25.8.09

direto da história, um pouco da história de quem vive

Pois, ela e eu criamos mundos imaginários extraordinários - muito mais enraizados e eternamente cheios de sangue do que o mundo em que atualmente vivemos. Mundos onde personagens não só respiravam como nós mesmas mas aprendiam a arrancar da vida a pouca voz que ainda a restava. Ela e eu gostávamos do Jim Morrison e de Rimbaud. Beijávamos suas bocas num ar quase irrespirável. Aprendíamos a cantar as mesmas músicas apesar de tão diferentes em tudo, éramos duas a procura de algo. O que exatamente? Não sei - ainda. Não sei se ela também não sabe. Nós duas, ela e eu gostávamos de comer cinema como se devora sorvete num dia de verão tremendo enquanto o sol lá fora grita cômico - como se gostasse de derreter sonhos em molduras feitas para os mais diversos gostos, mas todas com a mesma finalidade. Ela e eu não éramos - e não somos - moldes nem criaturas. Criadores nem viúvas. Sei lá como caímos aqui. Filhas de uma teia de sonhos estranhos que não nos pertence. Ela lá, eu aqui. Nós duas buscávamos algo que ainda não conseguimos admitir em voz alta... o nome daquilo, o tão pavoroso nome daquilo que queremos.

E quando conseguirmos gritar aos quatro cantos aquilo, aí sim... o nome e a glória de sermos o que de fato fomos algum dia retornará como chuva que vem pra tapar a boca do sol.

“Eu te disse, nada mais do que um sonho ruim...”

Tudo isso enquanto Jim Morrison canta "this is the end, beautiful friend, the end. It hurts to set you free..."

***


*foto de não sei quem, Livia - minha amiga que viveu os piores anos da MINHA vida ao meu lado, grávida e atuando no filme "The Dress". Ela mora em San Francisco e é linda demais.