16.11.08

Motivos para se deixar ser - Parte IV





"Eu queria que você ficasse para sempre."

"O seu para sempre é demais para mim"

"É o tempo de um piscar de olhos, que por fim livre pode ser do tamanho que nos quisermos..."

"Eu nunca soube me concentrar, porque, apesar do que faço, não sei pensar em nada que valha a pena se sentir antes... sou de barro..."

"Mas nunca te pedi pra ser de qualquer outro jeito"

"Nem poderia."

"Pois seja quem quer que você seja, pois te quero assim..."

Ela se aniquilava ao se encontrar no reflexo dos grandes olhos dele que, na maioria das ocasiões eram pequenos pois acanhados buscavam qualquer coisa que pudessem confiar. Com ela, ele não precisava disso. Com ela ele não precisava procurar e com uma certa duvida presente sempre se jogava contra o seu muro, que tinha de fato uma firme base. Ela era verdadeiramente um perigo para ele que, sem muito o que perder - ou pelo menos era o que pensava - esperava hesitante por uma resposta que prestasse algum alento mais otimista aos seus temores... Ele vivia cheio deles e ela era o antídoto pois se mostrava tão sem medo, apesar de esconder uma terrível verdade: tinha tanto medo quanto ele, e talvez, pensava consigo mesma, teria mais se não se portasse como se não tivesse. Os dois se seguravam obstinados como se disso dependesse suas vidas... Era o fim de um dia passado como se nunca tivesse existido. Era nítido. Enquanto os dois que se excediam em um, quietos se entre olhavam. Algo morria.

Não era o amor, não. Ele nunca existiu até aquele momento.

Era o sentimento lascivo que nutriam por suas superfícies que encontrava um meio comum quando o sol encontrava o mar. Era a imortalidade de um dentro do outro que agonizava finalmente ali, para que qualquer coisa sem nome criasse asas.



... NÃO SEI SE CONTINUA....