3.12.05

paralisante-movimento-descortês

paralisante-movimento-descortês

ele entorpece meus dedos. faz minha cabeça ficar leve, meus braços se fundem e viram luz azul, laranja e violeta. meu coração se agita, ondula com o meu corpo trêmulo. meus lábios ficam apáticos, livres e cheios d'água. saliva quente com gosto de sangue que já não está só na minha boca, está escorrendo por onde me revolvo. e volto. abro os olhos e vejo que se passaram horas. cabelos de anjos, cacheados e castanhos. cordas anunciando meu retorno. teclas, batidas, no meu ritmo. olhos, de todas as cores e sabores. vozes que falam só para mim e que se traduzem em milhares, mais precisamente em quarenta mil eus, espalhados pelo chão, pelos bancos, pelos arames e pelo agudo som que acorda toda a minha pele. os poros incorporam, tomam com a sede de homens deserdados, as vidas que se passam por mim e que não são perdidas. são refeitas.



não estou falando de uma droga.
não. não estou descrevendo sintomas de uma viagem astral, de uma vida passada, de uma paranóia alucinante.
estou falando de música. de sons que enchem cada espaço vazio do meu corpo, cada partícula de água espalhada pelo meu ser todo melado com amor.
estou falando do show do pearl jam em são paulo.

e ainda não entendo o que se passou comigo...