14.9.07

manda seu corpo desmembrar...

parece tarde em são paulo.


toca maria rita no som do café, não sei como, eu canto junto - no mesmo tom porque eu sei cantar ainda mais em português... em brasileiro.
parece tarde em são paulo e dói igual como doía lá.
como dói aqui, quando eu pegava um ônibus qualquer na paulista.
como quando eu pegava meu carro e colocava a frente do som e de repente ouvia a voz de alguém que me amava de longe.
deus! parece de tarde, fim de tarde em são paulo.
na rua, os carros, são iguais.
aqui dentro as dúvidas, também.
no gosto na língua tem algo de diferente
e nos olhos algo de igual, a lágrima pesada.
igual em são paulo.
uma ciranda que não para de rodar e eu sei, de algum jeito eu sei bem que não vai parar tão cedo e eu em uma tarde assim, em são paulo - algum dia perdido - pedi pra não me sentir mais assim.
essa paz não tem voz então é medo, eu sei disso desde quando a música tocou pela primeira vez, eu tinha uns catorze anos... ah, eu sei... parece uma tarde dos meus catorze anos em são paulo. parece... o que eu disse? uma tarde cinza, quente, dura, vazia, musical e triste de são paulo. uma tarde quieta cheia de barulho, áspera e sentida que não está em são paulo. que não está e não tem vida, está morta e canta...

"pelo amor de deus, não vê que isso é pecado desprezar quem lhe quer bem? não vê que deus até fica zangando vendo alguém abandonado? pelo amor de deus..."