15.11.08

Tertúlia Virtual - Meu Ídolo

aqui está minha participação nas tertúlias virtuais:

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assim que soube do tema, entrei em pânico. pensei em não participar dessa vez. "ídolo? que ídolo? como eu sei dividir o que é ídolo do que é de barro e a quem posso contar a que conclusão devo chegar?", não sabia ao certo responder a essas perguntas embaralhadas em uma. mas voltei ao tempo, voltei ao meu tempo e à minha estadia nessa terra que ainda foi curta e encontrei uma pessoa que, apesar dos pesares foi o primeiro tijolo dessa minha construção de ilusões e asneiras que não explicam nada nem prestam para simplificar coisa alguma, são para me servir de desentendimento, uma tal regalia besta que eu aprendi a usar como minha única e verdadeira base de tudo, minha luxúria e meu vício. inventei um ídolo de um ídolo que, muito provavelmente nunca existiu como o conhecemos. ouvi falar sobre ele pela primeira vez em uma crítica do filme Total Eclipse, que por cima contava a história libertinosa que o meu ídolo em questão vivia. arthur rimbaud era então - para mim - o nome de um autor esquecido. pois bem, fui até o poço e busquei entre a água escura que beirava à podridão uma pérola única, que de pedra não tinha nada. era quase de luz, intocável, era ele. uma pessoa que por pouco não se materializava, mas novamente me alertava que nada sairia daquele poço que fosse palpável, tudo que rendesse, renderia por mim, através de mim, dentro e envolta de mim e assim aconteceu. ele me mostrou um mundo que desconhecia. letras e palavras que dançando se cruzariam em DNAs perfeitos, holofotes de luz que perderiam seus mestres e correriam soltas por ruas inexistentes. ele me mostrou uma saída para um mundo que não permite a entrada de qualquer um. ele me mostrou que eu era um qualquer um e que por terra se derramariam todas e quaisquer condições para a minha existência. a partir do momento que o conheci, me desconheci e ganhei um presente, o maior e o mais insignificante de todos.


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senhoras e senhores eu vos apresento meu ídolo, meu primeiro e eterno amor, Rimbaud.