6.9.06

macquarie

silêncio. quando perco o som quero apenas isso, silêncio.
e é a campainha. que alucina a minha contagem regressiva. só quero silêncio.
e é a voz que irrita. que não para de buzinar na minha orelha.
o zunido do aspirador de pó.
o telefone que toca árido em tempo hábil para me alcançar preparando meu leite quente.
é o clique que eu esqueci de dar.
o celular que teima em desligar.
dois mil e uma razões pra eu me desligar desse mundo. silêncio, é tudo o que eu peço.
e a inspiração que vem com o vento frio... e no rabo dele vem mais mil motivos pra largar tudo.
e ela que chega com o papo do relógio...
e é ele que chega com as compras do almoço...
e é a pergunta imbecil, o papo cabeça e aquele idiota que não para de olhar pras minhas tetas (que modéstia a parte estão muito bem, obrigada).
é o grito na rua, as palavras que dão medo.
o som do segundo andar que me arrepia e me irrita, denovo a porcaria da música de elevador.
e tudo o que eu quero é ouvir o cash...
e as mesmas coisas que acontecem que já deram no saco
as mesmas pessoas com os mesmos problemas superficias, e é o som do martelo batendo pesado na minha orelha.
eu quero silêncio.
e é o tumulto no peito, são as mil pragas querendo a minha atenção.
a cor de sol que eu quero ver. o john... o joão, quero silêncio.
e é o doce na geladeira que abre espaço pra minha fome de estar lá longe.
e é a cor da minha boca ao passar na frente do espelho que me enche de esperança pelo o que meu corpo guarda pra dar.
e a porra da campainha volta a me render. e é o silêncio que eu preciso pra entender.
o telefone que me assusta, me pega no pulo e no intervalo do in...tervalo.
é o dia, dia cheio de nada. cheio de vazio por viver.
é o silêncio. ausente no meu tempo. ardendo pra me ter.
e ao me reler, é mais um que chega pra me alugar.
o dia pasta quente e frio e me empurra pra esperança do amanhã tardio.