29.11.08

por mais que...

Ele vinha chutando pedras pelo caminho. Andava algumas quadras, parava observando o que tinha ao seu redor e deixava a mochila que já vinha arrebentada desde quando saiu pelo portão, largada pelo chão mesmo onde encontrava qualquer graveto que o interessava. Ao se inclinar para buscar qualquer coisa uma gota deslizava de sua fronte que já vinha húmida desde a briga no colégio. O dia era livre, era o que pensava, catava o graveto e mexia no sangue que quase secava no asfalto, tentava ter algum de volta para se olhar, tinha tempo. Ao se levantar passava uma de suas mãos imundas pelo rosto procurando mais algum arranhão ou algo que doesse. Os dedos marcavam a pele, o tingindo de qualquer cor sem cor que não pertencia ao seu conjunto. Se acalmava enquanto isso e como se o mundo tivesse pressa de acabar, carregava de volta a mochila nas costas frágeis. Voltava a caminhar chutando pedras pelo caminho.