença dela curar os anos de negação. deixando o coração aquecido debaixo daquele lençol. ele suspirou. ela se moveu. estava acordada o tempo todo, sentindo os olhos dele a observando.
.
ela adorava quando ele fazia isso.
11.1.07
usóiodela
de textos, fragmentos, certezas e dúvidas cheias de si de Alice Salles.
10.1.07
fanTÁsTICO!
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*tirado do site alternet
nathan e iris... (fragmentos históricos...)
das duas uma, ou ela se apaixonava logo ali, naquele momento, de cara, ou saia correndo fingindo que acreditava na realidade crua e dura de que é melhor não achar que os homens também se apaixonam como ela.
.
-acho que já vou, você encontrou seu celular né? e está tarde já...
-ah, já encontrei sim, mas fique! preciso fazer algo que compense seu trabalho! coitada! parou essa hora só para ajudar esse inútil...
-imagina! às vezes você poderia estar com mais problemas né? vai saber...
-isso é raro viu? poucas pessoas fariam o mesmo. acho que eu não teria feito o mesmo!
-ah, acho que teria feito sim...
.
um silêncio forçado veio à tona e os dois simplesmente procuravam para algum ponto para poderem observar e matar a angústia, a vergonha e a timidez que sentiam...
.
-já sei o que posso fazer! quando o guincho chegar e ele me levar pra casa você vem junto e eu te preparo um super café com espuminha de leite e tudo mais!
-ah... não! que trabalheira pra você! e você disse que sua filha tava em casa sozinha, ela vai ficar desesperada vendo você entrar com uma estranha a essa hora!
-você tá doida? você não é estranha!
-claro que sou! que louco que você é!
-não é não, para com isso! e eu preciso mostrar pra alguém que aprendi a mexer com a máquina de café né? PRA QUEM QUE EU VOU MOSTRAR?
.
os dois não paravam de rir e aos poucos evitar olhares parecia coisa de filme, o que não era algo tão irreal para ele, mas de outro mundo para ela. em alguns segundos o guincho chegou e então foi a vez dela falar:
.
-bom, to indo embora! vê se se cui...
-não vai não! aposto que você não acorda cedo amanhã! vem comigo, vai, por favor...
-ah.. não, tô indo mesmo! preciso acordar cedo sim!
-puts, sério? eu já tô sendo chato né?
-não, imagina! é que você acha que tá me devendo algo! - de longe o motorista do guincho observava os dois impaciente:
-e aí chefe, como vai ser? - os dois pararam de falar e ficaram alguns segundos olhando um para o outro... então o motorista continuou - posso ligar o carro da moça aqui no do senhor, viu? levo os dois no guincho!
.
ele não conseguia entender como alguém poderia ficar com as bochechas tão rosadas tão rapidamente e ela não conseguia compreender a necessidade dele de ser tão gentil. tudo o que ela pensava era "não faça isso comigo, porrrr-faaa-vooor....". ele pegou a mão dela e disse
.
-faça isso, por favor, leve os dois carros juntos!
.
ela disfarçou, mas a vontade era de gargalhar e abraçar aquele rapaz que até pouco tempo era tão estranho para ela, e realmente o era, estranhíssimo. os dois foram juntos para dentro do guincho e ficaram bem quietos durante todo o caminho salvo a algumas frases de nathan direcionadas ao motorista. chegando a casa dele, íris foi a primeira a sair da porta do passageiro. assim que pisou na grama bem aparada de deparou com um pequeno jardim de entrada, “digno de quem ele é” logo pensou. caminhando alguns passos à frente sem se preocupar com os carros sendo retirados do guincho ela chegou à porta da casa, reparou nos detalhes, nos vidros bem trabalhados das laterais, das trepadeiras nas paredes e nas flores contornando toda a mansão, sim, era uma mansão. foi nesse instante que percebendo o deslumbre de iris que nathan perguntou:
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-iris, seu carro já está na garagem para quando você for, o meu foi para a oficina...
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parecia que havia passado alguns minutos enquanto ela observava tudo aquilo com verdadeiro ar de maravilha, como se realmente não achasse que estava em um lugar real. com as frases dele, íris logo acordou e respondeu:.
.
-sim, claro... mas acho que já vou embora.
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enquanto ela andava na direção contrária à porta nathan se colocou à frente dela e segurou suas mãos tentando impedi-la.
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-mas eu ainda não fiz o café para você!
-mas você precisa ver sua filhinha e eu preciso ir... está tarde e eu realmente estou um pouco aflita...
-mas porque?
-não quero ser grossa com você, por favor, me deixe ir...
.
sem entender nada nathan a largou e enquanto ela se dirigia ao seu carro nathan perguntou:
.
-não é isso nathan! você precisa entender uma coisa... – ao falar isso íris se virou contra nathan empurrando o seu tronco forte e muito maior do que ela, mas que de repente ficou imóvel e sem resposta com o toque dessa pequena mulher...
-me perdoe se fui rude, se fui distante ou se não te dei crédito, mas o fato de você ser quem é me assusta. me assusta profundamente...
-eu te assusto? porque...
-talvez porque tenho medo de mim mesma nessa situação.
.
“não é possível...” era tudo o que ele pensava. “não é possível existir alguém assim...” ficou desse modo, atônito observando a saída por alguns segundos e foi então que ouviu a porta se abrir, era sua filha
-pai? você demorou...
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ele sorriu para ela e antes de entrar pensou que iria encontrar iris novamente.
7.1.07
referente à vida.
6.1.07
com armas nada amigáveis em punho
realmente o ar que me cerca, me comprime.
intensamente impotente. não há uma veia no meu corpo que não pulse quieta, calada, muda, retalhada. estou a espera de um milagre e ele não cai sobre terra alguma.
queria falar qualquer coisa que tirasse essa sensação de mim, mas não chega a me fazer sentir, só me cala.
existem alguns tipos de pessoa no mundo, disso eu sei.
aquelas que vivem as felicidades que foram entregues à elas ao nascer, como um pedigree, um certificado de nenhuma validade no mundo real.
tem aquelas pessoas que vivem das alegrias que saceiam a vontade de liberdade. aqueles que são o piso de fábrica do mundo como o conhecemos: miséria (the ultimate war zone, the everywhere red line).
tem aqueles que olham para o lado e não vêem, porque querem envelhecer quietinhos e achar que o sono dos justos virá.
e tem aqueles que não sabem pra onde correr, porque até então não entenderam o motivo real de tanta dor.
porque tanta dor?
alguns dizem que é o desejo, o pavio de tudo.
alguns dizem que é poder...
onde está esse poder? preso entre os dedos de quem me fez sentar aqui essa noite, pedindo por alguma sensação que não seja parecida com ódio contra tudo que é humano, inclusive contra minhas próprias mãos.
não vou perguntar novamente.
vou afirmar.
alguns dizem que é o desejo. outros dizem que é o poder. muitos dizem que é o dinheiro, o alimento de um sistema mais do que corrupto, irreal. eu digo que não é nada. nada. não há explicação. é claro como um lindo diamante de sangue, uma estrela cadente, a água correndo da fonte e como os olhos brilhantes de um lobo a procura de uma nova presa. mas não é nada humano, nada disso é humano.
não pode ser, se não, o que seria de mim?
quem sou eu afinal, se não humana? o que será de mim que me sinto assim tão pequena e impotente. não porque quis, veja bem, mas porque o mundo me fez. o que faço? como explico o que acabei de viver?
como faço pra escrever e dizer sem rodeios que o mundo precisa de um novo sonho, porque esse que vivemos está nos vigiando, com armas nada amigáveis em punho.
5.1.07
re-solução de 2007
doze.
três.
nove.
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lá vai:
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* tirar duas mil fotos por dia.
por vida.
por sina.
a mãe da peça...
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será que por algum acaso ou por mero decreto de algum deus no olimpo, a senhora minha santa mãe, continua com quinze anos? talvez por ser tua filha, minha percepção seja mais aguçada e desfavoreça qualquer comentário lógico... são os olhos brilhantes e apertados que deixam clara a vontade de correr por um campo extenso, debaixo de um sol ameno, trazendo flores diversas pra enfeitar a sua casa que já te fez perder a paciência... não é mamãe? foram os cachos negros do teu cabelo que carregaram você pra longe do teu piano, entregando tanta vida em nome dos teus... não foi mamãe? só podia ser um homem com cara, mão e peito de pai pra te tirar daquele sonho e te jogar em outro... não é lucinha? ele te chamava de mãezinha... e tudo que poderia dar errado virou vontade de chorar de alegria porque não existe gente assim tão criança e tão forte quanto você, querida. como uma virgem, passeando pelo mundo, achando tudo muito lindo e se doando a tudo com verdadeiro ar de colegial, mesmo depois de cinquenta anos... você ainda usa suas saias pregadas nos seus sonhos mamãe? ainda toca chopin pra chorar? ainda pula carnaval e teima em usar a flor no cabelo? suas saias ainda cheiram a alfazema? seu sorriso ainda preenche o mundo? sim, sim, sim...
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como é mais do que bom te ter... no meu dia, na minha noite e no meu corpo todo. porque sou sua e eternamente dele.
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pra você ter certeza que não foi nada em vão.
4.1.07
meu filho vai se chamar Dylan...
3.1.07
de tanto enteder que minhas lembranças foram produzidas por mim quase deixei de acreditar em mágica. depois de ler tanto nietzsche também larguei a mão da varinha de condão, deixei no canto o saco de presentes, a bola de cristal, o caminho das águas, as mãos que curam e sei lá mais o que. depois de tanto querer tanto pensei alto que deveria desistir do que supostamente é irreal, o que é e o que depende só do outro. abri mão do outro pelo poder do que há dentro de mim para doar ao outro a consciência pequena e translúcida dos meus ossos, nervos e de todos os sistemas do meu corpo.
eu pesei cada braço e perna, meu tronco e minha cabeça miúda, não cheguei a conclusão nenhuma.
quando percebi que do sonho que vivia transbordava mais vida do que a que era alcançada nos meus dias, morri. vou confessar que perdi eternamente a vontade da mágica. a mágica, meu amigo, não existe.
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cheguei nesse ponto, nesse momento em que estou nua falando com você.
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cheguei aqui e ainda não sei bem como mas uma coisa eu não perdi porque redescobri nessa minha negação.
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o que é humano é o cume do objetivo final e comum à todos. o que é do humano, da carne, do peito e das mãos é meu também. é toda nossa essa humanidade. por mais castigada que seja, é a única, a ÚNICA coisa que nos resta.
"dee tea and ass pee"
ele e ela eram dos dois o único com o mundo nos ombros, nos tornozelos, nas mãos com veias azuis saltando com o esforço de tanto carregar.
eles dividiam a pena, a verdade, a serenidade na morte.
dividiram (quase) a mesma trajetória na terra, o tempo que os restou foi o mesmo.
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divido com eles a certeza de não se saber nada mesmo
porque as dores são as mesmas...
te desobrigo
e o que acha que sabe te engole, te prende nas chamas de quem sabe que te engana. você? não engana. mas me enganou...
em tese acho que se enganou, porque o olhar sempre estava longe, partido ao meio. e sei que até esse dia tudo isso continua igual. na voz não há certeza, certa firmeza de que tudo aí está conforme os planos... planos? que encantos que você dissolve!
nesses olhos arregalados, morre um pobre homem a cada minuto, perdido na própria danação que sua boca condenou, que pena menina... tão menina por casca em casa. tão mulher nas vontades, tão covarde nas ações. covarde por não ter o que quer? não, covarde por pura certeza do que não se quer e certeza de que não viverá por algo que quer, o que quer? quando penso em você uma tristeza tão pesada me toma, como uma nostalgia sem querer, cansada de sempre ter de ser quem ama. "feliz daquele que ama. o amado só recebe e nisso está sua infelicidade..." uma grande ana me disse isso no momento certo, no momento em que te vi partir daqui.