8.10.06

não tenho nome pra isso

E se eu perder minha fé?
E se o peito empapuçar, a fala calar e o sol não voltar?
Será que são as perguntas que me rondam, será que eu as rondo?
Sou eu quem se passa por meu inimigo teimoso? Meu padrinho enganador? Meu deus em altar de herege?
Sou eu a praga que me corrói, a lamúria que me constrói e que me faz assim divina e alheia ao que se passa no mundo aqui de dentro?
Sou eu o mesmo eu que implora para que o mundo não falte com a minha natureza.?
Será que é o outro alguém que não descobriu morada em mim?
Minha fé de pobre morreu com meu pai, será que minha fé de mulher ainda existe?
A sexta da quinta que faz de você um par especial, um alguém que eu espero é a mesma verdade absoluta que me pega falhando nos atos em nome de ti?
Deveria me fazer de desentendida?
Entediada?
Aborrecida?
Desvairada?
Entristecida?
Humilhada?
Acariciada?
Enlouquecida!
Serei eu mesma o deus da minha dúvida, a resposta das minhas preces?
Será que o meu sinal vem embrulhado em fita azul?
Ou em fita lilás? VERDE? Pra dar sorte....
Será que santa Ana pede a graça pra que eu me engrace?
Será de mim a fartura de ti? Será de ti a fartura do meu corpo nu?
Deleite dos deuses... será tua a saliva quente da minha boca?
Será sua a minha mão perspicaz e atroz sobre teu peito acanhado... os seios de mulher formada... o ventre de ninfa em chamas... será tudo teu?
Será esse o sinal que você precisa pra entender que eu estou aqui?
O sinal que veio com o aviso pra eu pensar só em ti.
É tanta coisa junta, porque tudo isso?
Porque não dá pra eu perguntar uma questão de cada vez?
Porque eu não dou tempo pra você cair sobre mim e me pedir em casamento amanhã cedinho ao pé da porta da igreja de santo Ivo ao lado da casinha onde eu cresci?